GUERRA

Palestina registra 48 mortes por bombardeios de Israel na Faixa de Gaza

Exército isralense aumentou violência contra civis durante mês sagrado muçulmano do Ramadã

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
Palestinos tiveram que abandonar seus lares diante dos ataques aéreos de Israel que já vitimaram 48 pessoas - Agência Wafa

Na Palestina já são 48 vítimas mortais e mais de mil feridos pelos ataques do exército de Israel na Faixa de Gaza, segundo o Ministério de Sanidade Pública. Estima-se que cerca de 80 aviões militares israelenses sobrevoaram a região fronteiriça entre os dois países desde a última semana.

Os ataques se intensificaram na sexta-feira (7), quando os palestinos celebraram o Dia de Al-Quds (em português, Jerusalém), uma das datas mais importaantes do mês sagrado para os muçulmanos: Ramadã, que termina nesta quarta-feira (12).

O caso mais emblemático foi a explosão de um edifício de 13 andares com bombas lançadas por aviões F-35 do exército israelense. 

Israel justifica os bombardeios por supostos ataques com pedras e foguetes proferidos por grupos da resistência palestina. Segundo autoridades, cinco israelenses faleceram e 80 foram feridos.

O Hamás confirmou o lançamento de 130 foguetes da Faixa de Gaza para Israel.


O exército de Israel usa 80 aviões de guerra F-35 para lançar bombas no território palestino / Agência Wafa

Nos últimos dias, o premiê israelense Benjamin Netanyahu confirmou que manterá o despejo de 38 famílias palestinas no bairro Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental.

A cidade é reivindicada como a futura capital da Palestina. O governo israelense rejeita a divisão e defende que Jerusalém seja reconhecida como Estado judaico.

Gaza também permanece bloqueada por Israel, que impede o acesso da população a mercadorias, água e medicamentos em geral. Segundo a sessão das Nações Unidas que atende os refugiados palestinos, as reservas de combustível devem esgotar-se no próximo sábado. 

O presidente palestino Mahmoud Abbas entrou em contato com seu homólogo iraquiano, com o representante de Política Exterior da União Europeia, Josep Borrell e com o rei Abdullah da Jordânia pedindo solidariedade. 

A Palestina se preparava para realizar novas eleições gerais no dia 22 de maio. Segundo Abbas, no entanto, o calendário será interrompido até que toda a população tenha condições de acompanhar o processo. 


Entre os 48 palestinos falecidos pelos bombardeios israelenses, estão 13 crianças e três mulheres / Agência Wafa

Violência generalizada 

O confronto na fronteira se expandiu para outras regiões da Palestina e de Israel. O prefeito da cidade de Lod, a cerca de 15km de Tel Aviv, Yair Revivo afirma que teme uma guerra civil. 

"Todo Israel deveria saber que há uma perda total de controle. Pedi ao primeiro ministro que declare estado de emergência, imponha toque de recolher, restaure a tranquilidade em Lod", disse o prefeito, declarando que anos de trabalho pela convivência pacífica entre judeus e árabes na região estão sendo destruídos. 

Netanyahu respondeu enviando mais tropas da Cisjordânia ocupada para a região de Lod. 

Nas redes sociais, crianças e adolescentes palestinos publicam vídeos dos momentos das explosões perto das suas casas. 


Rechaço internacional 

A Organização das Nações Unidas (ONU) e a Liga Árabe condenaram a escalada de violência. "As forças de segurança de Israel devem permitir e garantir o direito dos palestinos à liberdade de expressão, associação e reunião", declarou a Comissão de Direitos Humanos da ONU em comunicado

Nesta quarta-feira (12), o Conselho de Segurança do organismo deve se reunir para debater a situação. 

Para o chefe da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, "a violação de Jerusalém por Israel e a tolerância do governo com os extremistas judeus que são hostis aos palestinos e árabes é o que está inflamando a situação dessa maneira perigosa", afirmou em comunicado na última terça-feira (11).

Da mesma forma, os governos cubano, venezuelano, russo e iraniano repudiaram os ataques promovidos por Tel Aviv através das suas chancelarias.

"Cuba condena energicamente os bombardeios indiscriminados de Israel contra a população palestina em Gaza e denuncia o apoio permanente dos Estados Unidos a esse crimes", publicou o ministro de Relações Exteriores da ilha, Bruno Rodríguez.


Prédio de 13 andares foi completamente destruído depois do bombardeio israelense, deixando ao menos 20 mortos / Agência Wafa

"Venezuela reafirma sua posição histórica de defesa da soberania, independência e autodeterminação do povo palestino. O mundo deve exigir o fim desta nova fase de violência sionista", expressaram em comunicado.

O chanceler iraniano, Mohamad Javad Zarif reiterou o apoio incondicional aos palestinos, afirmando que os ataques marcam o "caráter racista das ações de Israel" e apoiando a convocatória de um referendo popular para determinar a divisão do território em disputa. 

O vice-ministro de Relações Exteriores russo Serguéi Vershinin defendou o fim imediato dos ataques e afirmou que junto à China estão elaborando um parecer para apresentar ao Conselho de Segurança da ONU sobre a resolução do conflito, respeitando o direito internacional. 

Nos Estados Unidos, Holanda, Inglaterra, Kuwait e na África do Sul, milhares de pessoas realizaram protestos exigindo o fim da violência contra a Palestina.


 

Edição: Leandro Melito