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Mídia ocidental age como supremacista e dissemina preconceito em cobertura da guerra

Jornalistas usam termos racistas e depreciativos durante programas internacionais

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O correspondente Charlie D'Agata, do canal norte-americano CBS News, foi criticado ao dizer que a guerra entre Ucrânia e Rússia não era esperada por "serem europeus" - Reprodução

A guerra entre Rússia e Ucrânia alimenta também um duelo de narrativas e uma guerra paralela da informação. De um lado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propagou a censura das agências Russia Today (RT) e Sputnik. “Para não mais espalharem suas mentiras para justificar a guerra de Putin“, justificou. Desse modo, reservou à mídia ocidental a exclusividade do direito de espalhar versões, nem sempre correspondentes aos fatos.

Nas redes sociais, alguns jornalistas empregam “dois pesos e duas medidas” na cobertura do confronto armado e chegam a usar termos pejorativos aos falar sobre outras guerras no oriente.

Um dos exemplos foi Charlie D’Agata, do canal norte-americano CBS News. Na última sexta-feira (25), o correspondente disse que a guerra entre Ucrânia e Rússia não era esperada por se tratarem de europeus. “Este não é um lugar, com todo o respeito, como o Iraque ou o Afeganistão, que tem visto conflitos violentos há décadas. Esta é uma cidade relativamente civilizada, relativamente europeia, cidade onde você não esperaria isso”, disse ele ao vivo.

Os comentários do jornalista foram criticados nas redes sociais, e internautas apontaram como suas declarações contribuíram para a desumanização de pessoas não-brancas e não-europeias que também sofrem com conflitos armados. Horas depois, Charlie pediu desculpas em suas redes sociais.

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‘Cobertura racista’

A parcialidade da cobertura da imprensa ocidental também rendeu comentários racistas. No último sábado (26), a BBC entrevistou o ex-procurador-geral adjunto da Ucrânia, David Sakvarelidze. Durante o programa, ele se disse comovido por brancos de cabelo loiro serem mortos numa guerra. “É muito emocionante para mim porque vejo europeus com cabelos loiros e olhos azuis sendo mortos todos os dias com mísseis de Putin, seus helicópteros e seus foguetes”, afirmou.

Já no domingo (27), o apresentador inglês da Al Jazeera, Peter Dobbie, descreveu os ucranianos que fogem da guerra como “pessoas prósperas de classe média” que “não são obviamente refugiados tentando fugir de áreas do Oriente Médio que ainda estão em grande estado de guerra; essas não são pessoas tentando fugir de áreas do norte da África, elas se parecem com qualquer família europeia com a qual você moraria ao lado”.

A rede, em seguida, emitiu um pedido de desculpas, dizendo que os comentários “eram inapropriados, insensíveis e irresponsáveis”. “Essa violação desse profissionalismo será tratada por meio de medidas disciplinares”, afirmou o canal em comunicado, publicado nas redes sociais.

O jornalista britânico Daniel Hannan foi criticado on-line por um artigo no The Telegraph, no qual escreveu que a guerra não acontece mais em “populações empobrecidas e remotas”. “Eles parecem tanto com a gente. Isso é o que faz ser tão chocante. A Ucrânia é um país europeu. Sua população assiste Netflix e tem contas no Instagram”, diz Hannan.

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Desinformação

Veículos de imprensa brasileiros também cometem erros na cobertura da guerra entre Ucrânia e Rússia. As emissoras Jovem Pan News e a Record divulgaram imagens de um jogo de videogame chamado “Arma 3”, que simula uma operação militar, como se fossem vídeos dos ataques russos na Ucrânia. Na gravação exibida é possível observar uma rajada de tiros contra um avião, como se fosse um conflito aéreo. 

O Jornal Nacional, da TV Globo, também errou ao exibir vídeo de um tanque atropelando um carro nas ruas de Kiev, informando tratar-se de “um tanque russo passando por cima de um carro de maneira deliberada”. Entretanto, horas depois, se confirmou que o blindado era ucraniano e o caso, tratado como “acidente” no país de origem.