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Chilenos decidem neste domingo (25) se derrotam ou não a Constituição de Pinochet

A votação é considerada um feito histórico, uma vitória da mobilização iniciada no país em outubro de 2019; acompanhe

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Na votação deste domingo (25), população do Chile deve votar se aprova ou rejeita uma nova Constituição - Divulgação/El Ciudadano

"Você quer uma nova Constituição?" é a principal pergunta que milhares de chilenos devem responder no plebiscito constitucional que ocorre neste domingo (25).

Em meio ao espírito insurgente da revolta popular de outubro de 2019, quando cerca de um milhão de pessoas saíram às ruas de Santiago, a população decidirá se aprova ou rejeita o início de um processo para alterar a Constituição do país, herdada da ditadura de Augusto Pinochet.

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Na votação realizada seis meses após a data inicialmente prevista, a qual foi adiada devido à pandemia de coronavírus, os participantes do plebiscito devem escolher ainda como a nova Carta Magna deve ser redigida, caso a opção "aprovo" ganhe a votação. A primeira possibilidade é uma convenção mista, composta por 172 membros; 50% formada por parlamentares atuais e 50% por representantes eleitos; a segunda prevê a formação de uma comissão constituinte totalmente nova, com 155 membros eleitos por meio de um novo pleito.

Em entrevista ao Brasil de Fato, o jornalista José Robredo Hormazábal aponta que o clima no país é de esperança, pois o plebiscito é uma vitória popular fruto da gigantesca mobilização popular do último ano.

"Espera-se que seja um processo alegre, tranquilo, as pessoas estão muito entusiasmadas, porque este processo é resultado da mobilização dos cidadãos em 18 de outubro. As pessoas sentem que este plebiscito é algo próprio delas. Houve um processo importante de politização, muito importante. Esperamos que seja um processo tranquilo, em que as pessoas saiam para votar, não caiam na provocação daqueles que não querem mudar a Constituição, não caiam no clima de medo que o governo tenta criar", diz.

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A votação terá duração de 12 horas, com horário estendido devido à crise de covid-19, das 8h às 20h. O período entre 14h e 17h será um horário preferencial para idosos, um dos grupos de risco da doença.

A primeira contagem, segundo o Tribunal Constitucional do país, será iniciada às 21h15 e entre 23h e meia-noite, o resultado oficial será divulgado.

"Espera-se que a noite do domingo e a segunda-feira sejam uma festa enorme, para celebrar o fim do velho Chile e um passo muito grande para o novo Chile, iniciado em 18 de outubro [de 2019]. Passou um ano completo e essa é a primeira bandeira que a mobilização coloca, de um antes e um depois. É um fato histórico porque, no Chile, nunca aconteceu um processo semelhante para a conformação da Constituição ", comemora Robredo.

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Há grande expectativa no país para uma aprovação de um processo constituinte. O jornalista chileno comenta que, nos setores mais otimistas, a aprovação de uma nova Constituição deve ganhar com cerca de 65 a 75% dos votos, enquanto os mais pessimistas acreditam que o “sim” deve ganhar com pouca margem de diferença, com até 60% dos votos.

Com menor ou maior vantagem, vamos ter uma nova Constituição, é o mais importante. A vitória é resultado da concretude popular.

Ainda sobre este domingo, há também a expectativa de alta participação da população, o oposto do que ocorreu nas últimas eleições presidenciais. No pleito realizado em dezembro de 2017, a participação eleitoral foi de 50% no primeiro turno e 45% no segundo.

“Espera-se uma votação acima de 50%, algumas pesquisas falam de 70% ou 75%, algo que seria altíssimo perto do padrão de votação chileno”.

Edição: Camila Maciel