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dores da escassez

Artigo | Pedagogia do luto: a responsabilidade como solidariedade

O que a tragédia de tantas vidas perdidas vai nos ensinar? Quais os impactos desse momento para nossa democracia

11.jul.2021 às 13h58
Rondonópolis (MT)
Francisco Otavio Araujo dos Santos e Leidiane Lopes da Silva

300 cruzes foram colocadas em frente à Catedral, no centro de CuritIba, para lembrar das mortes por COVID19 - Giorgia Prates

As últimas semanas foram muito agitadas. No momento em que escrevemos este texto, os ventos gelados estão sussurrando em nossas janelas, e lamentamos o fato de que muitos não podem desfrutar da segurança e do aconchego de um lar, e que outros tantos, embora tenham um teto sobre as cabeças, sofrem de um mal tão dolorido quanto o frio que congela nossos corpos ou até mesmo pior, um mal, nomeado: fome, esse é o nome deste flagelo que assola grandes e pequenos sem distinção.

Crescemos em casas em que a fome sempre foi uma realidade possível. Por inúmeras vezes, a única coisa que tínhamos para forrar a barriga antes de dormir era um punhado de arroz cozido apenas na água e no sal.

Nossas mães e pais trabalhavam todos os dias. Apenas nos domingos e dias santos, os calos que engrossavam aquelas mãos tinham descanso. Quase nunca tinha pão em abundância sobre nossas mesas, assim, nossa infância certamente foi marcada pela escassez.

Além da fome, o luto é outra coisa que sabemos bem o que significa. Nas pequenas cidades da região Sul do estado do Pará, onde passamos a maior parte de nossas vidas, ainda é possível perceber a existência de um certo senso de coletividade. Em muitas comunidades, como o bairro Perpetuo Socorro, onde nossas raízes estão fincadas, partilha-se as dores da escassez e a alegria da fartura e da abundância. Lá, a dor do luto é partilhada e vivida em comunidade, os velórios geralmente acontecem em casa, sendo uma experiência doméstica. Apenas em raríssimas hipóteses a “sentinela” acontece na capela do bairro.

Quando a morte flagela uma família, geralmente os vizinhos tomam conta da casa, isto é, por pelo menos dois dias, os afazeres domésticos são desenvolvidos por pessoas que nem sempre são parentes diretos do falecido. Enlutar-se ou amenizar a dor era uma responsabilidade que quase todos da comunidade assumiam. Algumas pessoas se responsabilizavam por buscar os bancos da igreja, outras tomavam conta da cozinha, enquanto outros tantos não mediam esforços para consolar a família.

Ao que parece, a ação da morte naquela comunidade desencadeava uma atmosfera de sensibilidade e de solidariedade. Quando éramos crianças, era comum que, ao apontar um cortejo fúnebre no horizonte, dirigindo-se ao local de sepultamento, nossos pais nos pediam para que desligássemos os aparelhos de som em respeito ao momento de dor.

Neste momento de crise sanitária, causada pelo avanço da covid-19, em que mais de 500 mil pessoas tiveram suas vidas ceifadas, a educação e os educadores passaram a ser observados de perto por toda sociedade, de modo que muitos setores têm pressionado pelo retorno das atividades presenciais, mesmo com os riscos que isso pode representar.

Ressaltamos que, como têm apontado a CPI da Covid, muitas mortes causadas em decorrência do novo coronavírus poderiam ter sido evitadas, caso tivéssemos alguém no poder executivo que se mostrasse efetivamente comprometido com a preservação da vida dos brasileiros e das brasileiras.

Se toda e qualquer experiência social produz conhecimento, como afirma o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, e, se a educação enquanto acontecimento é resultado das mais variadas experiências, como diz o antropólogo brasileiro Carlos Rodrigues Brandão, certamente podemos pensar na dimensão educativa do luto, ao considerarmos que nesse momento somos acometidos pôr uma tragédia nacional e que o luto perdeu sua dimensão individual, fechada ao círculo familiar, e tornou-se uma experiência coletiva como nenhuma outra na história recente.

Enquanto educadores, nos perguntamos: qual a educação emerge da perda de quem amamos?

O que a tragédia de tantas vidas perdidas vai nos ensinar enquanto sociedade? Quais os impactos desse momento para nossa democracia?

Esperamos que, assim como as pessoas da comunidade Perpetuo Socorro, que dividiam a responsabilidade nos momentos de dor e sofrimento diante do luto, que na próxima vez que nos dirigirmos às urnas, possamos ser solidários com as mais de 500 mil famílias que já não podem achar no abraço, o remédio para a dor da saudade.

Até a próxima esquina.

 

*Francisco Otavio Araujo dos Santos é homem negro, pai, educador e fomentador do quilombo como experiência. Membro do Grupo de Pesquisa Coletivo Negro: grupo de estudos sobre racismo, segregação, encarceramento e genocídio no Brasil

**Leidiane Lopes da Silva, paraense, mulher negra, filha, mãe, esposa, dona de casa, artesã, educadora e mestranda em Educação.

***Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Editado por: Rodrigo Chagas
Tags: bolsonarobrasil
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