Descontrole

Brasil registra mais 3.560 vítimas de covid em 24 horas

“Podemos dizer que ‘chegamos ao pico’ na maioria dos lugares”, afirma pesquisador da Fiocruz

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o maior receio dos especialistas é o surgimento de novas ondas, em platôs de estabilidade elevados - Reprodução

O Brasil registrou, nesta quinta (15), mais 3.560 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas. Desde o início da pandemia, em março de 2020, são 365.444 vítimas.

Os números de hoje não incluem dados do Ceará, por problemas no processamento. Em relação ao número de novos casos, foram reportados 73.147, número ligeiramente acima da média móvel, calculada em sete dias, que está em 66.689.

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Já a média de mortes está em 2.917, em relativa estabilidade desde o dia 30 de março. O pesquisador em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Leonardo Bastos, que trabalha com estatísticas da covid-19, identifica uma tendência de estabilidade. “Podemos dizer que ‘chegamos ao pico’ na maioria dos lugares”, disse.

RBA utiliza informações fornecidas pelas secretarias estaduais, por meio do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).

Eventualmente, elas podem divergir do informado pelo consórcio da imprensa comercial. Isso em função do horário em que os dados são repassados pelos estados aos veículos. As divergências, para mais ou para menos, são sempre ajustadas após a atualização dos dados.

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No dia 9 de março deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o país epicentro da doença no mundo, quando ultrapassou os Estados Unidos em mortes e casos reportados diariamente.

Cenário

A partir de dados da Fiocruz divulgados desta quarta-feirra (14), Bastos avalia o cenário de cada unidade da Federação. “Boa notícia: Hospitalizações e óbitos pararam de crescer. Má notícia: Ainda seguem em patamares muito altos”, revela.

Se o país quiser abreviar o pico, a entidade é clara sobre que medidas são necessárias: isolamento social, realização em massa de testes, aceleração no processo de vacinação e intensificação em medidas preventivas, como uso de máscaras e higiene das mãos.

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A análise das regiões sugere que, no Nordeste, “vemos duas ondas muito bem definidas, com as hospitalizações ainda numerosas, mas em movimento de queda. Ceará e Bahia são exemplos. As exceções ficam para Maranhão e Pernambuco. Este último não teve uma segunda onda bem definida”, explica o cientista.

“O Maranhão segue em situação preocupante, com alta tanto nas hospitalizações quanto nos óbitos. Provavelmente associado com uma nova variante encontrada no estado”, completa.

Ondas

Já no Sudeste, “todos os estados mostram um cenário preocupante, pois apesar de um início de queda, parece haver uma estabilização num patamar muito alto para as hospitalizações”.

O dado reforça o alerta para a continuidade de falta de leitos de UTI na região. Também é alarmante o nível dos estoques de medicamentos para intubação, chegando a faltar em alguns locais, como no Rio de Janeiro.

“Centro Oeste: Distrito Federal e Goiás tem um perfil bem similar com duas ondas e início de queda. Mato Grosso tem uma segunda onda. E Mato Grosso do Sul tem um padrão similar à região Sul com três ondas bem definidas (…) A região Sul passa por um cenário preocupante, apesar de queda na terceira onda, há indícios de estabilização num patamar muito alto, até maior que os picos das duas ondas anteriores, Rio Grande do Sul e Paraná e óbitos em Santa Catarina”, completa o especialista.

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A partir da descrição dos fatos, o maior receio dos especialistas é o surgimento de novas ondas, em platôs de estabilidade elevados. Isso pode resultar em descontrole ainda maior, com surgimento de novas variedades da covid-19.

“Apesar de vários estados estarem em queda de hospitalizações (e até óbitos) o patamar atual ainda é muito alto. Sem uma boa cobertura vacinal, veremos outras ondas. Não tem porque esperar que isso termine no curto e médio prazo, portanto mantenham as medidas de segurança”, completou Bastos.