A consulta aberta à comunidade escolar para eleger candidatos à reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) ocorreu nos dias 1 e 2 de setembro de 2020, dando a vitória à chapa que concorria à reeleição: professor Ricardo Marcelo e a professora Graciela Inês Bolzon de Muniz. Mas, o resultado ainda não foi consolidado devido às divergências de entendimento sobre a composição da lista tríplice e a negativa do candidato derrotado, o professor Horácio Tertuliano Filho, em retirar o nome, como tradicionalmente sempre foi feito nas eleições desta universidade. Após recente reunião do Conselho Universitário, definiu-se por abrir eleição interna para novos candidatos a comporem a lista que será definida neste dia 30.
Há receio de grande parte da comunidade acadêmica que o nome mais votado não seja o escolhido, diante da atual conjuntura em que Bolsonaro já escolheu 26 reitores, dos quais 14 não lideravam a lista tríplice. Diante deste novo cenário na UFPR, o Brasil de Fato Paraná conversou com os representantes dos técnicos e professores. A representante do Diretório Central dos Estudantes não quis falar.
Para o presidente da Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR), professor Paulo Vieira Neto, diz que a escolha de outro nome que não seja o mais votado é uma afronta à tradição democrática. “As pressuposições democráticas que sempre seguimos foram destruídas por Horácio e Bolsonaro. O primeiro ao não retirar seu nome e o segundo indicando sistematicamente qualquer oportunista que prometa adesão ao seu programa”, disse.
Representante dos técnicos, a coordenadora geral do SINDITEST, Mariane Siqueira é taxativa ao defender a autonomia do Conselho Universitário para compor a lista tríplice. “Defendemos a autonomia do COUN, assim como sempre foi em outras eleições. Mas, nossa reivindicação é de que o nome mais votado na consulta esteja em primeiro nesta lista”, diz. Em assembleia realizada na manhã desta terça feira, 29/09, os técnicos da UFPR votaram por unanimidade pelo respeito à tradição democrática. “Não teve nenhum voto contrário. A categoria dos técnicos administrativos em peso quer o respeito à escolha feita pela consulta. E reivindicamos que o professor Horácio retire o nome.” Mariane diz que as entidades representativas da comunidade acadêmica não aceitarão intervenção do governo federal. "A ampla maioria da comunidade e suas entidades estão unidas em defesa da democracia , da autonomia universitária e contra o autoritarismo. Aqui, não aceitaremos interventor."
Em uma primeira reunião do Colégio Eleitoral, ocorrida no dia 10 de setembro, houve dúvidas quanto à necessidade de apresentar três nomes à lista tríplice, já que apenas duas chapas concorreram. Definiu-se por um novo encontro para que pareceres jurídicos da Procuradoria da UFPR e também do Ministério da Educação (MEC) fossem apresentados. Nesta última quinta-feira, 20, o Conselho Universitário se reuniu para analisar os pareceres e encaminhar propostas a serem votadas para definir os rumos da eleição.
Por lei, não existe eleição direta para reitores nas universidades, mas uma consulta à comunidade para indicação de três nomes ao presidente da República. É da tradição democrática que os candidatos derrotados retirem suas candidaturas. Porém, o derrotado é amparado pela lei da lista tríplice, para se quiser, manter o seu nome. Na maioria das eleições da UFPR, o Conselho Universitário formou uma lista própria, encabeçada pelo nome do mais votado, com mais dois nomes escolhidos pelo próprio conselho apenas para complementá-la.
Novas chapas inscritas
O colégio se reúne novamente no dia 30 de setembro para, em votação uninominal e secreta, escolher qual das chapas vai compor a lista tríplice que é encaminhada ao MEC para a escolha do novo reitor da UFPR, que assume em dezembro de 2020. As possíveis novas candidaturas concorrem em regime de igualdade com as que estão já colocadas.
As chapas inscritas até às 12h do dia 28, prazo definido para o término das eleições, foram a atual pró-reitora de assuntos estudantis, professora Maria Rita de Assis e a atual diretora do Setor de Comunicação, professora Regiane Ribeiro e a outra chapa inscrita com o atual diretor do Setor de Educação, Marcos Ferraz e o atual diretor do Setor de Ciências da Saúde, professor Nelson Rebellato.
Edição: Gabriel Carriconde