CRIME

Deputado publica que ser "homofóbico é uma escolha" e gera revolta em Mato Grosso

Filiado ao PSL, Gilberto Cattani é apoiador de Jair Bolsonaro e ignora que homofobia é crime no país desde 2019

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Gilberto Cattani (PSL-MT) fez publicação em uma rede social com a hashtag “está dito, moçada” - Divulgação/Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

O deputado estadual Gilberto Cattani (PSL-MT) fez uma postagem em suas redes sociais, na última quarta-feira (19), dizendo que "ser homofóbico é uma escolha, ser gay também". Ao lado da frase, ele também postou a hashtag “está dito, moçada”. Desde 2019, após decisão do Supremo Tribunal Federal, STF, homofobia é considerado crime no Brasil.

Após sua publicação na rede social, muitas entidades se manifestaram contra a postura ilgeal do deputado. Em nota, o Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual de Cuiabá, o Grupo Livre-Mente, o Conselho da Juventude, a União da Juventude Socialista, a União Nacional Dos Estudantes, o Coletivo Mães pela Diversidade e Levante Popular da Juventude- MT repudiaram o ocorrido.

“No Brasil, a homofobia é crime, a homossexualidade não é crime e tão pouco doença. Existe todo um esforço coletivo para que possamos construir uma sociedade justa, fraterna e igualitária, atitudes, que pretendem reforçar o preconceito e a violência, devem ser repudiadas”, afirmaram.

::13 de junho de 2019: STF encerra julgamento e decide que homofobia é crime equivalente ao de racismo::

Em seguida, eles solicitaram que o deputado se retrate pela declaração e que uma audiência pública seja feita para que a população LGBTQIA+ possa se manifestar a respeito das violências que sofre em Mato Grosso.


A publicação do deputado bolsonarista em suas redes sociais. Desde 2019, homofobia é crime no Brasil / Reprodução

A Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB-MT), por meio da Comissão de Diversidade Sexual, também divulgou, nesta quinta-feira (20), uma nota de repúdio contra o parlamentar. “A postura adotada pelo deputado em sua manifestação não condiz com um agente do estado eleito democraticamente que tem, pela função que ocupa, redobrada a obrigação de respeitar e defender a Constituição”, diz a publicação.

Os deputados estaduais Janaina Riva (MDB-MT) e Lúdio Cabral (PT-MT) também criticaram a postagem feita pelo colega. Em suas redes sociais, a deputada disse que ser gay não se trata de uma escolha, visto que gays sofrem uma vida de preconceitos e dificuldades no Brasil.

“Não posso concordar que gay escolha ser gay. A vida de uma pessoa LGBTQI+ não é uma vida de facilidades. É uma vida de dificuldade, de aceitação, violência, preconceito, desemprego e de tantos enfrentamentos incompatíveis com uma simples ‘escolha’. A homofobia no Brasil é crime e ser homofóbico, sem dúvida, é uma escolha. É uma escolha que faz mais mal a quem o é, do que a quem ele elege como vítima”, disse Janaina.

Já o deputado petista lembrou, mais uma vez, que a prática da homofobia é crime. "Discriminar as pessoas por causa da sua identidade de gênero e da sua orientação sexual é inaceitável e precisa ser denunciada sempre. A população LGBT é discriminada no trabalho, na educação, na Saúde, é discriminada no convívio social e precisa de proteção”, afirmou.

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Cattani não foi eleito nas eleições de 2018, mas assumiu a vaga na Assembleia Legislativa de Mato Grosso deixada por Silvio Fávero (PSL-MT), que morreu em março deste ano em decorrência da Covid-19. Bolsonarista, o deputado se classifica como “patriota, conservador e cristão”.

A reportagem entrou em contato com o gabinete de Cattani para que ele pudesse se explicar sobre sua ppstagem. Até o momento, não foi dado um retorno aos questionamentos. Caso o deputado se manifeste, sua resposta será incluída nesta página.

Edição: Vinícius Segalla