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Início Política

Mudança no STF

Entidades temem saída de ministro antes de julgar ação que destrava reforma agrária

Marco Aurélio Mello se aposenta em 60 dias e é relator de pedido que permite retomada da distribuição de terra no país

10.maio.2021 às 11h00
Brasília (DF)
Cristiane Sampaio

Relator da ADPF 769, ministro Marco Aurélio tem nas mãos os rumos da política agrária no país - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A permanente preocupação de movimentos populares com o travamento da reforma agrária no país ganhou um novo ingrediente neste primeiro semestre do ano. Entidades do segmento temem que a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 769, que pede a retomada da política, não seja julgada no Supremo Tribunal Federal (STF) antes da aposentadoria do relator, ministro Marco Aurélio Mello.

Atuando na Corte há mais de 30 anos, o magistrado deve deixar o cargo em menos de 60 dias, pouco antes de completar 75 anos, quando se dá a aposentadoria compulsória. A saída de Marco Aurélio resultará, inevitavelmente, na indicação de um magistrado por parte do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), cujo governo é avesso à política de reforma agrária.

“Com o ministro saindo, a gente não sabe o que vai acontecer. Ao se passar o processo para outro, certamente isso demoraria muito mais tempo ou aconteceria até um arquivamento. Isso nos preocupa, e preocupa todas as nossas comunidades, os agricultores que estão produzindo e os que estão acampados esperando essas terras”, desabafa  Lázaro de Sousa Bento, da Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil (Contraf).

A entidade é uma das signatárias da ADPF, ajuizada no final de 2020, em associação com cinco partidos de oposição – PT, PSB, PSOL, PCdoB e Rede – e ainda com a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag).


Desidratação da política de reforma agrária gera frustração e preocupação no campo, onde grande número de trabalhadores demanda esse tipo de ação estatal / Marcelo Camargo/Agência Brasil

A ação pede que o STF anule e considere inconstitucionais três atos administrativos assinados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em 2019 que obstruem a política agrária, cuja asfixia vem sendo reforçada na gestão Bolsonaro.

Também solicita que o órgão providencie a “imissão na posse” [um tipo de ato judicial] de 187 processos distributivos que dependem apenas disso para que haja a desapropriação do terreno, por já terem tido as despesas pagas.

::Ponto a ponto: conheça o plano de Reforma Agrária Popular defendido pelo MST::

Investimentos

O pleito dos partidos e movimentos demanda ainda a recomposição do orçamento projetado para a política, cujas ações sofreram cortes de mais de 90% entre 2020 e 2021, considerando as previsões do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de cada ano.

A tesoura do governo atingiu também outras ações do Incra que têm conexão com a reforma, como assistência técnica, monitoramento de conflitos agrários, promoção da educação do campo e concessão de créditos para famílias assentadas, estas com reduções de mais de 82% nos investimentos estatais.   

É em meio a esse cenário que os autores da ADPF 769 cobram ainda do órgão federal a elaboração de um plano nacional de reforma agrária, entre outras medidas. O Incra é vinculado ao Ministério da Agricultura (Mapa), hoje comandado pela ruralista Tereza Cristina.

“O Artigo 188 da Constituição estabelece taxativamente que as terras públicas e devolutas deverão ser compatibilizadas com a política agrícola e o plano nacional de reforma agrária. O Incra sequer tem um plano nacional, e também não tem destinado as áreas reconhecidas – inclusive por decisões judiciais ou registros cartoriais – à reforma agrária”, aponta o advogado Diego Vedovatto, um dos representantes da Movimento dos Trabalhadores Rurais em Terra (MST) no processo.


Deputada federal licenciada, Tereza Cristina é nome de peso na Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) e por isso foi escolhida por Bolsonaro para comandar o Mapa / Marcelo Camargo/Agência Brasil

No último dia 29, uma manifestação do procurador-geral da República no âmbito da ação pediu o arquivamento do processo. Augusto Aras alegou problemas formais no documento e disse ainda que “formulação, implementação e gestão” da política de reforma são atribuições exclusivas dos Poderes Executivo e Legislativo, o que afastaria a possibilidade de interferência do Judiciário, inclusive na questão orçamentária.

O argumento é rebatido por Vedovatto, para quem a PGR resumiu os pedidos das entidades e fez uma manifestação “genérica”: “Há apenas um pedido relacionado ao orçamento na ADPF, que é pra que o STF obrigue o Incra a executar todo o recurso disponível para a reforma. É óbvio que uma política pública tão importante como essa não é feita sem verbas. E, como ela é um direito constitucional, não pode o Executivo ou o Congresso simplesmente acabarem com o seu orçamento”.

Vistorias

O abandono da pauta por parte da gestão Bolsonaro está expresso em diferentes medidas administrativas. A principal delas é o Memorando N º 01, de março de 2019, do Incra. Direcionado às superintendências regionais do órgão, o documento determinou a suspensão das vistorias em imóveis rurais relacionadas à reforma agrária.

Segundo expresso no memorando, a alegação para a medida é de “insuficiência de recursos orçamentários”. A ideia seria evitar “expectativa de compromissos que não poderão ser cumpridos”.

A paralisação de vistorias afeta sobremaneira os trâmites da política de reforma agrária. É que a iniciativa é o primeiro passo dos processos de desapropriação, nos quais o estado precisa fiscalizar o cumprimento da função social da terra nas áreas rurais.


Ritmo lento ou interrupção da reforma agrária coloca famílias rurais em situação de maior vulnerabilidade, especialmente em termos de moradia e alimentação / Incra/divulgação

Na ADPF 769, os signatários destacam que a decisão anunciada no Memorando 01/2019 se tornou permanente, acarretando o travamento de 413 processos de desapropriação e aquisição de terra. O dado foi revelado pelo próprio Incra em uma comunicação enviada em outubro ao Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH).

“Por isso também estamos tentando adiantar esse processo o mais rápido possível ou pelo menos marcar uma audiência [com o STF] pra ter uma primeira conversa sobre o tema”, diz Lázaro de Sousa Bento.

Constituição

Um dos assuntos de destaque na Constituinte de 1987/1988, a reforma agrária tem lugar nos artigos 184 a 191 da Carta Magna, que trata da política agrícola e fundiária. A medida se baseia essencialmente em atribuir à União a obrigação de desapropriar imóveis rurais que não cumpram sua função social para que eles sejam repassados a famílias de agricultores cujas atividades atendam a esse fim.

Disso depende a criação dos chamados “assentamentos”, unidades agrícolas instaladas pelo Incra que são entregues a famílias camponesas sem condições financeiras de comprar um imóvel rural. Os lotes não podem ser vendidos, alugados ou emprestados.

Em troca, os agricultores devem explorar a terra para o seu sustento e utilizar mão de obra familiar. O trabalho costuma ser voltado essencialmente à produção de alimentos, considerada fundamental para garantir a segurança alimentar e evitar desabastecimento no país.  

“É uma pauta que está sendo cada dia mais precarizada, e é uma questão prioritária. Como é que você tem alimento pra alimentar uma nação se você não tem terra pra plantá-lo? Tudo começa pela terra”, realça a secretária agrária nacional do PT, Elisângela dos Santos.

A atividade também ataca a concentração fundiária, um problema centenário no Brasil, onde 1% dos imóveis rurais detém mais de 47% das áreas do campo. O dado é do Censo Agropecuário de 2017, coordenado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

 


Com a crise sanitária que se desenrola desde 2020, agricultores familiares pedem incentivos para produzir alimentos / Incra/Divulgação

Cabe ao Estado, nesse contexto, implementar políticas públicas que colaborem com o processo de reforma agrária. É o caso da assistência técnica e das medidas de contratação de crédito rural, entre outros. Essas ações se baseiam na tentativa de efetivação do interesse social relacionado ao tema.  

Na prática, no entanto, a política tem enfrentado historicamente uma série de entraves no âmbito estatal, vivendo ao sabor da cartilha econômica e ideológica dos governos de plantão. Redução de verbas, violência contra lideranças e comunidades, despejos e chacinas estão entre os elementos que fazem parte do cenário do campo brasileiro.  

Desidratação

A dirigente Antonia Ivoneide, conhecida como Neném, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), ressalta que a desidratação da política vem se agravando desde 2015. O resgate remonta a um acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) que suspendeu, naquele ano, a entrada de novos cadastros na fila da reforma agrária.

Como resultado, de lá pra cá, a aliança entre as consequências do acórdão e a agenda adotada nos governos fez o número de famílias assentadas cair de 26,3 mil, em 2015, para 3,8 mil, em 2020. É o que mostra uma nota técnica enviada pelo Incra ao STF em fevereiro deste ano.

No texto, ao citar diferentes valores previstos na LOA e a execução orçamentária de ações na área, o órgão diz que fica “demonstrada” a ausência de paralisação da reforma agrária e pede que os ministros julguem a ADPF 769 como improcedente.


Assistência técnica está entre ações de auxílio a agricultores familiares, cujo trabalho carece de apoio especializado / Tony Winston/Agência Brasília

Considerando todo o período de gestão e olhando para o retrovisor, o governo Bolsonaro (2018-) assentou 9.228 famílias, contra 11.831 do intervalo do governo Temer (2016-2018), além de 133,6 mil no governo Dilma (2011-2016) e mais de 540 mil na gestão Lula (2003-2010).

“Tudo isso a gente percebe que tem a ver com o avanço do agronegócio e, acima de tudo, com a tentativa de barrar qualquer processo de reforma agrária. É tempo também em que aumentam a violência no campo, os processos de despejo, e a Justiça passa a dar, com mais frequência  e sem muita análise, os pedidos de despejo nos assentamentos e acampamentos”, resume Neném.

A regressão nos números de famílias assentadas tem servido de catalisador para uma série de protestos populares que cobram a execução da política à gestão Bolsonaro. “E nós não vamos desistir. A questão agrária sempre viveu um embate muito grande. Tem havido frequentemente uma pauta de retrocessos e lutaremos para que este pedido de agora da ADPF não seja esquecido”, encerra Elisângela dos Santos.

 

 

Editado por: Vinícius Segalla
Tags: desapropriação
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