ELEIÇÃO

Quem são os bolivianos que votaram em São Paulo?

Estado tem 96,6% do eleitorado boliviano no Brasil. Dos 350 mil imigrantes no país, 78% não tiveram direito a voto

Brasil de Fato | São Paulo (SP) e La Paz (Bolívia) |

Ouça o áudio:

O Consulado Boliviano estima que vivam hoje no Brasil 350 mil bolivianos, dos quais 80 mil estão regularizados como imigrantes.
O Consulado Boliviano estima que vivam hoje no Brasil 350 mil bolivianos, dos quais 80 mil estão regularizados como imigrantes. - Foto: Pedro Stropasolas

Com 95,4% das urnas apuradas, Evo Morales caminha para superar 10% de vantagem sobre o segundo colocado Carlos Mesa e deve vencer em primeiro turno as Eleições Gerais da Bolívia.

A previsão é otimista para o eleitorado do Movimento ao Socialismo (MAS) : os votos ainda não computados vêm das urnas de locais mais isolados do país, onde Evo tem favoritismo.

No Brasil, cerca de 45.793 cidadãos bolivianos estavam habilitados para irem às urnas neste domingo (20) em sete estados brasileiros. Deste total, 96,6% do eleitorado boliviano no Brasil votou em São Paulo. 



 

O costureiro autônomo Luis Jacinto, que vive há quase 20 anos na capital paulista, foi um dos primeiros a chegar na Escola Estadual Orestes de Guimarães, Zona Norte de São Paulo, pouco antes das urnas se abrirem, às 9h.

Ele vive com a mulher e os dois filhos no bairro do Canindé, em uma casa onde também funciona sua oficina de costura. Para Jacinto, mesmo afastado do contexto político de seu país de origem, ele reconhece a série de transformações vividas pelos bolivianos nos últimos anos.

"A diferença é que este governo fez muitas coisas. Se tem gente que não gosta, isso é um ponto à parte mas, na minha condição, eu vi que fez muitas coisas. Isso é o que me alenta para, num futuro não muito distante, voltar ao meu país de origem. Não sei se ganhará, mas Evo Morales têm um bom apoio. Se ganha, enfrentará muitos riscos, porque há muito enfrentamento", analisa Jacinto.

No Instituto de Ciência e Tecnologia de São Paulo, no Canindé, Miriam Guarachi foi delegada de mesa pelo Movimento ao Socialismo (MAS), o mesmo partido de Evo e também comentou sobre a realidade socioeconômica em seu país de origem.

"Acompanhar todas essas mudanças, para mim, foi uma grande satisfação e um grande orgulho. Porque quando você está longe, sente falta do seu país, sente falta das pessoas e da sua cultura, mas me dá satisfação dizer, aqui no estrangeiro, que eu sou boliviana, e acredito que meu país mudou bastante", relata.

Natural de La Paz e há 11 anos no Brasil, ela também destacou a valorização da presença feminina no processo eleitoral e nas decisões políticas em seu país. "Agora 50% das mulheres têm que participar, isso já é lei. 50% tem que ser a participação das mulheres. E me dá muita satisfação que muitas mulheres agora estejam participando, dando seu voto, exercendo sua cidadania como bolivianas", aponta.

No maior local de votação, a Escola Estadual Eduardo Prado, com mais de 5 mil eleitores, Juan Agustin levou a família para o domingo eleitoral. Sem revelar o voto, o costureiro espera um futuro melhor para os bolivianos. "Nós viemos aqui para cumprir com a democracia", ressalta.

Os bolivianos que foram às urnas neste domingo elegeram 130 deputados e 36 senadores para o período de 2020-2025. Na capital paulista, tiveram votações em 15 colégios eleitorais, somando 157 mesas com 942 jurados. 

O Consulado Boliviano estima que vivam hoje no Brasil 350 mil bolivianos, dos quais 80 mil estão regularizados como imigrantes. O país só perde para a Argentina no número de imigrantes bolivianos - a capital Buenos Aires registrou 121.824 eleitores na votação de ontem.

Confira mais fotos da votação no maior colégio eleitoral do Brasil nas Eleições Gerais da Bolívia:




Edição: Rodrigo Chagas