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Juliano Medeiros, presidente do Psol, pode compor chapa de Haddad em São Paulo

Dependendo de como se desenvolvam as conversas entre PT e PSB, Medeiros pode ser indicado para a vaga paulista no Senado

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Boulos, Haddad e Medeiros defendem que o primeiro e mais importante é derrotar Bolsonaro e salvar o país - Wanezza Soares/ Carta Capital

O Psol quer indicar seu presidente, Juliano Medeiros, para compor a chapa do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) para o governo do estado. Como ainda não está definido como será o acordo entre PSB e PT, o partido aguarda que essas legendas definam sua aliança em São Paulo antes de fazer a indicação formalmente. O PT não abre mão de Haddad para disputar o Palácio dos Bandeirantes, enquanto o PSB pretende lançar Márcio França como pré-candidato ao governo do estado. Os partidos ainda conversam sobre a situação. A informação foi dada pela colunista Malu Gaspar, de O Globo.

Dependendo de como o imbróglio se resolva, Medeiros pode ser indicado para a vice de Haddad ou para a vaga paulista ao Senado nas eleições deste ano. Já há pressa por parte dos interlocutores, dado que, em 7 de maio, está agendado o lançamento da pré-campanha de Lula e a intenção é de que a formação do palanque esteja resolvida.

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Na segunda-feira (18), o diretório nacional (DN) do Psol aprovou a federação com a Rede. A decisão selou a posição de executiva nacional da legenda do fim de março. Por sua vez, a Rede havia aprovado a federação por unanimidade no dia 12 de março.

O placar da votação no Psol, porém, mostrou que o partido está dividido, em relação à Rede. A federação foi aprovada pelo partido de Guilherme Boulos – que vai se lançar a deputado federal – por 38 votos a 23. Hoje, no Twitter, o presidente da legenda comemorou o resultado. “Com isso garantimos as prerrogativas negadas à Rede pela cláusula de barreira, fortalecemos a unidade contra Bolsonaro e impulsionamos agenda de combate à crise ambiental no Brasil!”, escreveu.

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Tendências do contra

Algumas tendências não queriam a federação. “A Rede não é um partido que se propõe lutar pelo socialismo, nem agora e nem em mil anos”, diz o manifesto de domingo (17), encabeçado pelo deputado federal Glauber Braga (RJ). Segundo militantes signatários do documento, como da tendência autodenominada Esquerda Marxista, “a Rede é um partido que tem muitas figuras nitidamente de direita e com pautas conservadoras. Como poderemos nos misturar com elas nas eleições?”, questionam os militantes. Glauber Braga almeja ser lançado à Presidência da República pelo partido, embora os principais líderes e parlamentares apoiem Lula.

O “manifesto”, intitulado “Em defesa do Psol – Contra a proposta de Federação com a Rede”, não tem o respaldo de lideranças importantes da legenda, como o próprio Juliano Medeiros, Guilherme Boulos, os deputados federais Ivan Valente e Talíria Petrone (RJ), entre outros. Além de rejeitar a federação com a Rede, setores da “esquerda” do PSOL ainda são contra apoiar Haddad no primeiro turno em São Paulo.

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Já a Rede também tem em seus quadros lideranças que resistem a Lula e, por isso, tiveram dificuldade em negociar com o Psol, que tem importantes líderes defendendo o apoio a Lula no primeiro turno. Heloísa foi expulsa do PT, fundadora do Psol em 2005, mas depois mudou para a Rede, de cuja fundação também participou. O correligionário senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o mais nacional líder da legenda, figura entre os coordenadores da campanha de Lula à presidência.

Também nesta terça, em reunião na Fundação Perseu Abramo, em São Paulo, entre membros do PT e do Psol, as agremiações chegaram a um acordo programático. Entre as propostas do PSOL com as quais o PT concordou estão a revogação da reforma trabalhista, o fim do teto de gastos e a reconstrução da Previdência social. Com isso, o Psol deve formalizar seu apoio à pré-candidatura de Lula.

Voz dissonante

Glauber Braga tem posturas dissonantes não só dentro do Psol. Em agosto do ano passado ele discordou do seu partido e da esquerda e foi um dos sete deputados da Câmara a votar contra a cassação da ex-deputada bolsonarista Flordelis (PSD-RJ). A votação terminou em 437 votos a 7. Junto com Braga, votaram parlamentares do DEM, PP, Republicanos e Avante.