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Conversa Bem Viver

Brasil está melhor preparado para fogo, mas persistência do desmatamento preocupa, diz pesquisadora

Para Ane Alencar, Diretora de Ciência do Ipam, governo está melhor articulado com estados e municípios

O último dado antes do início da temporada de seca ligou o sinal de alerta. O monitoramento do próprio governo federal mostrou aumento de 55% no desmatamento na Amazônia em abril, se comparado com o mesmo mês no ano passado.

O mais recente relatório do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) revela crescimento na derrubada de árvores, principalmente, nos estados do Amazonas, Mato Grosso e Pará.

O alerta em relação ao mês de abril vem apesar de uma redução geral nos índices de desmatamento no último ano. O MapBiomas constatou uma queda de 32,4% na derrubada de vegetação nativa em todos os biomas, em comparação com 2023.

Mas, apesar da desaceleração, os números seguem assustadores: no ano passado, 1.035 hectares foram desmatados por dia na Amazônia, cerca de sete árvores por segundo.

“Precisamos olhar para isso, porque a temporada de seca está chegando e com ela vem o fogo”, comenta a pesquisadora Ane Alencar, Diretora de Ciência do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Ipam), em entrevista ao Conversa Bem Viver desta quarta-feira (14).

Apesar da preocupação recente, para a especialista o Brasil evoluiu do ano passado para cá no que diz respeito à articulação para combate a incêndios.

“Eu acredito que nós chegamos em 2025 com uma estrutura organizacional, institucional melhor do que nós tínhamos antes para o combate aos incêndios.”

Na entrevista a pesquisadora explica os desafios que ainda existem e como funciona a propagação do fogo, jogando luz ao que aconteceu ano passado quando boa parte do país foi encoberto por fumaça oriunda de incêndio Brasil à fora.

Confira a entrevista na íntegra

Como a senhora viu esse aumento de 55% no desmatamento na Amazônia em abril?

O Deter é um termômetro importante para a gente saber como estão as coisas. Abril não é mês onde, em termos absolutos, temos um aumento, uma área desmatada muito grande. Mas o apontando é um aumento importante, 55 % na área desmatada.

Isso acende realmente uma luzinha, que precisamos olhar para isso, porque a temporada de seca está chegando e com ela vem o fogo.

O processo de desmatamento acaba terminando com uma queimada, que é um dos principais fontes de ignição do fogo na Amazônia e dos incêndios, quando escapa esse fogo da área que foi recentemente desmatada.

Ano passado a gente teve um período seco extremamente severo, e se a gente tivesse tido um desmatamento muito alto, provavelmente o que já foi catastrófico teria sido bem mais.

Ano passado vimos uma redução no desmatamento, mas aumento do fogo. Como isso é possível?

Olha, eu gosto de falar sempre da questão do fogo como uma equação com três grandes elementos.

Um dos elementos são as condições de clima e de tempo, outro elemento são as condições do material combustível, ou seja, a quantidade e qualidade daquilo que vai queimar e um terceiro elemento são as fontes de ignição.

Se você não tem algum desses, você não vai ter, por exemplo, incêndios muito alarmantes. No caso do ano passado, nós tínhamos uma condição de tempo e de clima muito favorável a incêndios.

Também, por conta disso, a gente tinha mais material combustível. Como a seca foi muito severa, já vinha desde 2023, as árvores perderam mais folhas e isso aumentou a serrapilheira, que é essa cama de folhas no chão da floresta e isso era um material combustível perfeito para o fogo se propagar.

E o terceiro elemento que poderia ter evitado toda a catástrofe é a questão da ignição. Como na Amazônia o fogo não começa de forma natural, é muito raro isso acontecer, sabemos que tem ação humana.

E as fontes de ignição foram muitas, inclusive criminosas. Teve o uso do fogo no processo de desmatamento, para queima e manejo de pastagem, que representa o principal uso da terra da Amazônia.

Tem pessoas queimando lixo nas cidades pequenas e médias ali da região, tem pessoas queimando na beira de estrada, então tudo isso, em um clima favorável, com muito material combustível, vira uma fonte de ignição potencial para grandes incêndios.

No ano passado a gente teve esses três elementos muito fortes.

Frente a tudo que você está observando, estamos mais preparados para o combate ao fogo este ano?

O que aconteceu ano passado, de fato, forçou o governo a desenvolver uma capacidade, que é algo bem difícil, de articulação entre as diversas agências que atuam para combater o fogo.

No ano passado, pouca coisa foi feita no que diz respeito à prevenção, antes de passar o período seco. E aí, quando o período seco chegou, já chegou chegando, com muitos incêndios no Pantanal, ainda em maio, junho.

E, de repente, isso se espalhou pelo país como um todo, o que foi muito difícil para o combate pelo governo federal. O combate deve ser uma coisa pontual, teoricamente.

A gente tem que trabalhar numa perspectiva de controle do fogo, numa perspectiva preventiva mesmo. E ano passado isso não aconteceu.

A gente tem competências muito diferentes no combate ao fogo e na prevenção. Por exemplo, nas áreas privadas a competência está ligada aos governos estaduais, enquanto que em comunidade de conservação, territórios indígenas, alguns assentamentos, algumas áreas públicas essa prerrogativa está destinada às instituições do governo federal, como, por exemplo, Ibama e em alguns casos do ICMBio.

Eu acredito que nós chegamos em 2025 com uma estrutura organizacional, institucional melhor do que nós tínhamos antes para o combate aos incêndios.

E agora, claro que muita coisa ainda precisa ser feita, porque realmente tem que ter o engajamento dos estados nesse processo é fundamental.

Em diferentes horários, de segunda a sexta-feira, o programa é transmitido na Rádio Super de Sorocaba (SP); Rádio Palermo (SP); Rádio Cantareira (SP); Rádio Interativa, de Senador Alexandre Costa (MA); Rádio Comunitária Malhada do Jatobá, de São João do Piauí (PI); Rádio Terra Livre (MST), de Abelardo Luz (SC); Rádio Timbira, de São Luís (MA); Rádio Terra Livre de Hulha Negra (RN), Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), Rádio Onda FM, de Novo Cruzeiro (MG), Rádio Pife, de Brasília (DF), Rádio Cidade, de João Pessoa (PB), Rádio Palermo (SP), Rádio Torres Cidade (RS); Rádio Cantareira (SP); Rádio Keraz; Web Rádio Studio F; Rádio Seguros MA; Rádio Iguaçu FM; Rádio Unidade Digital ; Rádio Cidade Classic HIts; Playlisten; Rádio Cidade; Web Rádio Apocalipse; Rádio; Alternativa Sul FM; Alberto dos Anjos; Rádio Voz da Cidade; Rádio Nativa FM; Rádio News 77; Web Rádio Líder Baixio; Rádio Super Nova; Rádio Ribeirinha Libertadora; Uruguaiana FM; Serra Azul FM; Folha 390; Rádio Chapada FM; Rbn; Web Rádio Mombassom; Fogão 24 Horas; Web Rádio Brisa; Rádio Palermo; Rádio Web Estação Mirim; Rádio Líder; Nova Geração; Ana Terra FM; Rádio Metropolitana de Piracicaba; Rádio Alternativa FM; Rádio Web Torres Cidade; Objetiva Cast; DMnews Web Rádio; Criativa Web Rádio; Rádio Notícias; Topmix Digital MS; Rádio Oriental Sul; Mogiana Web; Rádio Atalaia FM Rio; Rádio Vila Mix; Web Rádio Palmeira; Web Rádio Travessia; Rádio Millennium; Rádio EsportesNet; Rádio Altura FM; Web Rádio Cidade; Rádio Viva a Vida; Rádio Regional Vale FM; Rádio Gerasom; Coruja Web; Vale do Tempo; Servo do Rei; Rádio Best Sound; Rádio Lagoa Azul; Rádio Show Livre; Web Rádio Sintonizando os Corações; Rádio Campos Belos; Rádio Mundial; Clic Rádio Porto Alegre; Web Rádio Rosana; Rádio Cidade Light; União FM; Rádio Araras FM; Rádios Educadora e Transamérica; Rádio Jerônimo; Web Rádio Imaculado Coração; Rede Líder Web; Rádio Club; Rede dos Trabalhadores; Angelu’Song; Web Rádio Nacional; Rádio SINTSEPANSA; Luz News; Montanha Rádio; Rede Vida Brasil; Rádio Broto FM; Rádio Campestre; Rádio Profética Gospel; Chip i7 FM; Rádio Breganejo; Rádio Web Live; Ldnews; Rádio Clube Campos Novos; Rádio Terra Viva; Rádio interativa; Cristofm.net; Rádio Master Net; Rádio Barreto Web; Radio RockChat; Rádio Happiness; Mex FM; Voadeira Rádio Web; Lully FM; Web Rádionin; Rádio Interação; Web Rádio Engeforest; Web Rádio Pentecoste; Web Rádio Liverock; Web Rádio Fatos; Rádio Augusto Barbosa Online; Super FM; Rádio Interação Arcoverde; Rádio; Independência Recife; Rádio Cidadania FM; Web Rádio 102; Web Rádio Fonte da Vida; Rádio Web Studio P; São José Web Rádio – Prados (MG); Webrádio Cultura de Santa Maria; Web Rádio Universo Livre; Rádio Villa; Rádio Farol FM; Viva FM; Rádio Interativa de Jequitinhonha; Estilo – WebRádio; Rede Nova Sat FM; Rádio Comunitária Impacto 87,9FM; Web Rádio DNA Brasil; Nova onda FM; Cabn; Leal FM; Rádio Itapetininga; Rádio Vidas; Primeflashits; Rádio Deus Vivo; Rádio Cuieiras FM; Rádio Comunitária Tupancy; Sete News; Moreno Rádio Web; Rádio Web Esperança; Vila Boa FM; Novataweb; Rural FM Web; Bela Vista Web; Rádio Senzala; Rádio Pagu; Rádio Santidade; M’ysa; Criativa FM de Capitólio; Rádio Nordeste da Bahia; Rádio Central; Rádio VHV; Cultura1 Web Rádio; Rádio da Rua; Web Music; Piedade FM; Rádio 94 FM Itararé; Rádio Luna Rio; Mar Azul FM; Rádio Web Piauí; Savic; Web Rádio Link; EG Link; Web Rádio Brasil Sertaneja; Web Rádio Sindviarios/CUT.

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