Operação letal

Com Lázaro morto, polícia quer descobrir se bandido atuava como jagunço de empresário

Polícia de Goiás não conseguiu prender com vida o ex-foragido; fazendeiro é suspeito de ter ajudado durante a fuga

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Cães, helicópteros, drones e mais de 200 policiais se empenharam por 20 dias para capturar Lázaro Barbosa, mas a polícia não conseguiu prendê-lo com vida - Reprodução

Após 20 dias de buscas e cerco a Lázaro Barbosa, uma operação da Polícia Militar de Goiás com centenas de homens não conseguiu prender o foragido com vida - ele teria sido morto após uma troca de tiros com os policiais, em que nenhum agente de segurança saiu ferido. Agora, caberá à Polícia Civil do Estado dar continuidade nas investigações sem que se possa colher o testemunho do ex-suspeito de uma série de assassinatos.

“As investigações não acabam aqui. Ainda temos algumas pessoas para investigar e prender”, disse a jornalistas o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda. Segundo ele, a Polícia Civil já está investigando a suspeita de que Lázaro agia como matador de aluguel e que teria contado com o auxílio de pessoas que não queriam que ele fosse preso.

::Lázaro Barbosa é morto em operação da polícia para prendê-lo; veja vídeo após captura::

O principal alvo da apuração da suposta ligação de Lázaro com matadores é, de acordo com Miranda, o dono de uma chácara onde o fugitivo chegou a se esconder e obter alimentos, Elmi Caetano Evangelista, preso na última quinta-feira (24).

“O empresário [chacareiro] que está preso é um dos líderes da organização”, disse o secretário, afastando a tese de que Lázaro atuava sozinho. “Mais para frente, quando a investigação estiver finalizada, colocaremos [todas as informações] para vocês. Mas já há uma linha de apuração. Uma das coisas [hipóteses] é de que ele [Lázaro] atuava como jagunço ou segurança para algumas pessoas”, afirmou o secretário estadual.

"A operação foi uma catástrofe", diz tenente-coronel da PM-SP

O tenente-coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo Adílson Paes de Souza assim resumiu a operação policial que culminou na morte de Lázaro:

Foi uma catástrofe, para ser o mais educado possível. Um horror e um atestado de que não vivemos em um estado democrático de direito. Um atestado de que a polícia não sabe seu papel em uma sociedade democrático", afirmou, em entrevista ao Brasil de Fato.

"A polícia demora 20 dias para localizar uma pessoa, com mais de 200 policiais em seu encalço e falharam. Não era uma operação policial, era uma caçada. A imprensa alimentou essa caçada e essa tragédia”, explicou.

Artigo | Caso Lázaro: Ritos e fantasias entre “lazarus” e “bolsonarus”

O secretário de Segurança de Goiás disse que Lázaro trocou de roupas várias vezes ao longos dos últimos dias (“Uma prova de que ele tinha uma rede que o acobertava”) e, ao ser morto, estava com cerca de R$ 4,4 mil no bolso. O que, para o secretário, evidencia não só sua intenção de seguir fugindo, mas também que ele contava com o suporte de outras pessoas. 

Lázaro foi surpreendido por policiais - segundo a versão oficial da ocorrência - quando chegava à casa de sua ex-sogra, na zona rural de Águas Lindas (GO), a cerca de 50 quilômetros de Brasília. “Nós já estávamos monitorando, tentamos pegá-lo no momento [em que ele se aproximou], mas ele chegou a ameaçar alguns policiais”, contou Miranda, explicando que, após ser cercado, Lázaro trocou tiros com os policiais, não acertou ninguém, mas foi baleado ínúmeras vezes.

Edição: Vinícius Segalla