No Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio, celebrado nesta terça-feira (16), o Greenpeace Brasil reforçou os alertas sobre os efeitos da indústria da carne e do agronegócio na crise climática. Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, a porta-voz da organização Ana Clis Ferreira afirmou que o setor é responsável pela maior parte das emissões de gases de efeito estufa no país.
“O agronegócio, no Brasil, é o maior responsável pelas emissões dos gases de efeito estufa, que são o dióxido de carbono, conhecido como CO2, o metano e o óxido nitroso”, apontou. Segundo o último relatório do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, 74% das emissões dos gases de efeito estufa do país vêm da agropecuária, 46% relativos ao desmatamento causado pelo setor e 28% à produção.
Ferreira destacou que o impacto vai além do clima, atingindo também a camada de ozônio e agravando problemas sociais e ambientais. “É um enorme impacto ambiental e social também porque produz desmatamento, queimadas e várias ilegalidades no campo. São grandes empresas, como a JBS, que recebem vultuosos empréstimos e investimentos com pouco ou nenhum controle sobre sua expansão no Brasil e no mundo”, diz.
Papel da JBS e grandes empresas
O papel da JBS na destruição climática foi denunciado pelo Greenpeace no dossiê JBS Cozinhando o Planeta, publicado em abril deste ano. Na época, a organização realizou uma manifestação em frente à sede da empresa, em São Paulo, no momento em que ela avançava para abrir capital na Bolsa de Valores de Nova York. “Entendíamos que uma empresa de tal poder destrutivo e que vem descumprindo seus acordos constantemente não poderia entrar num ambiente financeiro mais facilitador de recursos para que essa destruição continuasse acontecendo”, explica.
Apesar da entrada da companhia no mercado internacional, a porta-voz reforça que o Greenpeace continua pressionando por mudanças. “O agronegócio se diz muito independente, muito empreendedor, mas ele vive às custas de dinheiro público. É preciso parar que esses investimentos de dinheiro público e investimentos privados cheguem de forma vultuosa nesse setor e, também, cobrar que ele cumpra as suas metas que precisam ser cumpridas porque é um setor que vai continuar na economia brasileira por um bom tempo”, projeta.
Cobrança de autoridades e petição
Sobre a participação da sociedade civil, Ferreira enfatizou a importância do engajamento. “Hoje existem várias formas da sociedade civil contribuir, cobrando seus governantes para que ajam contra o agrodestruidor, para que estejam ativamente na floresta, a protegendo de incêndios, de desmatamentos. Também temos uma petição, que é uma forma da sociedade participar de uma formação cidadã”, anuncia.
O Greenpeace Brasil está com a campanha Respeitem a Amazônia, que reúne pautas contra o avanço do agronegócio e do garimpo ilegal sobre a floresta. As assinaturas para exigir que lideranças globais olhem para a floresta podem ser feitas no site respeitemamazonia.org.br.
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.