Lideranças políticas e manifestantes se reúnem na noite desta segunda-feira (29), a partir das 19 horas, em assembleia, para discutir os rumos e preparar uma caminhada a favor das 200 famílias da ocupação Gregório Bezerra por Palestina Livre, no Recife, ameaçada de despejo pelo Governo Federal. A mobilização, prevista para terça (30), deve se dirigir para o prédio da Justiça Federal no bairro do Jiquiá, na capital pernambucana, onde está prevista uma audiência judicial a partir das 14h30.
A reintegração de posse foi solicitada pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). O terreno, que segundo os moradores tem cerca de 7.800 metros quadrados, passou cerca de 15 anos abandonado, tornando-se ponto de uso de drogas e de outras atividades que incomodavam a vizinhança. Famílias das redondezas, organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), decidiram ocupar o local para solucionar tanto a questão da segurança, como para lutarem por casa própria.

Liderança do MLB, Matheus Araújo recorda que a ocupação foi celebrada pela comunidade. “Achávamos que seria um movimento mal visto pelos habitacionais ao redor, mas fomos apoiados desde a primeira madrugada. Encontramos um local muito sujo e levamos duas semanas para deixar tudo limpo”, diz Araújo ao Brasil de Fato. “Agora temos uma creche, uma cozinha comunitária funcionando e queremos convencer a juíza de que o despejo violento não é a melhor saída. E que ilegal mesmo é o que o INSS fez deixando o terreno abandonado, sem função social, por tantos anos”, argumenta.
“Queremos demonstrar força para reverter essa decisão”, pontua Araújo.


Na manhã da última quinta-feira (25), um protesto dos ocupantes trancou o cruzamento da avenida Recife com a Tapajós. Em nota pública, o MLB afirma que o terreno “não cumpria função social e em poucas semanas as famílias já mudaram a realidade do local”. “É absurdo que a Justiça tenha aceito o pedido de reintegração e marcado a reunião para preparar a expedição do processo sem ouvir o lado das famílias e nem levar em consideração nossa situação”, diz o comunicado enviado à imprensa.
O Brasil de Fato entrou em contato com o INSS, questionando sobre os anos de abandono do terreno e os planos para o local. Em resposta, a instituição afirmou apenas que “o imóvel é operacional e funciona como depósito de material de logística”.
