Na madrugada desta terça-feira (23), uma réplica da estátua da liberdade, marca registrada da rede de lojas Havan, em Petrolina, no Sertão pernambucano, pegou fogo. Em nota enviada à imprensa, a empresa afirma que a peça de 35 metros foi “completamente destruída” e que a ação foi criminosa. Imagens de uma câmera de segurança da loja mostram dois indivíduos se afastando do monumento por volta das 2h40. Na sequência, o fogo começa a se alastrar. O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas só a estrutura metálica sobreviveu ao incêndio. Não há feridos. A Polícia Civil também foi acionada.
O proprietário da rede de lojas Havan é o empresário Luciano Hang, aliado de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A participação como cabo eleitoral bolsonarista rendeu a ele a alcunha de “Véio da Havan”. Nas eleições de 2018, Hang foi denunciado e, posteriormente, condenado porque teria coagido funcionários a votarem em Bolsonaro.
Em 2022, Hang foi condenado por ofender a honra do Padre Julio Lancellotti e, por isso, teve que pagar a ele uma indenização de R$ 8 mil. O religioso, conhecido nacionalmente por seu trabalho pastoral junto a pessoas em situação de rua em São Paulo (SP), foi chamado pelo empresário de “defensor de bandido”.
Em nota divulgada em suas redes sociais sobre o incêndio na estátua de uma de suas lojas, Luciano Hang classificou a ação como “inaceitável”. “As pessoas não aceitam o contraditório. Isto é mais um ato de intolerância contra a Havan. Essa situação não vai nos parar”, reclamou o bilionário catarinense, garantindo que vai continuar instalando réplicas da estátua símbolo dos Estados Unidos em frente às lojas Havan de todo o país.
O incêndio ocorreu em meio às chantagens econômicas, tensionamentos políticos e sanções impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, contra brasileiros em suposta resposta à condenação de Bolsonaro. A réplica em Petrolina, onde a loja existe desde 2015, foi a terceira a pegar fogo. Antes, estátuas das lojas de Porto Velho (RO), em 2023, e de São Carlos (SP), em 2020, também foram destruídas. A rede varejista acusa as ações de serem criminosas. Há mais de 70 réplicas pelo país espalhadas pelas quase 100 filiais da empresa catarinense. A estátua foi adotada como símbolo da Havan em 1995, mas não é a única referência à cultura dos EUA. As fachadas das lojas imitam a Casa Branca.