Paraná

SEGURANÇA PÚBLICA

Familiares de encarcerados pedem “socorro” no Paraná

Situação nos presídios está dramática, com falta de medicamentos e avanço da pandemia

Curitiba (PR) |
Carina Correia, do movimento “Todos pela Causa” - Giorgia Prates

A situação nos presídios do Paraná, e no Brasil, nunca foram ideais, com problemas como a superlotação e falta de funcionários. Mas tem se agravado muito com a pandemia. Foi o que relataram familiares de encarcerados e especialista no programa Brasil de Fato 11h30 da sexta, dia 14. 

No dia anterior ocorrera manifestação em frente ao Complexo Penitenciário de Piraquara, porque havia denúncias de que os presos estavam sofrendo represálias e deixados sem alimentação e água por conta da morte de uma agente penitenciário em sua casa. “Estão apanhando devido à morte do agente. Querem que confessem, mas como vão fazer isso se nem sabiam o que tinha acontecido lá fora”, disse uma fonte. 

Além dessa situação específica, Carina Correia, do movimento “Todos pela Causa” e familiar de encarcerado relatou no programa que a situação atual é terrível, porque “não podem fazer visitas, enviar carta ou e-mail para saber o que de fato está ocorrendo.” Vários outros comentários apareceram durante o programa com familiares narrando sua situação e pedindo “socorro”, desesperados, sem saber o que fazer. 

Para a doutora Isabel Mendes, presidente do Conselho da Comunidade, e que há mais de 40 anos acompanha o sistema prisional, este já era “cruel e medieval”, mas a situação tem se agravado. Uma das deficiências é não ter funcionários, médicos, enfermeiros e remédios suficientes para tratar os doentes 

“Todas as penitenciárias estão com problemas, se a pessoa apresenta sintomas, é colocada numa galeria, contaminando outras pessoas... E falam para ter hábitos de higiene, mas como vão fazer isso se o estado não fornece os produtos. Antes, quem levava era a família, que agora estão impedidas de fazer visitas”, diz. 

Carina também fala sobre a situação atual, em que tudo mudou. “Só podemos mandar sacola com produtos por Sedex, que demora a ser entregue. Uma mãe veio me falar que o filho recebeu 30 dias depois e acabou chegando com o pão que ela mandara já estragado. E quando os Correios entrarem e greve, o que vamos fazer?”, questiona. 

Há relatos também que os presídios estão cortando água, luz e alimentação no final da tarde e só restabelecendo no dia seguinte de manhã. O BDF está apurando essas informações. 

 

Edição: Gabriel Carriconde