O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) deve ser levado ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados e pode até ser cassado por ter atacado a jornalista Míriam Leitão, do jornal O Globo.
No domingo (3), Leitão compartilhou em seu perfil no Twitter uma coluna que escreveu para o jornal intitulada “Única via possível é a democracia”. Na publicação, ela disse que o erro da 3ª via é tratar Lula e Bolsonaro como iguais.
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O deputado compartilhou a publicação e escreveu: “Ainda com pena da cobra”. Durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985), a jornalista foi presa e torturada. Em um de seus relatos, Míriam, que estava que estava grávida à época, conta que foi colocada em uma sala escura com uma cobra.
Em reação, o PCdoB deve tentar conseguir a punição do filho do presidente nas instâncias internas da Casa. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) anunciou decisão do partido sobre o tema nesta segunda-feira (4).
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"Consultei o PCdoB e faremos representação contra Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara pelo deboche afrontoso e desumano à tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão. Esse canalha sórdido não ficará impune!", escreveu.
🚨 ATENÇÃO! Consultei o @PCdoB_Oficial e faremos representação contra Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara pelo deboche afrontoso e desumano à tortura sofrida pela jornalista @miriamleitao. Esse canalha sórdido não ficará impune!
— Orlando Silva (@orlandosilva) April 4, 2022
Absolvição em 2021
Em abril do ano passado, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara decidiu arquivar um processo movido por Rede, Psol, PT e PCdoB contra Eduardo Bolsonaro. Foram 12 votos pelo arquivamento e cinco pela continuidade.
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O processo, referente às representações 10/19 e 11/19, será arquivado, a menos que haja recurso ao Plenário contra a decisão. Os quatro partidos acusavam o parlamentar de quebra de decoro e de atentado contra a democracia por sugerir, durante uma entrevista, a adoção de um novo AI-5, instrumento que, em 1968, endureceu o regime militar, permitindo o fechamento do Congresso Nacional, entre outras medidas.
Ditadura militar no Brasil passou por endurecimento do regime após o AI-5 / Reprodução / Wikipedia
Pai homenageou Ustra
O presidente Jair Bolsonaro (PL) era um deputado federal do baixo clero em 17 de abril de 2016, quando a Câmara aprovou o início do processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Naquele dia, Bolsonaro se destacou dos colegas por louvar, em plenário, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, declarado torturador pela Justiça.
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Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel do Exército condenado em 2008 pela Justiça brasileira como torturador durante a Ditadura Militar (1964-1985), foi elevado ao posto de marechal. / Comissão Nacional da Verdade/ Agência Brasil
Em novembro daquele ano, o Conselho de Ética da Câmara arquivou, por 9 votos a 1, um processo disciplinar aberto para apurar se Jair Bolsonaro havia quebrado o decoro parlamentar.