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EUA correm risco de ficar sem dinheiro em espécie em outubro, afirma secretária do Tesouro

Janet Yellen pediu ao Congresso que autorize aumento do limite da dívida para cobrir gastos

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |

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A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen afirma que país pode ficar sem dinheiro em espécie até outubro - Saul Loeb / AFP

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen anunciou que o país pode ficar sem reservas de dinheiro em espécie até outubro. Esta seria a primeira vez na história que os EUA esgotam suas reservas financeiras. Para impedir a bancarrota, Yellen solicitou ao Congresso autorizar a emissão de novos títulos da dívida externa do país. 

Em uma carta direcionada, na última quarta-feira (8), às bancadas dos partido Democrata e Republicano na Câmara de Representantes e do Senado, a secretária do Tesouro assegura "uma vez que se esgotem todas as medidas extraordinárias e o dinheiro em espécie disponível, os Estados Unidos não poderão cumprir com suas obrigações pela primeira vez na nossa história". 

Os Estados Unidos enfrentam uma das maiores crises das últimas décadas. Pela primeira vez na história, a sua dívida externa superou o produto interno bruto do país em US$ 3,3 trilhões (que é cerca de R$ 15 trilhões) no final de 2020. A expectativa é que até o final de 2021 a dívida ascenda a US$ 22,4 trilhões (R$ 114 trilhões). Agora o Departamento do Tesouro solicita ao Parlamento poder endividar ainda mais o país a fim de custear o Estado. 

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A secretaria do Tesouro afirma que há um mês já deixaram de pagar as parcelas previdenciárias dos servidores públicos para diminuir os gastos, assim como aumentaram os juros para empréstimos a curto prazo. Agora, o vencimento da data de pagamento de vários impostos no dia 15 de setembro coloca em risco a Reserva Federal, já que haverá pouco dinheiro em circulação.

Em 2019, durante a gestão de Donald Trump, foi aprovado um teto da dívida dos EUA de US$ 22 trilhões (cerca de R$ 114 trilhões) por dois anos. A medida, no entanto foi automaticamente renovada no último 1º de agosto. Yellen  afirma que se o teto da dívida não for revisto poderá gerar "danos irreparáveis" à economia estadunidense e aos mercados financeiros mundiais.

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Até o momento, os líderes da bancada Republicana se negaram a aumentar o limite de endividamento do Estado, enquanto os Democratas planejam vincular o aumento da dívida à aprovação de novos projetos de financiamento. Um impasse no Capitólio poderia gerar um novo fechamento de instituições públicas estadunidenses, como aconteceu em 2019. Durante a presidência de Trump, várias instituições estiveram fechadas por 35 dias, a suspensão mais longa da história, deixando 800 mil trabalhadores sem salários. 

Em 52 anos, o Congresso dos Estados Unidos alterou em 78 ocasiões o limite de endividamento do Estado. Desde 1944, com o Acordo de Bretton-Woods, o mundo adotou o dólar estadunidense como moeda referência para o comércio exterior. 

Edição: Arturo Hartmann