Posse

Governadores eleitos na carona de Bolsonaro tomam posse com discurso ultraconservador

Veja alguns trechos dos discursos de alguns dos governadores empossados nesta terça-feira (1)

Brasil de Fato | São Paulo |

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O empresário Romeu Zema (Novo) toma posse como governador de Minas Gerais
O empresário Romeu Zema (Novo) toma posse como governador de Minas Gerais - Assembleia Legislativa de Minas Gerais

Governadores dos 26 estados mais o Distrito Federal tomam posse nesta terça-feira (1) para um mandato de quatro anos a frente dos governos regionais. As primeiras e mais representativas cerimônias de posse ocorreram no sudeste, com destaque para os estreantes na política, Wilson Witzel (PSC), no Rio de Janeiro e Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais.

Aos 50 anos, o paulista de Jundiaí se tornou o segundo não fluminense a ocupar o Palácio da Guanabara. Advogado, ex-fuzileiro naval, Witzel foi juiz federal por mais de 17 anos, cargo que teve que deixar no início de 2018 para concorrer às eleições pelo Partido Social Cristão. 

No discurso de posse, o novo governador do Rio de Janeiro exaltou a presença de autoridades do Judiciário. “A presença dos juízes federais neste dia, tão solene na História do nosso Estado, me faz ter a certeza de que ali foi arado o solo fértil, plantada a semente do bem. A Justiça Federal e a Justiça Estadual hoje são pilares da moralidade, da integridade, da decência, que vêm ajudando o nosso País a reconstruir a sua História. Parabéns, Juízes Federais”.

Eleito com promessas polêmicas de combate ao crime organizado, como autorizar a execução sumária de supostos criminosos, Witzel deu ênfase ao tema da segurança pública. “Usarei todos os meios e conhecimentos para derrotar o crime organizado, reconstruindo, reaparelhando, aperfeiçoando o processo penal e as estruturas judiciais, treinando as nossas forças policiais, colocando à disposição profissionais da segurança capacitados e com instrumentos para conter a ameaça à nossa democracia. São narcoterroristas e como terroristas serão tratados!”.

Em Minas Gerais, outro estreante na política foi empossado governador. Aos 54 anos, Romeu Zema, empresário nascido na cidade mineira de Araxá chega ao Palácio da Liberdade após um desempenho surpreendente nas urnas. No discurso de posse, ele destacou a “grave situação fiscal” do estado e preanunciou que tomará medidas duras para retomar o controle das contas públicas. 

“A situação do nosso Estado é de falência. A falta de austeridade dos últimos anos levou o Governo de Minas a um ponto sem volta. A previsão de deficit nas contas públicas ultrapassa os 30 bilhões de reais em 2019. E, se nada for feito, passará de 100 bilhões nos próximos anos. (…) Passaremos por tempos difíceis, em que reformas administrativas e fiscais terão de ser levadas adiante”.

A velha “nova política”

Em São Paulo, João Doria, 61 anos, tomou posse no cargo de governador, após abandonar a gestão da prefeitura da capital paulista para concorrer ao governo estadual. 

“Vamos aposentar a velha política”, afirmou o novo governador de São Paulo durante o discurso de posse. “A velha política, das mordomias, do cabide de empregos, da troca de favores, do desperdício do dinheiro público não cabe nesse sentimento da mudança”, disse.

João Doria (PSDB) toma posse como governador de São Paulo nesta terça-feira (1). Foto: Governo do Estado de São Paulo

Embora tenha focado no discurso da “nova política”, João Doria levou ao governo de São Paulo nove ex-ministros do governo de Michel Temer, entre eles, Gilberto Kassab, ex-ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e futuro chefe da Casa Civil do governo paulista. Kassab não compareceu à cerimônia de posse do governador. Apesar de ter prevista a publicação da posse no Diário Oficial desta quarta-feira (2), Kassab se licencia em seguida para responder às acusações de haver recebido propina da empresa J&F entre os anos de 2010 a 2016. 

Dória defendeu uma menor participação do Estado na vida dos paulistas e uma reestruturação do seu partido, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que teve desempenho pífio nas eleições de 2018, principalmente no âmbito legislativo. 

Outros empossados

Além de Witzel, Zema e Dória foram empossados os governadores do Pará, Helder Barbalho (MDB), do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), de Rondônia, o Coronel Marcos Rocha (PSL), do Tocantins, Mauro Carlesse (PHS), do Amapá, Waldez Góes (PDT), do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), de Alagoas, Renan Filho (MDB), de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), de Santa Catarina, o Comandante Moisés (PSL), de Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD), do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), do Ceará, Camilo Santana (PT), da Bahia, Rui Costa (PT), do Piauí, Wellington Dias, da Paraíba, João Azevêdo (PSB), do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), do Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), do Amazonas, Wilson Lima (PSC), de Roraima, Antônio Denarium (PSL) e Fátima Bezerra (PT), no Rio Grande do Norte. 

O Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu a cassação do mandato da governadora eleita do RN por suposto gasto ilícito de campanha, mas no dia 20 de dezembro o Tribunal Regional Eleitoral do estado negou o pedido para suspender a diplomação da única mulher eleita para um governo estadual nas eleições de 2018.  

Ainda tomará posse Gladson Cameli (PP), no Acre.

 

Atualizada às 19:48 do dia 1º de janeiro

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira