RESISTÊNCIA

Após 11 dias nas ruas, protestos contra Duque continuam na Colômbia

Neste sábado, "marcha do luto" homenageou manifestantes que perderam a vida por conta da violência policial

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Trabalhadores colombianos realizam greve geral contra reforma tributária do presidente Iván Duque - Congreso de los Pueblos

Uma nova jornada de manifestações na Colômbia contra as políticas neoliberais do presidente Iván Duque ocorreram neste sábado (08/05) em várias cidades do país, completando o 11º dia de greve geral.

Vestidos de preto, os manifestantes, em Bogotá, saíram às ruas na "Marcha do luto", convocada desde meio-dia no Parque de los Periodistas em homenagem a todos aqueles que perderam suas vidas nos últimos dias. 

Ainda neste sábado, manifestações foram registradas no norte, no leste, no sul e no centro de Cali, capital do departamento de Valle del Cauca. Nas estradas para o aeroporto Alfonso Bonilla Aragón também teve concentrações de protestos dos colombianos.

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Na cidade, mães e mulheres de jovens que estão na liderança dos protestos estão se mobilizando no país e exigindo que o presidente Duque pare com o massacre contra o povo colombiano.

Durante manifestação nesta sexta-feira (07/05), cidadãos denunciaram que a polícia colombiana disparou contra pessoas que se manifestavam em Cali, deixando pessoas feridas, entre os quais dois jovens que morreram.

No total, desde 28 de abril, dia do início da greve geral na Colômbia, houve 548 denúncias de supostos desaparecidos, dos quais 189 já foram localizados e 359 ainda estão em investigação.

O número de mortos relatados pela Defensoria do Povo continua sendo de 27 colombianos, dos quais, segundo a Promotoria, 11 estão diretamente relacionados aos protestos, sete são em processo de verificação e nove não estão relacionados às manifestações. 

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De acordo com o balanço do número de mortos feito por entidades independentes, são contabilizadas que mais de 37 pessoas teriam morrido em meio aos protestos.

Protestos 

A Colômbia vive protestos diários contra a reforma tributária apresentada pelo presidente de Iván Duque que pretendia aumentar 19% dos impostos sobre serviços públicos, como gás e energia.

Ainda que o presidente tenha solicitado ao Congresso a retirada do projeto da pauta no domingo (02/05), uma conquista da paralisação, os atos continuam pedindo a revogação completa da proposta e não somente a exclusão dos pontos mais polêmicos, conforme alegou que faria o mandatário.

Além de criticar a reforma fiscal, os ativistas protestam contra o chamado “pacotaço”, que também inclui mudanças e reformas nas leis do trabalho, na área da saúde e da previdência social. Outro ponto central da mobilização é a denúncia contra o assassinato de líderes sociais e a recorrente violência estatal contra a população colombiana, a exemplo do que acontece neste momento. 

Em diálogo com representantes políticos do país que ocorreu nesta quinta-feira (06/05), os principais pontos discutidos foram a desmilitarização das cidades, a punição dos responsáveis pela violência institucional e a garantia do direito ao protesto. 

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O presidente da Senado, Arturo Char Chaljub, esteve presente na reunião e disse que os sindicatos, a sociedade civil e o governo devem enfrentar a situação que o país atravessa. 

Relatos de repressão policial, violência sexual, tortura e desaparecimentos estão sendo noticiados na Colômbia desde que os protestos começaram.