O ator e diretor Caio Blat vem se notabilizando como um dos principais articuladores do mercado audiovisual a exigir leis que regulamentem as plataformas de streaming no Brasil. Segundo o artista, o país está “atrasadíssimo” ao não ter legislações que garantam maior retorno para o setor em território nacional.
Em entrevista ao Conversa Bem Viver desta quinta-feira (17), ele cita dois pontos que considera fundamental. O primeiro é uma lei que exija que as grandes empresas que atuam no streaming no Brasil, incluindo Netflix, Paramount, Disney e HBO, reinvistam “o lucro bilionário que elas têm aqui, produzindo conteúdo nacional original”
“São empresas gringas que estão explorando o mercado brasileiro, que é o segundo maior do mundo de assinaturas de streaming e que não têm nenhum compromisso com a nossa cultura.”
Blat também exige os chamados direitos conexos, ou seja, garantir que um filme que foi feito há 20 anos, por exemplo, e que está disponível nas plataformas de streaming, siga pagando o uso de imagem e voz à equipe envolvida.
Gramado
Caio Blat comentou ainda o anúncio dos filmes selecionados para o Festival de Cinema de Gramado, que acontece a partir de 13 de agosto.
Para a competição desta 53ª edição, foram escolhidos seis longas de ficção inéditos no Brasil (alguns já selecionados para festivais internacionais importantes), que serão exibidos nas sessões noturnas no Palácio dos Festivais: A Natureza das Coisas Invisíveis (DF), Papagaios (RJ), Cinco Tipos de Medo (MS), Nó (PR), Sonhar com Leões (SP) e Querido Mundo (RJ).
“Nós recebemos uma quantidade incrível de filmes de todos os cantos do Brasil, graças a Lei Aldir Blanc e a Lei Paulo Gustavo. Então, eu acho que esse é um ano de celebração de resultados em poucos anos”, afirma Blat, que divide a curadoria com Camila Morgado e Marcos Santuário.
Confira a entrevista na íntegra
Como funciona a seleção da curadoria? Tem alguma liderança entre vocês três?
Quem comanda a trinca é o Marcos Santuário, que é professor. Ele é curador há décadas de Gramado, esteve lá em várias fases do festival. Ele é um especialista, ele é crítico.
Eu e a Camila Morgado entramos com o nosso olhar artístico, com o nosso olhar de realizadores, de produtores, com o pontos de vista de atores.
E às vezes dá briga ou discussão na hora de fechar a lista?
Embora nós tenhamos um diálogo maravilhoso, somos muito amigos, na hora de bater o martelo é dificílimo, porque tem preferências pessoais, tem questões temáticas de filmes que cada um acha que é muito importante.
É uma democracia, então a gente vai votando e vai escolhendo juntos, e vai eliminando, e vai ponderando, e vai considerando. Então, é um trabalho prazeroso, mas é sofrido também,
É muita coisa para a gente escolher. São seis filmes de ficção esse ano na competição, mais quatro documentários, mais o filme de abertura, mais uma sessão que a gente dedica, já tem alguns anos, ao streaming.
É uma coisa que o Festival de Gramado atualizou, modernizou de uns anos para cá. A gente já exibiu Cangaço Novo, a gente já exibiu Cidade de Deus e esse ano vamos exibir Máscaras de Oxigênio (Não) Cairão Automaticamente, da Max.
E você como curador pode apontar qual é o seu favorito?
O curador tem que criar um problema pro júri. Esse é o nosso trabalho. Criar um problema pro júri. Eu acho que o júri tá aí com um problemaço. São atuações inacreditáveis.
A Malu Galli no Querido Mundo é uma atuação inacreditável. As crianças do A Natureza das Coisas Invisíveis, são inacreditáveis, maravilhosas.
Eu acho que cada filme traz uma série de qualidades. A atuação da Denise Fraga é arrebatadora. Esse filme, Cinco Formas de Medo, que vem do Mato Grosso, foi uma grande surpresa, filme extremamente bem realizado, um roteiro de arrepiar, me deixou bastante surpreso.
Nós recebemos uma quantidade incrível de filmes de todos os cantos do Brasil, graças a Lei Aldir Blanc e a Lei Paulo Gustavo. Então, eu acho que esse é um ano de celebração de resultados em poucos anos.
Veja você: a gente veio de um governo que tinha fechado o Ministério da Cultura, que tinha paralisado a Ancine [Agência Nacional do Cinema]. Em coisa de dois ou três anos, a gente consegue resgatar o nosso audiovisual, conquistar prêmios no mundo inteiro e já trazer uma safra de filmes com uma diversidade enorme.
Então eu acho que a gente tem muito a comemorar e o Gramado vai ser uma festa sobre isso.
O que essa fase de sucesso internacional do cinema brasileiro revela?
Eu acho que o brasileiro adora o conteúdo brasileiro, por isso que a gente está lutando tanto para esclarecer a necessidade até de regulamentar o streaming, de valorizar o conteúdo nacional, de obrigar as big techs, as plataformas, a investirem em conteúdo brasileiro, porque o brasileiro adora se identificar, se reconhecer na tela, ver as suas histórias contadas, ver o seu sotaque na tela.
Eu fiz, por exemplo, uma série para Max, que foi um sucesso arrebatador, que foi a primeira novela em formato de streaming e foi uma febre nacional.
E uma outra coisa que é muito importante dizer, é o investimento em audiovisual brasileiro, ele tem retorno imediato. Isso já foi comprovado pela Fundação Getúlio Vargas. Você investe em cinema, o filme entre cartaz, ele movimenta a economia, ele movimenta a região, ele movimenta os transportes, ele movimenta a hotelaria, ele movimenta os restaurantes, ele movimenta os estacionamentos, ele movimenta…
Tanta gente bate continência aí para a cultura americana. A cultura americana é um exemplo de como o cinema é uma forma de você internacionalizar a sua cultura, internacionalizar o seu mercado, internalizar os seus produtos, né?
Quantos países do mundo se acostumaram com o modo de vida americana, com as comidas americanas, com os atores americanos por causa do cinema. O cinema é uma forma de propaganda da nossa cultura internacional e os americanos sabem disso muito bem. Há décadas, né?
Que mudanças precisam ser feitas para regulamentar o streaming no Brasil?
A forma de distribuir séries e filmes mudou completamente. Agora são plataformas que você pode assistir onde você quiser, a hora que você quiser, você pode assistir no celular, você pode assistir de madrugada.
Então a forma de se consumir, de se produzir, de se distribuir o audiovisual mudou completamente, mas a legislação, não.
Existe um vácuo de regulamentação para esse tipo de serviço, que é o serviço por assinatura, e são empresas internacionais.
Já que tem tanta gente que fala que é patriota… Então essas empresas são todas gringas, é a Disney, é a HBO, é a Paramount, é a Netflix, são empresas gringas que estão explorando o mercado brasileiro, que é o segundo maior do mundo de assinaturas de streaming e que não tem nenhum compromisso com a nossa cultura.
Eles levam os lucros todos pro exterior e eles não têm uma obrigação, um compromisso de investir aqui.
O que a gente quer é que uma parte do lucro bilionário dessas empresas gringas seja investido no Brasil, que tenha um mínimo de conteúdo brasileiro em destaque no menu dessas plataformas. Isso é feito em todos os países, isso já é regulamentado em todos os países da Europa, é regulamentado em países da América Latina, o Brasil tá atrasadíssimo nessa questão e é uma questão patriótica também.
A gente tem que obrigar essas empresas gringas a reinvestir o lucro bilionário que elas têm aqui, produzindo conteúdo nacional original
Outro aspecto, uma outra lei que a gente está batalhando aí, no caso dos atores, é o nosso direito, a nossa imagem, que nós não temos. Outro atraso inacreditável da lei brasileira.
Nós não temos uma lei dos direitos que são chamados direitos conexos. Existem os direitos autorais, que são os direitos do autor e do diretor, mas os atores não têm direitos sobre a sua imagem, que são os direitos conexos.
A gente sempre trabalhou no mercado em que a novela, o filme era exibido e depois acabava, saía de cartaz, então a gente recebia apenas quando a gente trabalhava, só que, hoje, os nossos filmes ficam disponíveis para sempre, tem filmes disponíveis na plataforma que eu fiz há 20, 30 anos atrás e que eles estão disponíveis.
Então, é uma coisa muito fácil de se entender, muito razoável, toda vez que uma pessoa paga uma assinatura para assistir um filme brasileiro, essa empresa teve um lucro e ela tem que passar uma parte dos direitos para os atores cuja imagem, voz, interpretação está sendo explorado ali.

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