Pressão

Políticos e ativistas brasileiros cobram Suíça por danos ambientais de suas empresas

Documento surge durante ocupação de praça em frente ao Parlamento do país, em Berna, para lembrar mudanças climáticas

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |

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Grupo de manifestantes durante ocupação em frente ao Parlamento da Suíça, na capital, Berna - Franklin Frederick

Lideranças de seis movimentos populares brasileiros e 54 deputados federais enviaram uma carta a autoridades da Suíça para cobrar rigor na atuação estatal diante das empresas nacionais que colaboram com a emergência climática pela qual passa o planeta.

O documento surge após a deflagração de um movimento que reúne, desde segunda-feira (21), centenas de ativistas da chamada “Greve Global pelo Clima” em frente ao Parlamento da Suíça, em Berna. Com o objetivo de ficarem pelo menos uma semana acampados no local, os manifestantes ressaltam a participação de diferentes companhias do país no agravamento dos problemas do clima.  

“Esperamos que vosso governo ajude os jovens a conscientizarem empresas e a sociedade a respeitarem o meio ambiente. Isso nos ajudará também aqui, como sociedade e povo brasileiro, a cuidar melhor de nosso meio ambiente, da Amazônia e dos alimentos”, afirma a carta dos representantes brasileiros.  Ao saudar a mobilização dos manifestantes, os signatários afirmam que eles “estão dando uma lição de democracia e de consciência social e ecológica para todo mundo”.   

O grupo se dirige à presidenta da Suíça, Simonetta Sommaruga, e ao embaixador do país no Brasil, Wilhelm Meier, para lembrar o peso do problema causado por diferentes multinacionais. Os signatários citam como exemplo os casos da Nestlé, que comercializa água engarrafada, e da Syngenta, produtora de agrotóxicos. Este tipo de produto é apontado como um dos mais danosos ao meio ambiente porque, segundo pesquisas de diferentes especialistas e universidades, contamina o lençol freático e causa uma sequência de prejuízos em diferentes países, como é o caso do Brasil.   

“Também sabemos que muitas empresas mineradoras, agressoras do meio ambiente e que cometem crimes, como a Vale (brasileiro-americana), têm suas contas na Suíça, para proteger os lucros e evitar pagarem impostos sobre a renda aqui no Brasil. E, certamente, empresas de outros países repetem o método”, ressalta a carta.   

A correspondência é assinada pelos interlocutores João Pedro Stédile (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra), Jaime Amorim (Via Campesina Internacional), Lúcio Centeno (Levante Popular da Juventude), Alan Tygel (Campanha Brasileira de Combate aos Agrotóxicos), Jarbas Vieira (Movimento em Defesa da Soberania Popular na Mineração) e Divina Lopes (Movimento em Defesa da Amazônia). Entre os parlamentares, o documento conta com o apoio dos 53 membros da bancada petista na Câmara dos Deputados e do deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ).  

Edição: Rodrigo Chagas