Cultura

Programa Bem Viver mostra como música é ferramenta de mobilização política

‘Ela provoca sensações e identificações, então é uma arma muito poderosa’, diz jornalista entrevistado na edição de hoje

Ouça o áudio:

O rapper mineiro Djonga, de 26 anos. Música brasileira resiste com língua afiada, crítica social e posicionamento político - Daniel Assis/Divulgação
Canções da ditadura voltaram ao foco por fazerem paralelo com ascensão atual do autoritarismo

Em momentos de retrocesso e de ascensão do autoritarismo, a cultura, em especial a música, desponta como uma ferramenta de mobilização social, com capacidade de compartilhar informações e denunciar violações. É o que defende o jornalista e letrista Rafael Vidigal, entrevistado na edição de hoje (7) do Programa Bem Viver.

“A cultura é um dos principais alvos nos períodos de retrocesso pela capacidade de mobilizar as pessoas. Ela pega as pessoas não só pelo racional, mas provoca sensações e identificações, então realmente é uma arma muito poderosa”, disse o jornalista.

Durante o período da ditadura militar diversas músicas de cunho político foram compostas para denunciar a repressão e a violação de direitos. “Muitas dessas canções voltaram a ser cantadas e escutadas com frequência por fazerem um paralelo com ascensão atual do autoritarismo”, avalia Vidigal.

No entanto, diversas músicas contemporâneas abordam e debatem problemas políticos da atualidade. Algumas delas estão reunidas no post “As 31 melhores canções políticas para o Brasil atual” publicado no blog de Vidigal, chamado Esquina Musical. Entre os títulos escolhidos está “Proibido o Carnaval”, de Daniela Mercury, “O Real Resiste”, de Arnaldo Antunes, “Diário de um Detento”, de Mano Brown e Jocenir Prado e “Boca de Lobo”, de Criolo, Daniel Ganjaman e Nave

CPI da Covid-19

O ministro da Saúde Marcelo Queiroga e os ex-chefes da pasta Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich foram os primeiros convocados a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que conclui hoje a primeira semana com a presença de depoentes.

O depoimento mais aguardado pelos parlamentares, no entanto, não ocorreu: o do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que estava convocado para depor na quarta-feira (5). Um dia antes, Pazuello comunicou à presidência da CPI que não ia participar por que teve contato com pessoas contaminadas com Covid-19.

Nenhum teste foi apresentado para comprovar a informação. O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM) acabou por autorizar o adiamento do depoimento de Pazuello.

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Agrotóxicos

A Justiça do Maranhão aplicou multa de R$ 273 mil a um grupo de fazendeiros do município de Buriti, no extremo leste do estado, pela pulverização aérea de agrotóxicos. Uma criança teve queimaduras pelo corpo devido ao contato com o veneno.

Moradores de diferentes comunidades de Buriti relatam que desde janeiro diversas pessoas vêm registrando casos de alergias e coceiras pelo corpo depois de um avião pulverizar agrotóxicos em lavouras. Segundo relatos, a aeronave teria levantado voo dentro de grandes latifúndios da região.

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O caso se agravou quando uma criança de 7 anos da comunidade de Araçá, que fica em Buriti, sofreu queimaduras por todo corpo depois de uma pulverização aérea. Moradores, então, se mobilizaram e denunciaram a situação para autoridades.

Uma investigação da secretaria de meio ambiente do maranhão descobriu que os fazendeiros responsáveis pela pulverização não possuíam licenciamento ambiental para realizar a atividade na aérea. Mesmo após a aplicação da multa, lideranças comunitárias e movimentos sociais do campo seguem mobilizados para tentar impedir novas ocorrências.

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Edição: Sarah Fernandes