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Ex-presidenta golpista pretendia fugir da Bolívia para o Brasil em março, denuncia jornal

Jeanine Áñez teria sido alertada e planejava sair do país antes de prisão preventiva

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |

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Jeanine Áñez teria sido alertada sobre sua prisão preventiva e planejava fugir, mas foi surpreendida pelas autoridades bolivianas - Jorge Bernal / AFP

A ex-presidenta durante o golpe na Bolívia Jeanine Áñez tinha planos para fugir do país rumo ao Brasil em março deste ano. De acordo como a imprensa local, Áñez partiria num jato privado de uma fazenda próxima à capital do estado de Beni, Trinidad, onde residia. No entanto, ela foi surpreendida por autoridades bolivianas ainda no dia 12 de março, o que teria frustrado o esquema de fuga. 

Ainda segundo meios locais, Áñez teria sido alertada pelo procurador do estado de Beni, Marco Cossío, de que seria presa no dia 17 de março, o que fez a polícia adiantar a operação de prisão para evitar a fuga. Cossio renunciou ao cargo no dia 19 de março alegando problemas de saúde.

Áñez não seria a primeira funcionária da gestão interina a fugir da justiça boliviana pelo Brasil. O ex-ministro de Governo, Arturo Murillo, teria passado pelo território brasileiro até chegar aos Estados Unidos, onde foi preso por lavagem de dinheiro. Na mesma viagem também estaria o ex-ministro de Defesa Fernando López, que possivelmente permanece no Brasil. 

Leia mais: Retorno do MAS abre caminho para apuração dos crimes do governo golpista da Bolívia

O Comitê Executivo da Assembleia Permanente de Direitos Humanos (APDH) divulgou um comunicado, na última terça-feira (24), no qual afirma que ainda está em marcha um plano de fuga de Áñez com apoio de embaixadas e do Comitê Cívico de Santa Cruz, organização controlada por opositores, no estado fronteiriço com o Brasil.

De acordo com o documento, Luis Fernando Camacho, atual governador do estado de Santa Cruz, e Carlos Mesa, ex-presidente da Bolívia, seriam outros nomes protagonistas do golpe que estariam apoiando os novos planos de Áñez.

O vice-presidente da APDH, Edgar Salazar, expõe um racha na entidade ao afirmar que a presidenta da APDH, Amparo Carvajal, trabalharia para mobilizar distintos setores por meio de um discurso de direitos humanos para exigir o direito de prisão domiciliar à Áñez questões de saúde. No entanto, isso poderia facilitar um novo plano de fuga da ex-presidenta, que também é acusada de terrorismo, sedição e conspiração.

Salazar afirmou que a APDH deveria representar as vítimas dos massacres de Sacaba e Senkata, mas Carvajal não reconhece esses crimes. Agora, instalou-se um estado de emergência na entidade, o que fará com que presidentes estaduais decidam a respeito da  reestruturação de sua direção nacional.

 

Edição: Arturo Hartmann