No Dia Nacional da Juventude, celebrado nesta segunda-feira (22), a ativista climática Jahzara Oná destacou a importância da participação jovem na defesa do meio ambiente e na pressão por mudanças concretas. “Eu nasci ativista, nasci num território onde sempre fui afetada por uma vulnerabilidade socioambiental, que são as enchentes no Pantanal, na Zona Leste de São Paulo”, relata, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
Segundo ela, essa vivência impulsionou sua trajetória em projetos de educação climática nas escolas da periferia e no apoio a comunidades atingidas por desastres ambientais. “O valor da juventude está justamente nessa capacidade de pressionar por mudanças do agora e não esperar que venham de cima. Também atuando no nosso próprio território”, afirma.
Oná tem acompanhado de perto a mobilização em torno da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), prevista para novembro em Belém (PA). Ela conta que visitou a cidade para mapear iniciativas de jovens do Norte, Nordeste e Rio de Janeiro que atuam em soluções locais. “Pude conhecer um projeto que pauta saneamento básico em uma comunidade ribeirinha com as lideranças; outra que pauta a COP de forma acessível para as baixadas, mostrando o que significa, como funciona; muitos outros projetos muito impactantes da juventude para e com a juventude”, cita.
A ativista ressalta que os jovens não apenas denunciam as desigualdades, mas também constroem alternativas. “A juventude fala do que estamos passando na pontinha da base, no território. Acho isso muito legal, é como a juventude denuncia todas essas questões, pressiona e também propõe alternativas”, observa.
Vozes da periferia
Para Jahzara, a presença da juventude periférica é essencial para que as soluções partam de quem sente os impactos mais diretamente. “Tem uma frase que diz que a solução nasce onde a dor bate primeiro. E se a dor está batendo ali na pontinha onde a crise climática já está impactando as pessoas que estão ali, a solução nasce dali de alguma forma”, reflete.
Ela defende que o financiamento climático chegue às comunidades tradicionais, povos indígenas e periferias, permitindo que sejam protagonistas na implementação das mudanças. “Precisamos ser escutados, ouvidos para mostrar a urgência de atuar nesse exato momento e não adiar esse diálogo”, diz.
Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) presente na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) a partir desta terça (23) e discutindo temas ligados à COP30, Jahzara reforça que o Brasil precisa ir além dos discursos. “Falar sobre implementação é uma coisa, mas colocar isso em prática é completamente outra: significa zerar o desmatamento, garantir recursos para adaptação climática e também colocar a juventude dos povos da floresta como protagonista nesse processo durante a pré-COP, a COP e o pós-COP também”, pontua.