sem alimentação

Em Curitiba, aulas reiniciam com atraso na entrega de lanches e almoço para estudantes

Ristolândia, empresa responsável, já foi acusada de irregularidades no fornecimento de produtos às escolas

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Escolas de período integral foram surpreendidas com atraso na entrega das refeições para o lanche da chegada e almoço - Ascom Prefeitura

Nesta segunda-feira (14), milhares de estudantes voltaram às aulas presenciais na rede municipal de ensino de Curitiba. Uma semana antes, diretores e professores se reuniram na Semana Pedagógica para garantir um retorno seguro.

Porém, várias escolas de período integral foram surpreendidas com o atraso na entrega das refeições para o lanche da chegada (pela manhã) e também para o almoço, o que impactou na impossibilidade de revezar as turmas nos refeitórios, além de atrasar a primeira refeição de muitos alunos que vêm de casa sem se alimentar. A entrega das refeições nas escolas é feita pela empresa Risotolândia Indústria e Comércio de Alimentos Ltda.

As escolas já enfrentam falta de funcionários para garantir o cumprimento dos horários e revezamentos. E o primeiro dia de aulas foi um caos para a grande parte das escolas que atendem em período integral. Diretores das escolas relataram que, além do atraso sem explicações anteriores, as equipes não tiveram tempo de entregar as refeições de forma adequadas para as crianças.

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“Tivemos problemas já com o lanche da manhã, que chegou atrasado. Muitos alunos chegam com o estômago vazio. Além disso, não tivemos tempo de cortar as frutas de modo adequado para, principalmente, as crianças menores”, conta uma diretora, que não quis ser identificada.

“Logo depois, o almoço atrasou também. Aí vira um caos porque, na escola integral, temos horários definidos de entrada e refeição para cada turma. Temos um momento só do regular, depois as que estão no integral, para que possamos fazer revezamento e distanciamento. Temos tudo organizado e quando algo sai do que está previsto, vira um caos. Até porque ainda contamos com a falta de funcionários nas escolas que não foi suprida pela Secretaria Municipal de Educação”, conclui a diretora.

“Eu estava saindo da escola no horário do meio dia e quinze e vi que alunos meus que sempre almoçam às 11h30, ainda estavam sem comer. Fui saber que perto das 13h o almoço foi servido”, relatou uma professora da Escola Municipal Newton Borges dos Reis.

Uma mãe, que também não quis ser identificada, contou que o filho disse que “o lanche atrasou porque o caminhão quebrou.”

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Empresa responsável já foi alvo de investigação

Outros diretores escolares relataram que o almoço só conseguiu ser servido às 13h30, horário que as aulas já deviam estar reiniciando. Segundo eles, a Prefeitura de Curitiba já está ciente desde o ano passado de vários problemas em relação à entrega e qualidade dos alimentos.

O contrato de fornecimento de merenda escolar entre a prefeitura e a Risotolândia Indústria e Comércio de Alimentos Ltda já foi alvo de investigação determinada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), por suspeita de superfaturamento.

Vários problemas em relação à empresa também já foram denunciados pelo Sindicato do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac), questionando a qualidade dos alimentos e também condições precárias das escolas para a realização de refeições.

Entre os principais problemas já denunciados pelo sindicato, estão a falta de nutricionistas para avaliar as refeições fornecidas pela empresa, a inadequação nas notas fiscais de aquisição de gêneros alimentícios e prestação de serviço terceirizado emitidas pelas empresas, nem todas as unidades de educação integral possuem refeitório, entre outros.

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A atual gestão renovou convênio com a empresa para 2022 e repassará o montante de R$ 102.806.738 (cento e dois milhões, oitocentos e seis mil, setecentos e trinta e oito reais).

Entre as incumbências da empresa, estabelecidos em contrato, está o cumprimento de horários e entregas das refeições e suprimentos.

A reportagem do Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação (SME) e com a Empresa Risotolândia. Até o fechamento desta reportagem, não houve resposta. O espaço continua aberto para o posicionamento.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Lia Bianchini