Rio de Janeiro

CRISE

Profissionais de saúde do RJ protestam na Alerj por dispensa e atraso de salários

Entrada da Fundação Saúde na gestão de hospitais e serviços gerou interrupção de pagamentos e contratos

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
protesto saúde
Atrasos salariais atingem enfermeiros, médicos, maqueiros e técnicos, segundo o Sindicato Estadual dos Enfermeiros - Reprodução/TV Globo

Cerca de 50 pessoas fizeram um ato na manhã desta segunda-feira (21), em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), no centro da cidade, para protestar contra o atraso de salários de oito mil profissionais de saúde da rede estadual e a dispensa de enfermeiros na semana passada, após a gestão do Samu 192 na capital passar a ser feita pela Fundação Saúde.

A Fundação Saúde foi criada para substituir gradualmente as organizações sociais (OSs) em contratos com a administração pública. A primeira etapa começou pelo Rio, onde havia a promessa de que enfermeiros da OZZ, empresa que geria o Samu 192, fossem mantidos na nova gestão. Mas o secretário estadual de saúde, Alex Bousquet, pediu afastamento do cargo na última quinta-feira (17) e o futuro se tornou incerto para os trabalhadores.

Leia mais: Com escândalos de corrupção e atrasos, hospitais de campanha têm nova gestão no RJ

Nesta manhã, durante o ato na Alerj, enfermeiros e enfermeiras disseram que se sentem desrespeitados. Eles contam que foram contratados para atuarem na saúde pública no contexto da pandemia da covid-19, passaram por treinamento, viram amigos morrendo da doença e agora não estão sendo reaproveitados pela Fundação Saúde.

Na última sexta-feira (18), o Sindicato dos Enfermeiros do Estado ingressou com ação civil pública na Justiça Federal para suspender o processo seletivo e pedir esclarecimentos sobre os critérios adotados que culminaram na pontuação zerada de mais de 5 mil candidatos para a vaga de enfermeiro. O Sindicato classificou o ato como "arremedo de processo seletivo".

Salários

Os atrasos de salários atingem trabalhadores que tinham contrato com o Iabas, empresa que prestou serviço para a saúde pública em hospitais de campanha até maio, mas que teve o contrato suspenso por atrasos na execução de obras. O Iabas afirma que, desde então, os pagamentos de funcionários ficaram sob a responsabilidade da Secretaria estadual de saúde.

O governo do estado informou que parte dos salários relacionados aos hospitais de campanha e ao Samu estão sendo depositados nas contas dos funcionários pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Na próxima quarta-feira (23), a presidente da comissão de saúde da Alerj, deputada Martha Rocha (PDT), vai receber os trabalhadores para dar encaminhamento ao caso.

Edição: Eduardo Miranda