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Neste espaço, o jornalista Rogério Viduedo vai discutir o uso da bicicleta sob a perspectiva do trabalhador, da trabalhadora, pois é uma ferramenta de transformação social e de combate tanto das mu...ver mais

Pedalar mais para não morrer cedo

A pessoa que usa bicicleta com frequência deixa de ser sedentária e garante uma longevidade maior

Aos 55 anos de idade eu não posso mais vacilar. Se não pedalar pelo menos três vezes por semana uma média de três a cinco quilômetros, corro o risco de me tornar sedentário e sofrer com dores em articulações e cãibras provocadas pelo uso da bicicleta de forma esporádica, como vinha acontecendo. E na minha atual condição de jornalista em situação de desemprego, sem renda e sem muita perspectiva, ficar cada vez mais em casa sem me exercitar é uma realidade. Como não uso a bicicleta como esporte, ficar sem ter para onde ir é terrível para meu organismo.

Não foi sempre assim. Costumava correr pelo menos duas vezes por semana e isso ajudava a manter o vigor físico. Problemas no joelho reduziram essa atividade, mas sempre tinha alguma matéria para fazer para alguns clientes ou projetos do Jornal Bicicleta que me obrigavam a pedalar para me deslocar. Mas o que era doce acabou e as saídas a trabalho têm sido cada vez mais raras. Mas surgiu uma oportunidade: um problema de saúde familiar me colocou novamente na rua precisando usar a bicicleta, pois o estabelecimento de saúde para onde vou, fica distante da minha residência. Além disso, usar carro é muito custoso e depender de ônibus em São Paulo é desconfortável e demorado.

Assim, tenho feito os trajetos usando a bicicleta e transporte férreo. Pedalo de casa para a estação Villa Lobos da Via Mobilidade, onde deixo a magrela no bicicletário gratuito. De lá pego um trem e dois metrôs. Preferia ir pedalando, mas ainda não me sinto preparado para rodar novamente 30 km por dia e ainda não ter um local seguro para deixar a magrela. Por isso, optei pela intermodalidade e a frequência desses deslocamentos têm me feito muito bem. A constância já tonificou os músculos e os tendões já não reclamam mais. Passaram as dores no pescoço e já não tenho mais o medo de espreguiçar durante a noite e ter crises agudas de cãibras que chegam a ser múltiplas e muito doloridas. 

Nessas idas e vindas, já decidi que assim que acabar esse périplo hospitalar, vou tirar a bicicleta de casa dia sim ou não, com motivo ou sem, simplesmente em busca do bem-estar do meu corpo e da minha mente. Não é fácil, pois existem muitos motivos para não pedalar mais pela minha quebrada no Rio Pequeno. As ciclofaixas são sempre invadidas por motocicletas, as duas ciclovias que conectam meu bairro ao centro expandido ou têm histórico de assaltos a ciclistas no fim da tarde e à noite ou são as mais desconfortáveis para pedalar dentre todas da cidade ou possuem um tráfego de carros e caminhões tão pesado que os níveis de exposição de ciclistas à poluição podem tão danosos quanto ser um tabagista.

Mesmo assim, já decidi que pedalarei ao menos três vezes por semana, no mínimo 2,5 quilômetros de ida e a mesma distância de volta. Será o meu remédio preventivo contra a diabetes, doenças cardíacas e a depressão, pois a pessoa que usa bicicleta com frequência deixa de ser sedentária e garante uma longevidade maior conforme apontam diversos estudos científicos. E eu não quero morrer cedo.  

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