Dois anos e meio após o início da intervenção federal na Terra Indígena Yanomami, o balanço é de que metade dos garimpeiros foram, de fato, expulsos. Quem afirma é Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami e filho da liderança Davi Kopenawa, autor do livro A Queda do Céu.
“Quando a sua casa está destruída, totalmente destruída, não são dois dias, um mês para resolver isso. A situação de crise humanitária não acabou ainda”, afirma Dário Kopenawa em entrevista ao Conversa Bem Viver desta terça-feira (20).
Ele enaltece o trabalho da terceira gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas lembra que há muito a ser feito.
Kopenawa diz que o garimpo segue criando estratégias para seguir atuando, como trabalho noturno, uso de fronteiras para se esconder das autoridades e do crime organizado, que chegou à região.
“Isso para nós é novidade. A gente não conhece detalhes do crime organizado, como ele está presente no Brasil, nem de qual região ele partiu para chegar aqui. Se de São Paulo, do Rio de Janeiro”
Questionada, a Polícia Federal “não confirma” a denúncia feita por Kopenawa sobre a presença do crime organizado. A entidade também explica que não “se manifesta sobre eventuais investigações em andamento”.
Confira entrevista na íntegra
Qual é a atuação situação atual da TI Yanomami?
Não é fácil se recuperar da exploração do garimpo ilegal de imediato, já estamos com quase 20 anos dessa degradação do meio ambiente na Terra Yanomami. É muito complexo.
Há aproximadamente sete anos, mais de 20 mil garimpeiros invadiram a nossa terra, a gente sofreu bastante durante esses sete anos de rotatividade e espalhamento do garimpo.
Quando a sua casa está destruída, totalmente destruída, não são dois dias, um mês, para resolver isso. A crise humanitária não acabou ainda.
O governo Lula articulou várias instituições, como o Ibama, a Polícia Federal, o Exército e o Ministério Público para proteger as populações indígenas.
E ele fez, sim, com uma equipe forte. Fizeram operações pesadas e diminuiu bastante. Nós pedimos a Casa do Governo, por exemplo, e o presidente Lula instalou.
Então isso resolveu metade, não resolveu tudo e, hoje, na Terra Yanomami a atividade de grimpo ilegal continua.
O garimpo criou novas estratégias, mudaram a metodologia. Estão trabalhando à noite, de dia eles não trabalham. Por causa de operações da Casa do Governo e outras instituições.
Outro ponto de preocupação são as fronteiras com Guiana, Venezuela e Colômbia. Elas estão no limite da nossa soberania nacional, da TI Yanomami. É normal os garimpeiros fugirem para os outros países.
Podemos dizer, então, que metade dos garimpeiros já foram expulsos, mas há ainda muito trabalho pela frente para recuperar o território destruído?
É exatamente isso. E tem outro fator importante: o garimpo está com apoio do crime organizado, no caso, do Comando Vermelho.
Não posso dizer mais do que isso, a tarefa de investigar é do governo federal, ele que tem que fazer isso.
O governo federal sabe, já comunicamos tudo que sabíamos, esse grupo de garimpeiros ilegais está resistindo e eles têm apoio do crime organizado.
A gente não sabe mais, quem vai explicar bem isso é Polícia Federal, Exército, Ministério Público, eles vão explicar isso.
É novidade essa presença do crime organizado?
Bom, isso para nós é novidade. A gente não conhece detalhes do crime organizado, como ele está presente no Brasil, nem de qual região ele partiu para chegar aqui, de São Paulo, do Rio de Janeiro.
Eu não sei esse caminho, qual é o fluxo com o garimpo. A gente tem que procurar qual o caminho que usaram para sair e entrar no Terra Yanomami.
Eu particularmente não vou dizer mais, porque eu não sou investigador, mas eu tô falando o que a gente descobriu, o que a gente viu, o que eu vou dizer é isso: existe um grupo de garimpo mais perigoso na Terra Yanomami e o governo precisa de outra estratégia para retirar ele.
E qual a situação da fome na a TI?
Há quase sete anos eu tento explicar para a sociedade brasileira sobre desnutrição e fome na terra Yanomami.
Na verdade, o garimpo presente nas comunidades trouxe doenças, como gripe, covid, malária, além de contaminação por mercúrio.
Sem contar as crianças ameaçadas por estupros e também a chegada da cachaça.
Fora o intenso barulho de aviões e máquinas do garimpo que impediam a gente de ficar em paz e poder manter nossos hábitos. Nós ficávamos realmente confusos.
Com tudo isso ficou impossível cuidar das famílias, das crianças. E isso repercutiu muito como se fosse fome.
O Yanomami e o povos indígenas em geral não morrem de fome, somos sobrevivência, a gente sabe sobreviver, a gente conhece o sistema da floresta, a gente conhece as comidas da floresta.
E agora, que metade do garimpo foi expulso, já estamos recuperando nossas roças, por exemplo. A malária também já está mais controlada.
Quando a gente tá doente, a gente não consegue cuidar dos nossos filhos. Você não vai cuidar de seus filhos quando você pega dengue, por exemplo. Quem vai alimentar seu filho quando você estiver doente?

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