58 DIAS DE CONFLITO

Ucrânia suspende corredores humanitários devido a ataques russos; Europa continua a armar Kiev

Combates se intensificam na região de Mariupol e no Donbas; Putin aceita reunir-se com secretário geral da ONU

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Cerca de 14 mil pessoas foram evacuadas da cidade portuária de Mariupol, sul da Ucrânia, segundo o ministério de Defesa russo - Ed Jones / AFP

A vice-primera ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, anunciou que o país não abrirá corredores humanitários, pelo terceiro dia consecutivo, devido aos bombardeios do exército russo no leste do país. Além disso, Vereshchuk afirmou que não puderam estabelecer um corredor humanitário para evacuar civis de Mariupol a Berdiansk por falta de cooperação de Moscou. 

Na última quinta-feira (21), o ministério de Defesa da Rússia declarou que tomou controle da cidade de Mariupol. Especialistas russos sugerem que o presidente Vladimir Putin busca uma vitória militar regionalizada no sul e no leste da Ucrânia até o dia 9 de maio - feriado nacional russo que celebra a vitória do exército soviético contra as forças nazifascistas durante a 2ª Guerra Mundial. 

:: Conflito Rússia x Ucrânia | Veja cobertura especial :: 

"Desde o início da segunda fase da operação especial, que começou há dois dias, uma das tarefas do exército russo é estabelecer pleno controle sobre Donbas e o sul da Ucrânia", afirmou o comandante do Distrito Militar Central da Rússia, Rustam Minnekéyev.

Europa arma Ucrânia

Enquanto os ataques se intensificam, a Europa continua dotando a Ucrânia com mais equipamentos militares. "O fluxo de armas continua e continuará", afirmou o representante de política exterior do bloco, Josep Borrell.

Até o momento, a União Europeia já enviou cerca de 1,5 bilhão de euros (aproximadamente R$7,5 bilhões) em armamentos a Kiev. Borrell afirma que o objetivo da UE é "evitar que Moscou tome controle do país, ocupe a capital, mude o governo e imponha seu domínio".

Outros países, incluindo Canadá, Reino Unido e Romênia, também prometeram o fornecimento de mais armas para a Ucrânia. Os EUA anunciaram, nesta semana, um pacote de US$ 800 milhões (cerca de R$ 4,4 bilhões) em armas para Kiev, incluindo veículos blindados e helicópteros.

Leia também: Uma guerra com desdobramentos cada dia mais complexos

Grupos antiguerra estadunidenses levantaram sérias preocupações sobre a ênfase no fornecimento de armas à Ucrânia e na imposição de mais sanções à Rússia, ao invés de concentrar seus esforços para resolver o conflito por meio da diplomacia.

O presidente Volodymyr Zelenski pediu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial um repasse mensal de US$ 7 bilhões (cerca de R$ 38,5 bilhões), que seria o necessário para a "subsistência" ucraniana. No início da guerra o presidente ucraniano já havia solicitado ajuda de ao menos US$ 5 bilhões (cerca de R$ 27,5 bilhões) durante três meses.

Já o assessor do ministério do Interior da Ucrânia, Antón Gueráschenko, afirmou a meios locais ucranianos que criaram um serviço secreto de inteligência, que seria similar ao "Mossad israelense". 

"Se alguém morreu repentinamente nos territórios ocupados, este é o trabalho dos nossos serviços especiais, que acabam com os ocupantes e traidores. Nosso Mossad ucraniano já está funcionando", disse.

:: Entenda quais são as origens do separatismo russo na Ucrânia :: 

A guerra, que já dura quase dois meses, parece distante do fim. Apesar de realizar ao menos cinco rodadas de negociação, Moscou e Kiev não chegaram a um acordo de cessar-fogo. 

Atendendo ao pedido do secretário geral da ONU, António Guterres, o Kremlin informou que Putin se reunirá com o chefe das Nações Unidas na próxima terça-feira (26) em Moscou. 

* Com informação de Russia Today, EFE, People's Dispatch

Edição: Arturo Hartmann