Com o voto dos Estados Unidos contra um cessar-fogo imediato e permanente na Faixa de Gaza, Israel intensificou os ataques na região e já matou pelo menos 21 pessoas somente nesta sexta-feira (19), de acordo com o jornal Al Jazeera.
Linhas de internet e telefone também foram interrompidas na Cidade de Gaza, enquanto tanques israelenses avançam em direção ao centro urbano, em sinal de que a escalada da ofensiva terrestre é iminente.
A Companhia Palestina de Telecomunicações informou que os serviços foram suspensos “devido à agressão em andamento e ao ataque às principais rotas de rede”. Israel costuma cortar internet e eletricidade antes de grandes operações militares, numa tentativa de expulsar os palestinos do principal centro urbano da Faixa de Gaza.
Moradores da Cidade de Gaza sitiada relatam à Al Jazeera ataques ininterruptos, incluindo ataques de drones e caças e explosões de robôs controlados remotamente, com o exército israelense explodindo bairros inteiros à medida que avança.
O exército israelense afirmou que empregará “força sem precedentes” na Cidade de Gaza ao exigir que os moradores fujam para o sul. “A partir deste momento, a estrada Salah al-Din está fechada ao tráfego na direção sul. As Forças de Defesa de Israel continuarão atuando com uma força sem precedentes contra o Hamas e outras organizações terroristas”, disse o porta-voz do exército Avichay Adraee em seu perfil no X nesta sexta-feira (19).
Veto dos EUA
Os Estados Unidos vetaram o cessar-fogo imediato e permanente na Faixa de Gaza proposto pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), nesta quinta-feira (18). Esta é a sexta vez que os EUA votam contra um cessar-fogo.
O voto foi o único contrário dos 15 votos à resolução que pedia a suspensão de todas as restrições impostas por Israel à entrada de ajuda humanitária em Gaza e a libertação dos reféns israelenses mantidos pelo grupo político-militar Hamas.
A resolução também era considerada um avanço em relação às versões anteriores ao destacar a situação “catastrófica” dos palestinos diante do genocídio provocado por Israel. De acordo com o Ministério da Saúde em Gaza, pelo menos 65 mil pessoas já foram mortas, sendo aproximadamente 18 mil crianças e 12 mil mulheres.
A votação ocorreu dias após uma investigação da ONU concluir que a guerra de Israel na Faixa de Gaza constitui genocídio e responsabilizou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant e o presidente Isaac Herzog pelo massacre dos palestinos.
Ao justificar o voto contrário, a enviada especial dos EUA para o Oriente Médio, Morgan Ortagus, no entanto, classificou a resolução como “inaceitável”. “Já é mais do que hora de o Hamas libertar cada um dos reféns e se render imediatamente. Os Estados Unidos continuarão trabalhando com seus parceiros para pôr fim a este conflito horrível”, disse. “A resolução não reconhece a realidade sobre o terreno, o fato de que houve um aumento significativo do fluxo de ajuda humanitária.”
Ortagus também elogiou a atuação dos centros militarizados da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), que são considerados uma espécie de emboscada para palestinos que buscam ajuda. A organização chegou a ser fechada temporariamente depois que centenas de pessoas morreram durante distribuições de alimentos.
O embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour, chamou a decisão dos EUA de “lamentável” ao impedir que o Conselho “cumpra seu papel diante de atrocidades e proteja civis em face do genocídio”. “Infelizmente, o Conselho permanece em silêncio a um grande custo para sua credibilidade e autoridade. Isso demonstra que, quando se trata de crimes de atrocidade, o uso do veto simplesmente não deve ser permitido”, afirmou.
