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Criador de cidades-esponja, arquiteto chinês morto em acidente aéreo atribuía suas ideias à origem camponesa

Yu Kongjian foi pioneiro em um urbanismo cada vez mais necessário em tempos de crise climática

24.set.2025 às 14h24
Pequim (China)
Mauro Ramos
Criador de cidades-esponja, arquiteto chinês morto em acidente aéreo atribuía suas ideias à origem camponesa

Yu Kongjian, o arquiteto paisagista chinês - Turenscape

O arquiteto paisagista chinês Yu Kongjian, que desenvolveu o conceito de “cidades-esponja” adotado como política em diversas partes da China, atribuía suas inovações em gerenciamento hídrico urbano às experiências dos primeiros 17 anos de vida na Vila Dongyu, província de Zhejiang. Foi nesse período da infância e adolescência, que ele observou como 200 famílias se organizavam ao redor de um sistema natural de lagos e riachos.

O especialista morreu nesta quarta-feira (24) aos 62 anos em acidente aéreo em Aquidauana (MS), região do Pantanal, utilizou o conhecimento de sua infância e adolescência camponesa como base para seus projetos de infraestrutura urbana para recuperar o meio ambiente e tornar as cidades mais resilientes às mudanças climáticas.

Riacho da sua vila como inspiração

Em entrevista ao periódico chinês O Jornal, em 2023, Yu explicou como suas origens fundamentaram sua visão. “Morei na zona rural de Jinhua até os 17 anos, então minhas experiências rurais deixaram uma marca profunda em mim. Quando via o ambiente urbano deteriorado na China, pensava no belo ambiente da minha infância.”

Yu refletia sobre o riacho Baisha de sua vila natal, onde cerca de 200 famílias o utilizavam como fonte de água, ponto de encontro social e regulador ambiental.

O arquiteto observou as funções do riacho e viu como a paisagem irregular, com suas variações de largura e profundidade, junto à vegetação densa que se estendia até a água, funcionava como um sistema integrado que absorvia, retardava e armazenava a água da chuva de forma natural. Ele percebeu que essa era uma “esponja” viva, que mitigava enchentes e secas sem a necessidade de canais de concreto ou intervenções rígidas. Daí, ele tirou a inspiração para desenvolver o conceito de “cidade-esponja“, transpondo esses princípios da natureza para o planejamento urbano.

Yu propôs substituir a infraestrutura cinza por parques lineares, zonas úmidas e superfícies permeáveis, criando cidades que pudessem “respirar” e se adaptar aos fluxos de água, transformando um problema em recurso.

“Na minha cidade natal, os rios eram originalmente naturais, mais ecológicos, ecologicamente corretos, mais seguros e saudáveis”, disse Yu ao O Papel. “No entanto, os rios atuais foram excessivamente retificados e canalizados, causando danos aos sistemas naturais”.

Mudanças climáticas e o Socialismo na Nova Era

Após deixar a Vila Dongyu aos 17 anos, Yu estudou arquitetura paisagística na Universidade Florestal de Pequim e obteve doutorado em design pela Universidade Harvard.

O conceito de “esponja” começou a se concretizar no ano de 2000, quando Yu e o Turenscape, seu escritório de arquitetura paisagística e planejamento urbano, finalizaram o projeto do Parque de Ciências Biológicas de Zhongguancun. O projeto incluiu um sistema de espaços verdes, chamado “Célula da Vida”, que utiliza pântanos artificiais para coletar água da chuva e purificar água de reuso.

A ideia de cidades-esponja começou a chamar mais atenção após as enchentes em Pequim matarem 79 pessoas em julho de 2012. Em dezembro de 2013, o presidente Xi Jinping, mencionou a ideia durante a Conferência Central de Trabalho de Urbanização. “Ao melhorar os sistemas de drenagem urbana, a prioridade deve ser dada à retenção de águas pluviais limitadas, à utilização de mais forças de drenagem natural e à construção de cidades-esponja, que naturalmente armazenem, infiltrem e purifiquem a água”, declarou.

Era o primeiro ano de governo de Xi Jinping, cinco anos depois, em 2018, o princípio de Civilização Ecológica era inscrito na Constituição da China.

Em 2015, o Ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural lançou um programa piloto nacional de cidades-esponja, incorporando estrutura teórica e experiência prática desenvolvidas por Yu. Até 2016, 30 cidades participavam do programa piloto.

Yu e sua equipe implementaram projetos demonstrativos em Sanya e Haikou, província de Hainan, entre 2015 e 2017, aplicando duas décadas de conhecimento acumulado. Os projetos receberam reconhecimento oficial do Ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural.

O que são as Cidades Esponja

O conceito de cidades esponja fundamenta-se na filosofia de “reter água no local”, conforme explicou Yu durante evento da organização Fórum Fronteiras. “Para manter a água no solo, porque tem a ver com a distribuição dos recursos hídricos, com a captação, seja do telhado ou do seu quintal e a distribuição, e não a canalização da água”, disse o arquiteto, contrastando a abordagem com sistemas convencionais que “concentram água em um sistema de dutos”.

A implementação prática envolve pelo menos três técnicas principais: jardins de chuva, telhados verdes e pavimento permeável. Um estudo realizado em cidades chinesas como Shanghai, Zhousha, Suzhou e Xi’an demonstrou que jardins de chuva reduzem escoamento superficial de águas pluviais entre 25% e 69%, com redução de escoamento máximo em até 71%. Telhados verdes conseguem reduzir taxa de escoamento superficial com atraso máximo de 20 minutos, permitindo absorção gradual pela infraestrutura urbana.

Ciclovia do Rio Meishe de Haikou e Parque Fengxiang, na província de Hainan | Turenscape

Apesar da eficácia comprovada, projetos piloto enfrentam desafios de escala. Wang Jiazhuo, presidente do Instituto Municipal Ecológico da Academia de Planejamento da China, cita o exemplo de Wuhan. A cidade tem mais de 11 milhões de habitantes, sendo que a área construída abrange centenas de quilômetros quadrados, mas projetos piloto ocupam apenas 30 quilômetros quadrados. A expansão da metodologia torna-se urgente considerando que 329 milhões de chineses estão expostos a riscos substanciais de enchentes centenárias, segundo levantamento do Banco Mundial de 2020.

Relevância crescente diante da crise climática

A orientação de Yu e sua equipe se torna cada vez mais necessária diante de uma crise climática que piora ano a ano. Segundo a Organização Meteorológica Mundial, 2024 foi o ano mais quente já registrado.

“Há uma janela de oportunidade que se fecha rapidamente para garantir um futuro habitável e sustentável para todos”, afirmou um relatório de 2023 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU.

Diferentemente de sistemas convencionais de drenagem que canalizam água rapidamente para fora das cidades, o objetivo das cidades-esponja é absorver, armazenar e filtrar precipitações através de áreas úmidas, jardins de chuva e superfícies permeáveis, reduzindo os riscos de inundação ao mesmo tempo que recarregam aquíferos locais.

À medida que projetos foram se desenvolvendo pela China e outras partes do mundo, Yu Kongjian também começou a enfatizar que o caminho não era realizar grandes projetos de infraestrutura com grandes quantidades de financiamento para cidades esponja, mas sim que as tecnologias e o urbanismo se adaptassem a cada contexto.

Yu Kongjian dedicou a vida a repensar as cidades diante do rumo insustentável que tomaram, assim como da crise climática. O arquiteto chinês perde a vida de forma trágica no Pantanal, um dos maiores e mais frágeis sistemas de áreas úmidas do planeta.

Editado por: Maria Teresa Cruz
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