Desigualdades

Moradores da periferia de Curitiba (PR) têm dificuldades de acesso à vacina da covid

Liderança comunitária relata que muitas pessoas, inclusive, possuem dificuldade para compreender o que são comorbidades

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Falta de acesso à informação e de recursos para deslocamento até o local de vacinação são problemas relatados - Foto: Lia Bianchini

Quando a prefeitura de Curitiba anunciou o início da vacinação para pessoas com comorbidades, estimou-se a existência de 300 mil pessoas. Nesta semana, a Secretaria Municipal de Saúde encerra essa etapa com 70 mil pessoas vacinadas, número bastante inferior ao calculado.

Uma das causas levantadas por lideranças de comunidades de Curitiba e também pela vereadora Carol Dartora (PT), é a falta de acesso à informação sobre datas, procedimentos e locais de vacinação. 

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Grande parte dos moradores de áreas de maior vulnerabilidade social não têm telefone ou internet. Há ainda quem não dispõe de recursos para ir até os locais receber o imunizante, já que a vacinação não está ocorrendo em todos os postos de saúde.

Uma liderança comunitária da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), que não quis ser identificada, relata que as pessoas da sua comunidade não sabiam o que eram comorbidades, algumas não tinham acesso ao aplicativo da prefeitura e muitas sequer compreendiam os procedimentos para entrar na fila.

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“Tive que ir de casa em casa falando, dizendo para irem se vacinar. A maioria não sabia o que era comorbidade, eu tive que explicar. Muitos que tinham as doenças listadas tiveram dificuldades para conseguir uma declaração médica. São muitos os que se encaixam nesse grupo e não conseguiram se vacinar”, relata.

A liderança também informou que nenhum agente da saúde esteve na comunidade para fazer a busca ativa para a vacinação.

Ivan Pinheiro, morador da Ocupação da Ferrovila, no bairro Novo Mundo, e integrante da União de Moradores e Trabalhadores (UMT), informa que em sua região também há dificuldades de acesso à informação e aos locais de vacinação.

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“Foram fechadas unidades de saúde e centralizou em uma só, da Regional Fazendinha. É longe para muitos, acaba tendo aglomeração. Aqui também o pessoal que tem comorbidades achou complicado todo o procedimento. Foram tentar marcar consulta no posto para conseguir a declaração, mas muitos não conseguiram sequer a consulta e não se vacinaram”, conta.

Busca ativa em áreas de vulnerabilidade

Com essa situação, que se repete em outros bairros, a vereadora Carol Dartora (PT) enviou à prefeitura pedido para uma nova diretriz municipal unificada para a divulgação da vacinação de forma regionalizada e também que se realize a busca ativa das pessoas em áreas de vulnerabilidade social. 

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“Apesar da fala da secretária de Saúde sobre a busca ativa, ainda tem sido insuficiente, uma vez que grande parte dessa população não tem telefone nem acesso à internet. Em razão disso, muitos moradores da periferia não se vacinaram , seja pela falta de informação ou pela ausência de recursos para se deslocarem.”

Carol tem realizado visitas às regionais e constatado presencialmente o problema. A vereadora sugeriu à Secretaria de Saúde que a divulgação seja regionalizada, com comunicação massiva, com carros de som, faixas, outdoors.

O que diz a prefeitura

Em nota ao Brasil de Fato Paraná, a Secretaria Municipal de Curitiba afirmou que “as pessoas com comorbidades atendidas pelo SUS estão sendo avisadas pelo APP que elas têm direito à vacina e devem procurar os pontos de vacinação. As unidades de saúde também estão fazendo a busca ativa desses pacientes, ligando para eles. Nos casos extremos, em que não há telefone, profissionais das unidades de saúde podem ir até o endereço dos pacientes.”

Fonte: BdF Paraná

Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini