Paraná

Desmonte da educação

“Desenvolvimento do PR será afetado com corte de bolsas em pesquisa", diz pró-reitor

Mais de 120 bolsas foram cortadas só na UFPR, segundo levantamento da instituição.

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

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“Sem recurso para pesquisa, Hospital de Clinicas não seria excelência em transplante de medula óssea”
“Sem recurso para pesquisa, Hospital de Clinicas não seria excelência em transplante de medula óssea” - Arquivo UFPR

Com o anúncio do corte de bolsas de pós-graduação nas universidades públicas de todo o Brasil, pela  Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), já se avalia o impacto negativo no desenvolvimento de pesquisas importantes para a população. De acordo com a Capes, 3.474 bolsas de pesquisa serão retidas. Na Universidade Federal do Paraná, uma das mais antigas do Brasil, mais de 100 bolsas foram cortadas.   Em entrevista para o Brasil de Fato Paraná, o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Professor Dr. Francisco de Assis Mendonça, diz que é preciso urgentemente entender que pesquisa é feita para contribuir com o desenvolvimento do país, dos estados e das cidades.

Confira a entrevista:

BdF-PR - Após os cortes anunciados  pela Capes, qual é a situação atual dentro da UFPR no que se refere à pesquisa ?

Aqui na UFPR, levantamos que ficaremos sem 127 bolsas de pós-graduação. O impacto geral na educação brasileira vem através, primeiramente do corte de 30% do orçamento geral das Universidades, o que desembocou essas mobilizações e apoios à Universidade por importantes instituições e lideranças políticas. Depois, logo em seguida temos o anúncio das cortes de bolsas voltadas à pesquisa. O que foi anunciado é um corte das bolsas que ficam entre o término do curso por um aluno até a entrada de outro. Não se tratam de bolsas ociosas porque elas devem ir para o próximo pesquisador, de um ano para o outro. Geralmente, o curso já sabe o número de bolsas que pode oferecer aos alunos que acabam participando das seleções tendo em vista a possibilidade de ter este incentivo. As bolsas ficam sem dono num período mínimo de três meses até que nova seleção aconteça. 

Desde o anúncio do corte até agora, existe alguma nova informação?

A Capes, na sexta-feira passada, divulgou uma nota dizendo que a medida poderia ser revista, informando que os cursos de avaliação 7 e 6, podem continuar com as bolsas. Os cortes, portanto, se manteriam nos cursos de nota 5, 4 e 3.

Há algum levantamento de desistências de alunos que passaram nas seleções dos programas de pós-doutorado?

Não temos este levantamento institucional, mas acredito que possa acontecer sim. Temos muitos alunos que são de fora do Paraná, de outras cidades e até do exterior, e que não tem como se manter sem a bolsa. A UFPR é bastante procurada e sempre pudemos acolher com qualidade estes estudantes.

De que forma as pessoas podem compreender como este corte impacta  na vida delas ?

Impacta de muitas formas, a saber que as pesquisas desenvolvidas dentro de uma universidade pública se relacionam com todas as áreas de conhecimento que se ligam ao setor produtivo, ao cotidiano, à saúde, entre outros. Vamos dar aqui um exemplo da saúde. O Hospital de Clinicas que atende pessoas do país inteiro e de fora do Brasil, tem vários cursos de pós graduação ligados a ele, que inserem alunos e professores junto aos profissionais que trabalham diretamente com os pacientes. Se não temos recursos para pesquisa destes, impacta no desenvolvimento de tratamentos importantes e que são de excelência no Brasil. É por causa do recurso em pesquisa que o Hospital de Clinicas é conhecido como referência em transplante de medula óssea.

Estou falando só de saúde, mas existe um número muito grande de outros projetos de pesquisa em diferentes áreas que impactam diretamente a população.Portanto, uma vez que há corte de recursos para a pesquisa, isso prejudica o desenvolvimento do estado do Paraná, em setores do meio ambiente, saúde, educação, engenharia, etc. Além disso, não podemos esquecer da formação de estudantes que vão para a sociedade dar o retorno qualificado depois de 3 a 4 anos de pesquisas.

Edição: Laís Melo