Rio de Janeiro

PAPO NA LAJE

“Lutar por moradia não é crime, é direito”, afirma liderança do Complexo do Alemão (RJ)

Moradores de favelas falam sobre direito à moradia e a demora na entrega de habitações populares do governo estadual

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Keylon da Silva e Camila Aparecida conversam sobre histórico de remoções violentas, despejos e direito à moradia nas favelas - Stefano Figalo/Papo na Laje

O programa Papo na Laje desta quinta-feira (17) debate sobre as diversas dimensões da luta por moradia nas favelas do Rio de Janeiro. Cerca de 6,5 mil famílias recebem aluguel social do governo do estado e o déficit habitacional chega a 500 mil unidades.

Remoções violentas para construção de grandes empreendimentos e o histórico de despejos também foram assunto no episódio.

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Os convidados do programa contam que aguardam suas casas próprias há mais de 10 anos. Keylon da Silva, militante das Brigadas Populares, afirma que na pandemia aumentou a quantidade de pessoas desempregadas que procuram ocupações porque não conseguem pagar aluguel com o benefício no valor de R$ 400. 

“A gente não invade, porque invadir é crime. A gente ocupa um lugar que não tem função social para colocar as famílias. Vamos continuar na luta, porque se depender desse governo, pobre, preto e favelado não tem vez. Lá no Jacaré estão falando que vão remover as famílias da beirada do rio, sendo que tem famílias há 13 anos no aluguel social que não receberam os apartamentos”, disse o coordenador da ocupação Moisés, que abriga 35 famílias no centro do Rio.

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Já Camila Aparecida, liderança comunitária do Complexo do Alemão, também falou sobre a criminalização dos movimentos que lutam por condições dignas de moradia. 

“Lutar não é crime. O termo invasão veio para criminalizar uma luta legítima do povo por um direito reconhecido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e na nossa Constituição. Como quem luta por moradia é chamado de vagabundo? Sou mãe de 3 filhos, trabalho como tantas famílias. No meu caso, fui removida para construção da minha unidade habitacional e recebo o mesmo aluguel social há 10 anos”, enfatiza Camila, que foi removida da Favelinha da Skol, no Alemão.

O programa “Casa da Gente", lançado pelo atual governador Cláudio Castro (PL) no ano passado, promete concluir as obras paradas, além de realizar melhorias em 10 mil moradias em comunidades populares. Na capital, estão previstas 2,8 mil unidades, entre elas no Complexo do Alemão e no Jacarezinho.

Papo na Laje

O episódio desta quinta (17) é uma coprodução com o Instituto Raízes Movimento, que atua desde 2001 no Aleão. Um dos programas é o Centro de Estudos, Pesquisa, Documentação e Memória do Complexo do Alemão (CEPEDOCA), que realiza o mapeamento da história da comunidade e dos moradores.

Papo na Laje é um programa sobre as experiências de protagonismo da juventude das favelas e periferias do Rio de Janeiro. Episódios inéditos vão ao ar toda quinta-feira, às 18h, no YouTube e na TV Comunitária do Rio de Janeiro, com transmissão no canal 6 da NET.

Assista o episódio completo:

 

Edição: Mariana Pitasse