Pará

Belém reabre shoppings e salões de beleza; estudo da UFPA pede volta ao isolamento

Taxa ocupação dos leitos de UTI na capital paraense está em 70%. Estado se aproxima das 4 mil mortesx'

Brasil de Fato | Belém (PA) |
MPF e DPU pediram à Justiça a suspensão do comércio e serviços não essenciais em todo o Pará - Catarina Barbosa/Brasil de Fato

O prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho (PSDB) anunciou que a partir deste sábado (6), shoppings centers e salões de beleza irão retomar suas atividades comerciais. O Pará registrou nesta sexta-feira (5), 3.538 mortes em decorrência da covid-19, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), destes 1.555 foram na capital do estado. A decisão de retomar as atividades comerciais está sendo adotada por governantes em todo o Brasil.

No Pará, depois de um curto período de lockdown, o governo optou por deixar nas mãos dos prefeitos a decisão de continuar ou não com medidas mais rígidas para o isolamento social. No dia 25 de maio, setores não essenciais da economias foram autorizados a retornar atividades. As reuniões presenciais e os cultos, com no máximo 10 pessoas foram permitidos.

Inicialmente o prefeito de Belém Zenaldo Coutinho (PSDB) anunciou que os shoppings e salões de beleza iriam reabrir nesta quinta-feira (4), mas recuou alegando que o governador Helder Barbalho (MDB), não havia passado informações essenciais como a ocupação de leitos na capital paraense.

Nesta sexta-feira (4), segundo dados Sespa, o Pará está com 70% dos leitos de UTI adulto (Unidade de Terapia Intensiva) ocupados. Na UTI Neonatal esse número chega a 80%. Atualmente, há 317 leitos de UTI para atender pessoas que moram em Ananindeua, Belém, Benevides, Marituba e Santa Bárbara, o que corresponde a 72,56% de ocupação.

Leia também: Senado aprova auxílio emergencial de R$ 3 bilhões para trabalhadores da cultura

"Antes da hora"

Para Adima Monteiro, membro da Consulta Popular a reabertura do comércio é precipitada e coloca em risco a vida de mais de 2 milhões de paraenses que residem na Região Metropolitana de Belém.

"Não há nenhuma afirmação de que os casos estejam controlados na região, devido à subnotificação. Os dados divulgados pela Sespa não alcançam a totalidade dos casos. A UFPA [Universidade Federal do Pará] divulgou uma pesquisa, no dia 1º de junho, com a estimativa de que há dez vezes mais casos de pessoas infectadas do que a Sespa divulga. Nosso sistema de saúde não consegue suportar a demanda."

Não há nenhuma afirmação de que os casos estejam controlados na região, devido à subnotificação.

O documento citado pela diretora nacional da Consulta Popular é uma nota técnica do Grupo de Trabalho sobre o Novo Coronavírus da Universidade Federal do Pará (UFPA), divulgado no dia 1º. O estudo atesta que não há queda real dos casos de covid-19 no Pará e recomenda a manutenção do isolamento social.

A liderança da Consulta Popular teme por um novo colapso do sistema de saúde pública. "O que nós vivemos nesses últimos meses na região metropolitana de Belém foi um desespero devido ao colapso no sistema de saúde e no sistema funerário, porque não foi possível atender as pessoas.”

::Saiba mais: Cientistas debatem a relação entre o capitalismo, a crise ambiental e a pandemia::

Movimento nas ruas

Desde o encerramento do lockdown no dia 25 de maio, o número de pessoas nas ruas aumentou consideravelmente. Na última terça-feira (2), o estado caiu para a 18ª posição no ranking brasileiro de isolamento social e somente 39,81% dos paraenses continuam seguindo a quarentena. O maior índice de isolamento social na capital paraense foi de 57,12%, registrado no dia 17 de maio – quando ainda vigorava o lockdown.

A abertura dos shoppings e salões de beleza constam no plano de reabertura de atividades não comerciais proposto pelo governo do Pará. Segundo o projeto, a região metropolitana de Belém, parte do Marajó e a região do Araguaia já poderão abrir shoppings centers, igrejas, salões de beleza e comércio varejista.

Na última terça-feira (4), o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) pediram novamente à Justiça Federal que determine a suspensão do comércio e serviços não essenciais em todo o Pará. As instituições consideram que o governo ignorou as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Assim como no pedido feito em Abril, as instituições pediram que o Pará apresenta motivação técnica para todas as decisões relacionadas à pandemia do novo coronavírus.

Edição: Rodrigo Chagas