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Biscoito de babaçu: tradição das quebradeiras de coco se renova e nunca perde valor

Moradora do município de Chapadinha explica a receita

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O fruto é utilizado de diversas maneiras pela sabedoria popular. - Foto: Imprensa/Governo do Mato Grosso
Moradora do município de Chapadinha explica a receita

No Brasil não são todas as tradições que se renovam sem perder sua autenticidade. As quebradeiras de coco são responsáveis por um legado imensurável para o país e que geração após geração ganha novos traços. Um cenário dessa história está nas regiões que carregam palmeiras com o coco de bacaçu, comum nos estados do Maranhão, Pará, Piauí, Mato Grosso e Tocantins. A extração do coco de babaçu é uma importante fonte de renda para populações tradicionais, sendo o fruto utilizado de diversas maneiras. Além da culinária, o coco do babaçu é usado para artesanato, alimentação animal e confecção de biojóias. 

Milagres Costa é uma das pessoas que residem em área repleta de coco de babaçu. Ela é quebradeira de coco e mora na comunidade de Campo de Ferreira, no município de Chapadinha, no Maranhão. Milagres nos explica algumas das formas que o babaçu é habitualmente aproveitado na região.  

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“O babaçu aqui serve para tudo e gera bastante renda, porque da amêndoa tiramos o azeite, o óleo; da casca se faz carvão - que vendemos na cidade; a entrecasca também serve para a alimentação animal. Também quando tiramos o óleo para fazer torta, o bagaço que fica serve para alimentação de animais, como galinha, gado, bode, porco” 

Dentre as mil e uma utilidades, a escolha de Milagres é para a culinária. Ela explica que viu a avó e a mãe dela também exercerem o ofício de quebradeiras de coco. Apesar de seguir a tradição familiar, Milagres explica que a sabedoria familiar se adaptou aos novos contextos entre as três gerações. A avó, por exemplo, costumava fazer mingau de coco de babaçu. Milagres produz diversas receitas de massa, a exemplo da produção de biscoitos. O processo é feito com a farinha do fruto, extraída do mesocarpo, ou seja, de uma parte intermediária do babaçu. 

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Milagres costuma colher o coco, cortar a entrecasca, lavar, deixar secar ao sol e depois moer a massa para fazer a farinha. Para quem mora em regiões sem o fruto, vale lembrar que essa mesma farinha de babaçu é encontrada em vários estabelecimentos pelo país, podendo substituir, por exemplo, o amido de milho em algumas receitas.

Além das possibilidades de sabor, a farinha de babaçu é indicada por nutricionistas para complementar a nossa refeição. O produto é rico em nutrientes e utilizado para vários tipos de tratamentos de saúde. Dentro dessa questão, considerando a possibilidade de comprar a farinha de babaçu, Milagres Costa compartilha com a gente o que se precisa para preparar o biscoito de mesocarpo de babaçu. A ideia é juntar os ingredientes, mexer e colocar para assar.    

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“Então só precisa de um quilo de massa [farinha de babaçu]; um quilo de fécula de mandioca; manteiga; dois pacotes de leite; dois copos de coco ralado; até 300ml de água (se precisar); além de duas colheres de fermento. Também não pode ser com fogo muito forte para não prender o biscoito. Precisa assar com fogo brando.” 

Além das muitas possibilidades na culinária e na nutrição, o coco de babaçu é também fonte para a medicina natural. O fruto é utilizado ainda como anti-inflamatórios e analgésicos, além do tratamento de reumatismo, artrite, reumatóide, úlceras, tumores de útero e ovário, para prisão de ventre, colite e obesidade.

Edição: Lucas Weber