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Deputado estadual constituinte do Rio Grande do Sul (1987-1990); Participante da Ciranda pelo CEAAL Brasil, CAMP e Articula PNEPS-SUS.

Um retrato do Brasil em 2025: ricos e super-ricos não pagam imposto ou pagam quase nada sobre suas fortunas

Os ricos e super-ricos não pagam imposto ou pagam quase nada sobre suas fortunas

“O que caracteriza uma residência de luxo?” É a pergunta de capa do Caderno EU& do jornal Valor Econômico, edição de 18.07.25.

Qual a resposta, ou as respostas? “Se há algo que não falta nos novos projetos de casas e apartamentos de luxo – ou que se vê na maioria deles – é a adega walk-in. Ela compete hoje, entre a clientela de alta renda, com a piscina de borda infinita e cozinha gourmet, que geralmente é voltada para a área externa. O cômodo, em que é possível circular por dentro, de preferência sem o risco de esbarrar em alguma garrafa, e não as adegas refrigeradas que lembram geladeiras, virou um símbolo de status. Daí vem a alta quantidade de pedidos que arquitetos têm recebido para projetar espaços do tipo.”

Quanto custa o luxo? “No mundo da moda – em relação à estética pelo menos – o conceito se traduz em peças básicas. Um dos maiores símbolos do quiet-luxury, não por acaso, é o boné monocromático da grife italiana Loro Pina. O mais caro custa 1.800 euros (cerca de R$ 11.700). Quem desconhece o valor do acessório provavelmente não dá nada por ele.”

Mais. “Um dos principais atributos de uma residência de luxo hoje em dia é a boa localização – os bairros mais incensados das grandes capitais. “Não é à toa que o mercado imobiliário tem lançado, cada vez mais, apartamentos com mais de 200 metros quadrados nessas regiões”, diz a arquiteta Marques.

Um exemplo concreto do luxo. “Para tirar do papel o Damata, que está sendo erguido no Itaim Bibi, a Idea!Zarvos demoliu dois edifícios comerciais. O futuro prédio terá duas torres, uma delas com 35 andares e a outra com 16. O empreendimento ganhou fama pelo preço dos apartamentos, que terão 250 metros quadrados ou o dobro disso – as unidades mais caras saíram por cerca de R$ 29 milhões.” Sim, isso mesmo, R$ 29 milhões!

Na mesma edição do Valor Econômico, em ‘Imóveis de Valor’, há mais informações e números. “Pesquisas de mercado apontam que a valorização do metro quadrado na Zona Sul de São Paulo varia de 30% a 80% por cento desde o anúncio do lançamento dos projetos, em 2022. O preço do metro quadrado nos prédios que estão logo atrás do clube Beyond The Club e São Paulo Surf Club saltou de R$ 9 mil para R$ 16 mil.”

Mas não é só na capital São Paulo. Manchete do ‘Imóveis de Valor’, edição de 27 de junho, diz: “Gramado e Canela superam desafios e voltam a crescer”. Com lançamentos, aumento do VGV e valorização do metro quadrado, mercado imobiliário das duas cidades gaúchas mostra resiliência e vive ano de retomada.” Diz a matéria: “Doze meses depois, o cenário é outro. Em reconstrução econômica e com expectativa positiva pela volta dos turistas na temporada de inverno, as vendas de imóveis estão aquecidas e há safra de novos produtos.”   

Mais sobre Gramado e Canela, em 2025: “Com aposta no alto luxo, o Kempinski Laje de Pedra Hotel & Residences, em Canela lançou recentemente a segunda fase do ambicioso retrofit do histórico hotel da cidade. O projeto foi apresentado em 2022 com 128 apartamentos (quase todos vendidos) e VGV R$ 600 milhões. Agora, serão 67 unidades de 53 a 144 metros quadrados, 35 delas voltadas para o Vale do Quilombo, com valores de R$ 4 milhões a R$ 14 milhões. As cotas de 12 semanas saem em torno de R$ 1 milhão, e o cliente pode trocar tempo por mais espaço.”

Sim, isso mesmo, voltadas para o Vale do Quilombo!!! E no valor entre R$ 4 e R$ 14 milhões. E tem quem compre, com mercado em crescimento. 

Este é um retrato do Brasil de 2025. Os ricos e super-ricos não pagam imposto ou pagam quase nada sobre suas fortunas. Ao contrário de quem ganha pouco. Não por outro motivo está em andamento um Plebiscito Popular, onde uma das questões é perguntar se  brasileiras e brasileiros são a favor ou contra que quem ganha mais de R$ 50 mil pague mais imposto, para que quem recebe até R$ 5 mil não pague imposto de renda. E assim aconteça uma reforma tributária justa e a possibilidade de construir um Brasil com mais igualdade econômica e social, soberania e democracia.

Há, pois, muito por fazer, com luta e mobilização popular, para ter e haver mais igualdade social e econômica no Brasil, sempre com democracia e paz.

*Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

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