90.570 novos casos

Brasil registra 2.815 mortes nas últimas 24 horas em semana mais letal da pandemia

Esta sexta-feira (19) foi o segundo pior dia da crise sanitária no país; agravamento do cenário tende a piorar

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Em todos os estados do país os sistemas de saúde estão entrando entrando em colapso. Faltam leitos de UTI em pelo menos 26 unidades da federação
Em todos os estados do país os sistemas de saúde estão entrando entrando em colapso. Faltam leitos de UTI em pelo menos 26 unidades da federação - Sesa/Ceará

Fora de controle desde o fim do ano passado, a pandemia de covid-19 no Brasil chegou na semana que se encerra neste sábado (20) em seu momento mais grave, desde o início do surto, em março de 2020.

Nesta sexta-feira (19) foram notificados mais 2.815 mortos em um período de 24 horas. Também foi o segundo dia mais letal da crise sanitária, atrás apenas da quarta-feira (17), quando foram mais de 3 mil vítimas.

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A semana já é a mais letal da covid-19. Morreram 13.223 pessoas desde o último domingo, sendo que o pior período de sete dias registrado até então foi o da semana anterior (12.766 mortos). A curva de contágio e mortes deixa evidente o agravamento veloz do surto no Brasil.

A RBA usa dados do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Eventualmente, os números podem divergir dos informados pelo consórcio da imprensa comercial. Isso em função do horário em que os dados são repassados pelos estados aos veículos. As divergências para mais ou para menos são sempre ajustadas após a atualização dos dados.

Desde terça-feira (16), segundo o órgão, o Brasil registra oficialmente média diária de 2.171 vítimas da covid-19, a mais alta desde o início da pandemia.

O número de novos casos diários segue elevado, o que evidencia o descontrole e indica cenário de agravamento da crise. Ainda segundo o Conass, 90.570 novos casos foram registrados no último período.

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Pior momento

Já são 11.871.390 infectados no país desde março do ano passado. Isso, levando em conta a subnotificação elevada no país, já que o Brasil testa pouco sua população.

Desde o dia 9 de março, o país é o epicentro da covid-19 no mundo. Naquele dia, o número diário de mortes e novos infectados superou o dos Estados Unidos, que, no entanto, ainda ocupam o primeiro lugar em números absolutos do coronavírus.

Colapso

Em todos os estados do país os sistemas de saúde estão entrando entrando em colapso. Faltam leitos de UTI em pelo menos 26 unidades da federação. A exceção é Roraima apenas.

Mesmo as cidades com maior capacidade hospitalar estão em situação de “catástrofe”, como descrito pela Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo. O maior, mais populoso e mais estruturado estado do país encontra-se refém de um colapso sem precedentes na história.

O número de pessoas no estado de São Paulo que aguardam um leito de UTI ultrapassa 2 mil. Na capital, já são cerca de 500 doentes em situação crítica, mas que sequer conseguem atendimento hospitalar.

De acordo com dados do governo de João Doria (PSDB), até a última quinta-feira (18) 90 pessoas morreram à espera de um leito. O cenário se repete de forma semelhante por todo o país.

Vacinas

Enquanto o colapso abate a população brasileira de forma veloz e acelerada dia após dia, o processo de vacinação ainda caminha a passos curtos.

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Com 13 milhões de doses aplicadas, o Brasil tem apenas 1,55% da população imunizada contra a covid. Apenas 4,57% já receberam a primeira das duas doses necessárias das vacinas CoronaVac ou Oxford/AstraZeneca.

Nesta sexta (19), o governo federal anunciou a assinatura de um contrato de compra de 100 milhões de doses do imunizante da Pfizer, que já possui aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e 38 milhões de doses da vacina da Jansen, cuja vantagem é a de ser de dose única. Entretanto, a maior parte das vacinas só deve chegar ao país no segundo semestre.

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Em paralelo, o Consórcio do Nordeste, que reúne governadores da região, anunciou nesta semana a assinatura de um contrato para distribuição de 37 milhões de doses da vacina russa Sputnik V.