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Pimentel não acena para a esquerda em debate

Chamado de petista por 'tias do zap', candidato elogiou Bolsonaro e se afastou de Lula

Se o campo progressista de Curitiba está no divã em drama  hamletiano de votar nulo ou não no segundo turno, o mesmo sofrimento não foi visto ou ouvido da boca de Eduardo Pimentel. No debate da Band, além de não fazer nenhum aceno para as pautas progressistas, o candidato ainda elogiou seu padrinho político, Ratinho Junior, e disse que em 2022 estava fazendo campanha para Bolsonaro. 

Eduardo Pimentel corre um claro risco eleitoral. Ele precisa dos votos da esquerda para superar Cristina. Mas sabe que não pode pedir abertamente o apoio. Fazendo isso, perde votos próprios para a adversária. A esperança do candidato do PSD é conquistar votos "petistas e progressistas" com base na rejeição.

Mas só isso não é suficiente. O voto anti-Cristina pode perfeitamente ser um voto nulo ou de abstenção. Até porque, do outro lado, as pautas defendidas pelo próprio Pimentel e por seu vice, Paulo Martins, em muitos momentos, sufocam o campo progressista. 

Mesmo assim, Eduardo além de não piscar para esquerda, ainda deu de ombros para ela. Chamado de esquerdista e lembrado que seu partido ocupa três ministérios de Lula, sacou do bolso a carta de que o PSD do Paraná é independente. Dobrou a aposta dizendo que o PMB, partido de Cristina, apoia Boulos em São Paulo.

E daí por diante falou em família, propriedade, atacou Gustavo Fruet e sua gestão petista e por aí a fora. Falou em comprar vagas em creches e na saúde para reduzir a fila no atendimento. Disse também que não construiu mais casas por falta de repasses do Governo Federal, esquecendo de citar que era na gestão do aliado Bolsonaro.

Talvez Eduardo mude de ideia até os próximos dois debates ou até a próxima pesquisa que ele não consiga impedir a divulgação. Ou não. Eduardo ainda pode apostar em  uma Síndrome de Estocolmo progressista que lhe dê votos sem nenhuma contrapartida. Conta apenas com o receio que a esquerda tenha de ser governada pela "Dama de Ferro do Batel, como alcunharam Cristina Gargamel.


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*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

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