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A quase um mês das eleições no Peru, conheça os principais candidatos à presidência

Pleito de 11 de abril acontecerá em meio à instabilidade política e escândalo de vacinas VIP para membros do governo

Tradução: Luiza Mançano

ARG Medios | Buenos Aires (Argentina) |
O candidato de centro-direita Yonhy Lescano e a candidata de esquerda Verónika Mendoza lideram as pesquisas de intenção de voto no país - Divulgação

Nas eleições gerais de 11 de abril, o Peru elegerá seu próximo presidente ou presidenta e dois vice-presidentes para o mandato de 2021-2026. Para ser eleito, o candidato deve obter mais de 50% dos votos para evitar um segundo turno.

Além disso, serão eleitos os 130 congressistas nacionais e 5 representantes do Parlamento Andino, que é o órgão comunitário de representação cidadã e controle político da Comunidade Andina. Este último é formado por parlamentares da Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru.

Os principais candidatos

Um dos principais candidatos é Yonhy Lescano pelo partido de centro-direita Ação Popular. Lescano tem 62 anos de idade, foi congressista por quatro mandatos entre 2001 e 2019 e é alguém que faz parte da classe política peruana há anos. Ele se apresenta em suas redes sociais como um lutador "contra a corrupção e o abuso" está em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto.

Lescano afirmou em várias ocasiões a necessidade de "desglobalizar" a economia peruana. "Não vamos nacionalizar nenhuma empresa, nem promover economias nesse sentido". O que vamos promover é a economia social de mercado", disse ele em uma entrevista com a mídia internacional.

Em segundo lugar, não muito distante, está Verónika Mendoza, candidata de esquerda pela coalizão Juntos pelo Peru. Mendoza foi congressista entre 2011 e 2016 e esta é a segunda vez que se candidata à presidência. Questionada pelo jornal El Comercio sobre suas motivações, ela afirmou: "para mim era importante que esta decisão fosse coletiva, baseada na articulação de várias organizações sociais, políticas e sindicais".

Mendoza procura se conectar ativamente com os partidos e organizações progressistas do continente. Em fevereiro, a candidata peruana escreveu uma carta ao presidente argentino Alberto Fernández expressando sua preocupação com a situação da saúde no Peru e pedindo seu apoio para "facilitar o acesso do Estado peruano às vacinas covid-19 que a Argentina planeja produzir junto com o México".

Completando o conjunto dos candidatos centrais está George Forsyth Sommer, que liderou as intenções de voto pelo Partido da Vitória Nacional ao longo de 2020, mas acabou descendo nas pesquisas nas últimas semanas. O candidato de 38 anos foi goleiro do clube de futebol mais popular do Peru, o Alianza Lima. Foi prefeito do distrito de La Victoria na província de Lima pelo partido Somos Peru, cargo ao qual renunciou no ano passado para concorrer às eleições presidenciais.

Nas últimas semanas, o Júri Especial Eleitoral (JEE) anulou sua participação na disputa eleitoral por identificar informações falsas em sua declaração de patrimônio. Forsyth rejeitou a resolução e busca reverter a decisão no 1º Júri Especial Eleitoral do Centro de Lima. 

Por último, quem também fará parte desta disputa é Keiko Fujimori, pela Força Popular. Filha do ex-presidente Alberto Fujimori, foi congressista entre 2006 e 2011 pela Aliança pelo Futuro. Esta é sua terceira tentativa de chegar à presidência, a primeira foi em 2011 contra Ollanta Humala e a segunda em 2016 contra Pedro Pablo Kuczynski; nas duas vezes, ela foi derrotada no segundo turno.

Desde 2018, Keiko Fujimori tem sido investigada pelo Ministério Público por causa de contribuições irregulares à sua campanha, no marco da Operação Lava Jato no Peru. Ela foi detida preventivamente nesse ano e liberada depois de ter um habeas corpus concedido pela Corte Constitucional. Atualmente, espera seu julgamento em liberdade desde maio de 2020.

Panorama político

O país está imerso em uma crise política estrutural há anos, do fujimorismo ao caso Odebrecht, passando pelo suicídio de Alan Garcia e a mudança de mandato entre Martin Vizcarra e Francisco Sagasti em outubro do ano passado. Nas últimas semanas, veio à tona o escândalo da vacinação secreta do ex-presidente Vizcarra e sua esposa, assim como de ex-funcionários e empresários peruanos no início deste ano, quando chegaram as primeiras doses do laboratório Sinopharm para profissionais de saúde do país.

A notoriedade do caso levou à renúncia da ministra da Saúde, Pilar Mazzetti, da ministra das Relações Exteriores, Elizabeth Astete, entre outros funcionários e consultores, enquanto uma investigação de corrupção foi iniciada. Das 487 pessoas vacinadas de forma privilegiada, houve aquelas que afirmaram fazer parte dos estudos da vacina Sinopharm na universidade particular Cayetano Heredia, informação que foi negada pela própria universidade.

O cenário é complexo e marcado por uma forte desconfiança em relação à classe política. Os candidatos do governo têm seis semanas de campanha pela frente, com o desafio de conseguir uma ampla participação cidadã e superar a fragmentação partidária.

Edição: ARGMedios