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Filho de Celso Amorim, cineasta João Amorim lança filme infantil sobre biomas do Brasil: ‘Criança só protege o que gosta e conhece’

Com humor, o longa nacional introduz o público infanto-juvenil ao tema da preservação ambiental

Está em cartaz nos cinemas o filme infantil Thiago & Ísis e os Biomas do Brasil, uma produção brasileira dirigida por João Amorim, que narra com humor e leveza as aventuras dos irmãos Thiago e Ísis pelos biomas do Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica. A jornada é acompanhada pelo pai, João, e em cada cenário eles ajudam animais em perigo, descobrem a importância deles para o ecossistema e desvendam mistérios da fauna brasileira.

O longa traz traços autobiográficos e uma fusão de elementos audiovisuais como animação, live action e fantoches para falar da proteção e preservação da biodiversidade brasileira. 

No Conversa Bem Viver desta quarta-feira (6), João Amorim fala sobre a mensagem que o filme traz não só para as crianças, mas para a família toda, a sua paixão pela produção de conteúdos infantis e ambientais e como essa mistura de temas é uma forma de apresentar ao público infanto-juvenil a diversidade da fauna e da flora brasileiras. 

“Eu acho que uma criança só vai se motivar a proteger algo que ela gosta. A gente não cuida das coisas que a gente não liga. Então o filme serve um pouco esse papel, de introduzir os animais desses diferentes biomas para gerar uma afetividade entre as crianças e o mundo natural”, explica o cineasta.  

João Amorim é diretor de cinema e atua na área de animação e criação de conteúdos infantis com temáticas socioambientais. Entre seus trabalhos, destaca-se a direção de animação do longa Chicago 10, filme que abriu o Festival de Cinema de Sundance em 2007 e foi indicado ao Emmy. Para além das produções infantis, também dirigiu o documentário 2012: Tempo de Mudança e o recente Utopia Tropical, com o diplomata brasileiro Celso Amorim e o linguista e filósofo estadunidense Noam Chomsky.

João é filho de Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República e ex-ministro de Relações Exteriores no governo do presidente Itamar Franco (1993-1994) e do presidente Lula (2003-2010).  

Confira a entrevista na íntegra

Para começar a falar sobre o filme, eu queria já te perguntar o quão autobiográfico ele é?  

É inspirado, não é totalmente autobiográfico, mas é certamente inspirado nas viagens que eu fiz e venho fazendo com os meus filhos desde cedo. E um pouco da realidade de pais separados, das crianças estarem só com o pai ou só com a mãe e fazendo viagem só com um dos pais.

Ela deriva, na verdade, de duas temporadas de uma série que a gente fez, primeiro sobre cultura popular, que se chama Thiago e Ísis e os Segredos do Brasil. Essa série está na TV Brasil, no canal Futura, no canal Educação e na Globoplay.

E é uma série que fala justamente sobre as diferentes festividades que a gente tem no Brasil, desde o Cavalo Marinho, passando por capoeira, samba, festa do Divino e por aí vai. E lendo um artigo sobre a lobinha Pequi, que é uma lobinha real que foi resgatada e depois reintroduzida na natureza, eu tive a ideia desse filme, unindo essa minha paixão pelo conteúdo infantil com conteúdo ambiental. Há muito tempo eu já venho desenvolvendo projetos nessas duas áreas.

Eu comecei minha carreira como animador nos Estados Unidos e depois virei diretor de animação. Eventualmente comecei a fazer documentários, principalmente com o cunho socioambiental. Esse ano estamos terminando a segunda temporada do Manual de Sobrevivência para o século XXI, com Marcos Palmeira, que é uma série que aborda soluções ecológicas. Então Thiago e Ísis e os biomas do Brasil é meio uma junção desses dois mundos.

Eu vim do mundo da animação e aprendi a trabalhar com fantoches quando eu passei pela Vila Sésamo. Entre 2014 e 2020, eu fui diretor geral da Vila Sésamo no Brasil, a gente produziu duas temporadas e inúmeros outros vídeos. E conseguimos inserir alguma coisa de brasilidade ali dentro, mas eu sentia falta de poder ir além e falar dos nossos bichos. 

Muitas vezes o que eu vejo trabalhando com as crianças nessa fase pré-escolar, que a gente até chama de preschool, entre os sete, oito anos, em fase de alfabetização, é que muitas vezes ela aprende antes sobre os animais da África subsaariana do que sobre os animais que temos aqui. Posso falar por mim mesmo, que eu só fui aprender sobre o lobo-guará depois de adulto. E olha que eu cresci em Brasília, indo para chácara em Goiás. 

Então, muitas vezes a gente aprende sobre animais da África, sobre os animais do Polo Sul e Polo Norte, sobre pinguim e urso, e não aprende sobre os nossos. E a nossa fauna é tão rica e tão diversa. No Brasil temos tantos biomas diversos com suas especificidades incríveis. Então eu queria trazer um pouco isso para as crianças de uma forma divertida, que não fosse algo como uma aula porque eu acho também que no mundo digital em que a gente vive, com muitas telas, era importante fazer algo divertido.

Me inspirei em viagens que fiz com meus filhos. Eles cresceram em Brasília. A gente sempre foi muito para Chapada dos Veadeiros e viu muitos animais do Cerrado. E me inspirei levemente nessas viagens para, junto com um grupo de roteiristas liderados pelo Fábio Brasil, escrever esse roteiro que passa por três biomas. A ideia é que a gente faça um segundo filme falando dos outros. Então, sim, os personagens são inspirados, inclusive fisicamente. 

Felizmente a produção nacional tem conseguido garantir produções originais que falam da nossa cultura, nossas dores e perspectivas. Mas me parece que para o público infantil, ainda precisamos garantir esse passo. A sua produção vem um pouco para sanar esse buraco? 

O filme serve um pouco esse papel de introduzir os animais desses diferentes biomas para gerar uma afetividade entre as crianças e o mundo natural, os diferentes animais, lobo-guará, mico-leão-dourado, onça-pintada. 

Então, eu acho que, em primeiro lugar, buscamos introduzir para que as crianças, principalmente crianças pequenas, venham conhecer a riqueza dos nossos biomas e que também criem um laço de afeto com esses bichos, com a fauna e a flora. Muitas vezes, a maioria do conteúdo que está disponível para as nossas crianças vem importado.

E tem conteúdo de qualidade sendo produzido no Brasil, mas muitas vezes também não leva em conta essa diversidade cultural. Existe algo no mercado que eu acho bem delicado. Se for educativo não é legal, a gente não quer. Tem muitos canais que falam: “Ah, não, tem alguma coisa de educativo ali”, se você usar essa palavra, o cara já fecha a porta. Isso é inacreditável. 

Então você vai taxar algo de educativo é pejorativo. E isso é algo que vem, sim, de uma cultura norte-americana que é só entreter. Eu acho que é ótimo entreter, a gente precisa se entreter, a gente vive num mundo complicado. Muitas vezes, crianças com muitas angústias, com essas questões de mudança climática. É importante entreter.

Mas eu acho que não custa nada introduzir elementos educativos de leve, entrecortado entre animações com clipes musicais e cenas engraçadas, mas que introduzam como a nossa fauna e flora funcionam, qual a relação entre o lobo-guará, os cupins e o fruto da lobeira. Porque é importante a gente saber para entender como é que o ciclo da vida funciona. 

Então eu acredito que, para além dos cinemas, esse filme pode achar um lugar muito legal nas salas de aula, no streaming também, nas TVs públicas, diferentes canais de televisão, mas por que não também nas salas de aula, como um elemento que introduz algo que depois o professor pode elaborar?

Então, não buscamos ser didáticos demais. É aquele gancho para criança se interessar pelo bicho do seu bioma e  pesquisar mais com os pais, com os professores, e querer saber mais sobre essa diversidade toda que a gente tem. Sem dúvida alguma.

Você entra nessa temática socioambiental, mas também traz a perspectiva de falar do conteúdo nacional. O quanto isso, de alguma maneira, segue o legado do seu pai? Você faz um paralelo por aí?

Olha, eu acho que certamente ele teve uma grande influência sobre a forma como eu e meus irmãos, que também são cineastas e minha irmã, que seguiu a carreira trabalhando na ONU, pensam.

Desde cedo ele tinha um projetor de Super 8 nos anos 70 e a gente assistia filmes do [diretor russo Serguei] Eisenstein, O Encouraçado Potemkin, acho que com  cinco anos já estava assistindo os filmes do [ator britânico Charles] Chaplin. E ele passou também pela Embrafilme, foi uma época entre 1979 e 1982. Ele foi presidente da Embrafilme. Então, ele tem essa conexão com o cinema. 

Antes de se tornar diplomata, ele chegou a trabalhar em algumas produções, trabalhou com [os diretores brasileiros] Rui Guerra, nos Cafajestes, e com Leon Hirszman, em Pedreira de São Diogo. Então ele tem essa paixão e certamente passou para gente de alguma forma. E a questão do idealismo político também. Ele sempre foi uma pessoa com uma visão progressista, focada na justiça social, nas ideias de um Brasil soberano, anticolonialista. Então certamente existe uma identificação. A parte ambiental eu diria que eu influencio mais ele do que ele me influencia. É até uma coisa que nos últimos anos eu venho martelando bastante na cabeça dele, acho que ele abraçou essas ideias com o tempo.

Tem uma troca bacana aí entre todos nós. E eu talvez sou, acho que não dá para comparar com o trabalho que ele faz, que é uma coisa muito grandiosa, que envolve grandes líderes. No meu caso, eu sou um mero comunicador, mas, sim, eu acho que, de uma certa forma, o idealismo, esse sonho com uma utopia latino-americana independente é comum. 

Nesse sentido, a gente está trabalhando na mesma direção, que é uma direção do brasileiro se tornar mais autônomo, de respeitar a natureza, de ter um um país menos desigual.

Acho que tudo isso permeia o pensamento do meu pai, meu e de todos nós na nossa família. A gente tem essa visão bem progressista. Então, de uma certa forma, é uma sequência ou algo que complementa o trabalho dele. Espero que sim.

Em diferentes horários, de segunda a sexta-feira, o programa é transmitido na Rádio Super de Sorocaba (SP); Rádio Palermo (SP); Rádio Cantareira (SP); Rádio Interativa, de Senador Alexandre Costa (MA); Rádio Comunitária Malhada do Jatobá, de São João do Piauí (PI); Rádio Terra Livre (MST), de Abelardo Luz (SC); Rádio Timbira, de São Luís (MA); Rádio Terra Livre de Hulha Negra (RN), Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), Rádio Onda FM, de Novo Cruzeiro (MG), Rádio Pife, de Brasília (DF), Rádio Cidade, de João Pessoa (PB), Rádio Palermo (SP), Rádio Torres Cidade (RS); Rádio Cantareira (SP); Rádio Keraz; Web Rádio Studio F; Rádio Seguros MA; Rádio Iguaçu FM; Rádio Unidade Digital ; Rádio Cidade Classic HIts; Playlisten; Rádio Cidade; Web Rádio Apocalipse; Rádio; Alternativa Sul FM; Alberto dos Anjos; Rádio Voz da Cidade; Rádio Nativa FM; Rádio News 77; Web Rádio Líder Baixio; Rádio Super Nova; Rádio Ribeirinha Libertadora; Uruguaiana FM; Serra Azul FM; Folha 390; Rádio Chapada FM; Rbn; Web Rádio Mombassom; Fogão 24 Horas; Web Rádio Brisa; Rádio Palermo; Rádio Web Estação Mirim; Rádio Líder; Nova Geração; Ana Terra FM; Rádio Metropolitana de Piracicaba; Rádio Alternativa FM; Rádio Web Torres Cidade; Objetiva Cast; DMnews Web Rádio; Criativa Web Rádio; Rádio Notícias; Topmix Digital MS; Rádio Oriental Sul; Mogiana Web; Rádio Atalaia FM Rio; Rádio Vila Mix; Web Rádio Palmeira; Web Rádio Travessia; Rádio Millennium; Rádio EsportesNet; Rádio Altura FM; Web Rádio Cidade; Rádio Viva a Vida; Rádio Regional Vale FM; Rádio Gerasom; Coruja Web; Vale do Tempo; Servo do Rei; Rádio Best Sound; Rádio Lagoa Azul; Rádio Show Livre; Web Rádio Sintonizando os Corações; Rádio Campos Belos; Rádio Mundial; Clic Rádio Porto Alegre; Web Rádio Rosana; Rádio Cidade Light; União FM; Rádio Araras FM; Rádios Educadora e Transamérica; Rádio Jerônimo; Web Rádio Imaculado Coração; Rede Líder Web; Rádio Club; Rede dos Trabalhadores; Angelu’Song; Web Rádio Nacional; Rádio SINTSEPANSA; Luz News; Montanha Rádio; Rede Vida Brasil; Rádio Broto FM; Rádio Campestre; Rádio Profética Gospel; Chip i7 FM; Rádio Breganejo; Rádio Web Live; Ldnews; Rádio Clube Campos Novos; Rádio Terra Viva; Rádio interativa; Cristofm.net; Rádio Master Net; Rádio Barreto Web; Radio RockChat; Rádio Happiness; Mex FM; Voadeira Rádio Web; Lully FM; Web Rádionin; Rádio Interação; Web Rádio Engeforest; Web Rádio Pentecoste; Web Rádio Liverock; Web Rádio Fatos; Rádio Augusto Barbosa Online; Super FM; Rádio Interação Arcoverde; Rádio; Independência Recife; Rádio Cidadania FM; Web Rádio 102; Web Rádio Fonte da Vida; Rádio Web Studio P; São José Web Rádio – Prados (MG); Webrádio Cultura de Santa Maria; Web Rádio Universo Livre; Rádio Villa; Rádio Farol FM; Viva FM; Rádio Interativa de Jequitinhonha; Estilo – WebRádio; Rede Nova Sat FM; Rádio Comunitária Impacto 87,9FM; Web Rádio DNA Brasil; Nova onda FM; Cabn; Leal FM; Rádio Itapetininga; Rádio Vidas; Primeflashits; Rádio Deus Vivo; Rádio Cuieiras FM; Rádio Comunitária Tupancy; Sete News; Moreno Rádio Web; Rádio Web Esperança; Vila Boa FM; Novataweb; Rural FM Web; Bela Vista Web; Rádio Senzala; Rádio Pagu; Rádio Santidade; M’ysa; Criativa FM de Capitólio; Rádio Nordeste da Bahia; Rádio Central; Rádio VHV; Cultura1 Web Rádio; Rádio da Rua; Web Music; Piedade FM; Rádio 94 FM Itararé; Rádio Luna Rio; Mar Azul FM; Rádio Web Piauí; Savic; Web Rádio Link; EG Link; Web Rádio Brasil Sertaneja; Web Rádio Sindviarios/CUT.

O programa de rádio Bem Viver vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 7h, na Rádio Brasil de Fato. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo. A versão em vídeo é semanal e vai ao ar aos sábados a partir das 13h30 no YouTube do Brasil de Fato e TVs retransmissoras.

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