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Políticos e artistas se posicionam em solidariedade à Venezuela

Para o presidente boliviano, Evo Morales, ajuda humanitária é “cavalo de Troia” para invadir e provocar guerra no país

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Nicolás Maduro, presidente eleito da Venezuela
Nicolás Maduro, presidente eleito da Venezuela - Marcelo Garcia / Venezuelan Presidency / AFP

Nas últimas semanas, as pressões contra o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, se intensificaram. Os esforços para destituir o mandatário, reeleito em maio de 2017, são liderados por Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional em desacato e autoproclamado presidente interno da Venezuela, com o apoio dos Estados Unidos e países do Grupo de Lima - bloco do qual o Brasil faz parte.

Em solidariedade ao país caribenho, diversos líderes políticos se posicionaram a respeito do agravamento da crise política na Venezuela e criticaram a tentativa de intervenção.

Para o presidente da Bolívia, Evo Morales, a suposta ajuda humanitária oferecida à Venezuela é, na verdade, “um ‘cavalo de Troia’ para invadir e provocar uma guerra". Morales fez um chamado para que a comunidade internacional se posicione sobre o que está acontecendo no país.

"Não podemos ser cúmplices de uma intervenção militar. Defender a Venezuela é defender a soberania da América Latina”, afirmou. 

Em sua conta no Twitter, o mandatário também se dirigiu especificamente à União Europeia, pedindo que o bloco não esteja “com aqueles que não respeitam o multilateralismo. Esperamos uma profunda reflexão pela vida e pela humanidade. Qualquer intervenção só trará guerra. Não haverá paz sem justiça social e sem respeito a soberania dos povos”. 

Lamentamos que la Ayuda Humanitaria quiera ser utilizada como “caballo de Troya” en #Venezuela, para invadir y provocar una guerra. Los hermanos latinoamericanos no podemos ser cómplices de una intervención militar. Defender a Venezuela es defender la soberanía de #AméricaLatina.


— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) 22 de fevereiro de 2019

 

O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, também usou a rede social para prestar solidariedade à Venezuela, reafirmando “o apoio à Revolução Bolivariana e ao presidente Nicolás Maduro”. “Na Venezuela, estão defendendo a dignidade e decidindo o destino do direito à paz dos povos latino-americanos, caribenhos e do resto do mundo. Todos devemos enfrentar o imperialismo”, disse. 

#Cuba en pie por el #Sí a la #Constitución y ratificando el apoyo a la #RevoluciónBolivariana y al Presidente Nicolás Maduro. Nuestras voces por el presente y el futuro de #Cuba y #AméricaLatina#ManosFueraDeVenezuela #YoVotoSí #NosotrosVotamosSí #SomosCuba#SomosContinuidad pic.twitter.com/mm0dwyWq6z


— Miguel Díaz-Canel Bermúdez (@DiazCanelB) 22 de fevereiro de 2019
 

Ainda segundo ele, “a ‘ajuda humanitária’ por parte dos Estados Unidos em 20 milhões de dólares é irrisória diante dos danos que produz o cerco financeiro, quantificado em 30 bilhões de dólares”. 

O ex-primeiro ministro da Espanha, José Luiz Rodríguez Zapatero, criticou a ingerência dos Estados Unidos nos assuntos internos do país. Segundo ele, qualquer imposição na região poderá levar a um desfecho dramático. “Por isso, se queremos a paz, os valores democráticos, defendamos o diálogo para buscar saídas e soluções”, declarou em entrevista. 

O senador do PT, Jaques Wagner, lembrou que o Brasil, historicamente, sempre adotou princípios diplomáticos respeitando a soberania e autodeterminação dos povos. Segundo ele, “esses princípios regem o nosso país nas relações internacionais desde o início da nossa República”.

O político também declarou que espera “que as autoridades brasileiras atuem com seriedade” e lembrou que o país sempre atuou “em missões de paz e não de guerra".  

Já para a ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, o Brasil está se submetendo a interesses do governo Trump. “É uma ação deliberada e planejada, desde a indicação de um general de nossas forças armadas para integrar o Comando Sul do Exército americano, órgão responsável por inúmeras intervenções militares”, declarou através de uma nota.

Para Rousseff, é inaceitável que o Brasil se submeta “ao interesse do governo americano em usufruir do petróleo venezuelano”, aceitando a possibilidade de criar um conflito armado na América do Sul. 

“Esta posição do governo Bolsonaro traz gravíssimas consequências, em um caso de guerra. Em especial, a tragédia da perda de vidas humanas de cidadãos brasileiros, latino-americanos e americanos”, lamentou a ex-mandatária. 

Ajuda humanitária é um “truque”

Personalidades também criticaram as tentativas de intervenção na Venezuela. Uma delas foi Roger Waters, fundador do grupo britânico Pink Floyd. “Queremos mesmo que a Venezuela se transforme em outro Iraque, Síria ou Líbia? Eu não”, disse o músico em um vídeo publicado no Twitter

Waters também criticou o show que está sendo realizado nesta sexta-feira (22) na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela. Segundo ele, o show é um “truque” que “não tem nada que ver com ajuda humanitária”. 

O ator e ativista norte-americano Danny Glover criticou as sanções econômicas aplicadas pelos Estados Unidos contra a Venezuela. Os EUA “tomam bilhões de dólares, que legitimamente pertencem aos venezuelanos, impõem sanções para que eles não possam usar seu próprio dinheiro e recursos” e então tentam “salvá-los”, afirmou. 

O embargo econômico, segundo ele, é “um plano que afeta apenas o povo e põe em risco os ganhos alcançados pela Revolução Bolivariana nos últimos 20 anos”.

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Edição: Luiza Mançano