Coronavírus

Reforço da Pfizer após CoronaVac aumenta proteção contra ômicron, diz Fiocruz

Proteção contra casos leves saltou de 15% para 56,8%, com a aplicação da vacina

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De acordo com a nota técnica publicada pela pasta, a segunda dose de reforço deve ser aplicada, preferencialmente, com o imunizante da Pfizer-BioNTech - Khalil Mazraavi/AFP

 A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicou estudo nesta terça-feira (5) indicando que uma dose de reforço da vacina da Pfizer após duas doses de CoronaVac aumenta a proteção contra a variante ômicron. Entre os pacientes que tomaram esse esquema heterólogo, com a terceira dose da vacina com tecnologia diferente das aplicações anteriores, a eficácia na prevenção contra infecções sintomáticas foi de  56,8%. Já a prevenção contra casos graves foi 85,5%. Além disso, o grupo também apresentou uma imunidade mais duradoura, por pelo menos três meses.

Os pesquisadores compararam a eficácia dos imunizantes em três grupos distintos. O primeiro tomou apenas duas doses da CoronaVac. O segundo recebeu o chamado esquema homólogo, com a CoronaVac também como dose de reforço. Já o terceiro grupo recebeu a terceira dose da vacina da Pfizer, com a tecnologia de RNA mensageiro.

Entre os vacinados apenas com a série primária de CoronaVac (duas doses), a eficácia contra infecções sintomáticas durante o período de maior circulação da variante ômicron, após seis meses, foi de apenas 8,1%. Nesse sentido, a proteção contra desfechos graves da doença chegou a 57%. Com uma terceira dose da mesma vacina, no mesmo período, a eficácia contra a covid sintomática foi de 15% e, contra casos graves, de 71,3%.

Metodologia 

O trabalho utilizou dados do e-SUS, do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) e do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Os pesquisadores avaliaram um total de 1.339.986 casos positivos, registrados entre 6 de setembro de 2021 e 10 de março de 2022, combinados com o mesmo número de pessoas cujo teste deu negativo, formando o grupo controle.

Então dividiram os dados colhidos em dois períodos. Entre 6 de setembro de 2021 a 14 de dezembro de 2021, quando a variante delta era a dominante no Brasil. E de 25 de dezembro de 2021 a 10 de março de 2022, período de maior circulação da variante ômicron.

Conclusão

“A principal conclusão do estudo é que uma dose de reforço homóloga de CoronaVac fornece proteção adicional limitada, enquanto uma dose de reforço de Pfizer proporciona proteção sustentada contra a forma grave da doença por pelo menos três meses”, diz a nota da Fiocruz. A pesquisa, no entanto, ainda não passou por revisão de outros cientistas.

Ainda assim, os pesquisadores da Fiocruz reforçam a recomendação do Ministério da Saúde para que o Brasil priorizasse a utilização de vacinas de RNA mensageiro (Pfizer) na dose de reforço. A sugestão vale para qualquer combinação utilizada no esquema vacinal primário. Por outro lado, em caso de falta de doses de Pfizer, a pasta recomenda o uso de vacinas de vetor viral (Janssen ou AstraZeneca). A CoronaVac utiliza a tecnologia de vírus inativado.

Balanço da covid no Brasil

O Brasil registrou hoje 216 mortes e 27.331 casos de covid-19, de acordo com o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Assim como ocorreu ontem, o estado da Bahia não divulgou os dados até o fechamento dessa matéria. Por sua vez, a média diária de mortes calculada em sete dias, que está em 184, voltou a cair, após leve alta entre domingo e segunda. Já a média de novos casos ficou em 22.533, em declínio constante há quase um mês. Desde o início da pandemia, em março de 2020, o país soma 660.528 mortes pela covid-19 oficialmente registradas, além de pouco mais de 30 milhões de casos.

Conforme indica o estudo da Fiocruz, a dose de reforço tem papel importante para prevenir casos graves causados pela ômicron. Conforme aponta o consórcio de veículos da imprensa tradicional, menos da metade dos brasileiros (48,79%) tomou a terceira dose até o momento. Além de a imunidade reduzir alguns meses após a segunda dose, a transmissão intensa do novo coronavírus contribui para o aparecimento de novas variantes.