Mais do que comemorar a colocação de tornozeleira eletrônica em Jair Bolsonaro, é hora de refletir sobre as razões ou condições que levaram 55 milhões de brasileiros a elegê-lo Presidente da República em 2018. É fundamental analisar, sobretudo, como conscientizar a população sobre os riscos da extrema direita, evitando que esse cenário se repita.
A decisão do Judiciário é assertiva e as medidas preventivas são justas e necessárias para impedir uma eventual fuga de Bolsonaro, como ocorreu com seu filho, Eduardo Bolsonaro.
No entanto, é essencial que o processo legal siga o rito natural, garantindo o direito à ampla defesa e ao contraditório, conforme previsto no Estado Democrático de Direito. A justiça não deve apenas ser feita, mas deve também ser reconhecida como justa, de modo a evitar qualquer aparência de perseguição política que possa ser instrumentalizada por grupos extremistas.
Nesse contexto, os militantes de esquerda têm um papel crucial: conscientizar sem inflamar.
É preciso trabalhar na base, esclarecendo os perigos do autoritarismo e do fascismo — que, historicamente, se alimentam da polarização, da desinformação e do medo —, e, ao mesmo tempo, gerar uma consciência de classe por meio da própria valorização da organização dos trabalhadores, seja por meio dos sindicatos, dos movimentos populares e sociais.
Em vez de cair em conflitos verbais ou físicos, é mais eficaz denunciar com fatos, expor as contradições do bolsonarismo e, acima de tudo, defender a humanidade até mesmo daqueles que a negam.
O fascismo não se combate com ódio, mas com organização, educação e resistência democrática.
*Oton Pereira Neves é servidor do Ministério da Saúde, sindicalista e militante do Partido dos Trabalhadores (PT) e atual secretário-geral do Sindsep-DF.
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato – DF.