União Europeia

Reino Unido passa por eleições gerais que definirão futuro do Brexit

A partir do novo pleito, Boris Johnson busca maioria no Parlamento para resolver impasse do Reino Unido da Europa

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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A vantagem do Partido Conservador caiu, nos últimos dias, à véspera da eleição
A vantagem do Partido Conservador caiu, nos últimos dias, à véspera da eleição - Jessica Taylor

O Reino Unido passa por eleições gerais, nesta quinta-feira (12), para definir os políticos que ocuparão Parlamento. O pleito foi convocado pelo primeiro-ministro conservador, Boris Johnson, que considera necessária a renovação da assembleia para resolver o impasse do Brexit – a saída do Reino Unido da União Europeia. A eleição deste ano tem sido divulgada pela imprensa como a “Eleição do Brexit”.

A votação começou por volta das 7h (4h em Brasília) e deve terminar às 22h (19h de Brasília). Espera-se que os resultados sejam divulgados nesta sexta-feira (13). Essa é quarta eleição para o Parlamento em quatro anos.

Hoje, cerca de 46 milhões de britânicos vão às urnas -- cada um dos 650 distritos elege um representante para um mandato de cinco anos. No entanto, mas, as eleições podem ser antecipadas, caso do atual pleito.

No dia 6 de novembro, o Parlamento europeu foi dissolvido e teve inicio o período eleitoral. Até então, a composição da casa era de 298 conservadores e 243 trabalhistas. Para conseguir a maioria das cadeiras, Johnson precisa eleger  326 parlamentares conservadores

Uma pesquisa do YouGov mostrou que a maioria do Partido Conservador caiu nos últimos dias, às véspera da eleição. O estudo, feito a partir de 105.612 entrevistas entre 4 e 10 de dezembro, é considerada a mais precisa. 

Os resultados apresentaram a seguinte configuração: 339 cadeiras para os conservadores, 231 para os trabalhistas, 41 para os nacionalistas escoceses e 15 para os liberais democratas. Com a margem de erro, Johnson pode eleger desde 311 representantes até 367, o que não exclui a possibilidade de não compor maioria. 

Se Johnson conseguir maioria, o Reino Unido deixa a União Europeia no dia 31 de janeiro. Caso a oposição obtenha maioria, no entanto, Boris Johnson perde o cargo. Nesse caso, a oposição deve escolher um novo primeiro-ministro. Se for a “bancada” trabalhista, o líder Jeremy Corbyn é o mais cotado para assumir o posto.

O Brexit pela esquerda

Martin Hall, da campanha “Deixar, Lutar e Transformar” (LeFT) – uma rede formada por socialistas, sindicalistas e ativistas comunitários – do Reino Unido, conversou com a organização Peoples Dispatch, sobre o Brexit. 

Para ele, a proposta para sair da União Europeia é vital para um governo radical e transformador, uma vez que, em sua visão, “o direito do capital de se estabelecer onde quiser é institucionalizado” dentro da estrutura europeia. 

“É uma barreira ao socialismo e até ao retorno à social-democracia. O Brexit é uma maneira de revitalizar a democracia e a soberania popular de uma perspectiva internacionalista, e pode ser um exemplo para as classes trabalhadoras em toda a Europa. No entanto, ele precisa ser moldado pela esquerda, para afirmar o óbvio”.

Segundo Hall, a Grã-Bretanha foi vanguarda quando o neoliberalismo “reinou” na Europa. O resultado  foi a perda de direitos aos trabalhadores, a mercantilização dos serviços públicos e o esvaziamento da democracia. 

“O Brexit deve estar vinculado à campanha por um governo trabalhista radical e transformador. Isso exigiria uma ruptura clara com as instituições da UE”, afirma. Hoje, no entanto, a saída é encabeçada pela direita do país. 

Edição: Julia Chequer