O governo chinês pediu nesta quinta-feira (18) que os Estados Unidos parem os ataques contra países da América Latina. A embaixada da China em Caracas também teve uma reunião com o chanceler venezuelano, Yván Gil, para prestar apoio na ‘defesa da paz no Caribe’.
Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, toda a movimentação de militares estadunidenses no Caribe prova mais uma vez que a “coerção, a intimidação e o hegemonismo são impopulares e cada vez mais ineficazes”. Ele reforçou também a relação positiva entre chineses e latino-americanos.
“A China e a América Latina são bons amigos e parceiros em pé de igualdade, caracterizados pela abertura, inclusão e cooperação mutuamente benéfica. Nossa cooperação responde à vontade do povo e aos interesses comuns de ambas as partes. A América Latina e o Caribe não são o ‘quintal’ de ninguém e têm o direito de escolher seu caminho de desenvolvimento e parceiros de cooperação”, afirmou
Ele também ressaltou que os Estados Unidos precisam parar de interferir em assuntos internos que contribuem para o desenvolvimento dos países do Sul Global.
O chanceler venezuelano, Yván Gil, fez uma publicação nas redes sociais afirmando que o embaixador chinês em Caracas, Lan Hu, prestou apoio e solidariedade aos “esforços da Venezuela” para preservar a paz no Caribe e o compromisso do presidente Nicolás Maduro em fortalecer a unidade regional frente às ameaças externas.
Motivo para invasão
“Basicamente, o que eles querem fazer é plantar drogas em um navio venezuelano. Estão condenando pescadores caribenhos à morte”, afirmou.
Cabello também disse que a operação foi orquestrada pelo traficante Levi Enrique López, que atua com um grupo criminoso na fronteira com a Colômbia. O ministro afirmou que o traficante tem ligação estreita com a DEA. A operação de “falsa bandeira” envolvia quatro pessoas com documento venezuelano para justificar as ameaças contra os venezuelanos.
Ao todo, o governo venezuelano disse ter apreendido 100 sacos de cloridrato de cocaína, um telefone via satélite, dois smartphones, dois transmissores de rádio, um GPS e 2.400 litros de combustível.
As ameaças dos EUA escalaram na última semana, depois que o presidente Donald Trump disse que a operação militar no sul do Caribe destruiu 3 embarcações. A Casa Branca, no entanto, só divulgou vídeos de dois barcos abatidos.
O ministro venezuelano afirmou que o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, é responsável por um conflito interno na Casa Branca para tentar aumentar a popularidade do governo e que há um interesse direto dos EUA no petróleo venezuelano.
“Rubio, vendo que Trump tem toda a opinião pública americana contra ele, decidiu propor o envio de uma frota militar para o Caribe e gerar um ‘casus belli’ para promover uma mudança de governo. Isso mudaria o foco da crise que os EUA vivem. Eles querem impor um governo fantoche na Venezuela para também se apoderar das reservas de petróleo venezuelanas”, afirmou.
No final de semana, o governo da Venezuela denunciou que um barco tripulado por nove pescadores de atum havia sido atacado por fuzileiros navais, a bordo do navio destróier de mísseis da Marinha dos Estados Unidos, o USS “Jason Dunham” (DDG-109).
Segundo o comunicado do governo venezuelano, o ataque ocorreu a 48 milhas náuticas a nordeste da Ilha de La Blanquilla, localizada em águas pertencentes à Zona Econômica Exclusiva (ZEE) da Venezuela.
Sem diálogo?
Maduro disse nos últimos dias que mantinha uma relação com o governo estadunidense por meio do encarregado de assuntos da Venezuela na Embaixada dos EUA na Colômbia, John McNamara e lembrou da boa relação que teve com o enviado especial Richard Grenell. O mandatário, no entanto, afirmou que a relação entre Caracas e Washington estava praticamente “desfeita”.
Grenell respondeu e reforçou a tese do governo venezuelano de que há uma ala republicana que tem um pragmatismo nas relações com a Venezuela. Em discurso na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), que acontece no Paraguai, ele disse defender o diálogo com Maduro ao invés de tentar ameaças militares contra o país caribenho.
“Vocês sempre me ouvirão como alguém que defende o diálogo. Já estive com Nicolás Maduro. Sentei-me em frente a ele. Expressei a posição ‘EUA Primeiro’. Entendo o que ele quer. Acredito que ainda podemos chegar a um acordo. Acredito na diplomacia. Acredito em evitar a guerra”, afirmou.
Ele disse também que há “muitas ferramentas” à disposição da Casa Branca que levam a uma saída pacífica para o conflito entre EUA e Venezuela. De acordo com Grenell, o governo tem “duas vozes”: o Pentágono, que ele disse estar “pronto para a guerra”, e à do Departamento de Estado, que o enviado especial disse defender “manobras governamentais”, como sanções, isolamento ou tarifas.
Apoio russo
A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, se encontrou com o embaixador russo em Caracas, Sergei Melik-Bagdasarov, e disse ter recebido apoio de Moscou diante das ameaças militares dos EUA.
“Reiteramos nossa gratidão pelo apoio incondicional da Rússia à Venezuela diante da crescente ameaça do governo dos EUA. Defendemos a construção de um mundo pacífico onde prevaleça a autodeterminação dos povos”, afirmou Rodriguez nas redes sociais.
No encontro, foi discutido o andamento do Acordo de Parceria e Cooperação Estratégica assinado pelos presidentes Nicolás Maduro e Vladimir Putin em maio.