Secas e cercas

Colher e guardar a água: Programa Bem Viver repercute cobrança por políticas para o semiárido

A campanha "Tenho Sede" arrecada recursos e cobra a permanência de ações estruturantes para convivência com a região

Ouça o áudio:

Agricultor no semiárido do Piauí; população pode ter dificuldade de acessar "novo Bolsa Família" - Maurício Pokemon
Precisamos manter viva a ideia da Convivência com o Semiárido

A construção sistemática de cisternas de placas para autonomia e democratização do acesso à água no semiárido brasileiro sofreu um breque no financiamento nos últimos anos. A medida faz parte parte de um cenário amplo de cortes de ações e programas sociais desde o golpe de 2016

A partir do conceito de Convivência com o Semiárido, a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) está realizando a Campanha Tenho Sede, como forma de arrecadar recursos para manter as atividades de décadas e cobrar um diálogo pela permanência da ação no contexto eleitoral deste ano. 

"Precisamos manter viva a ideia da Convivência com o Semiárido, e as cisternas [de placas] entram em um conjunto de propostas que diferenciam aquelas propostas de ações emergenciais apenas nos períodos de estiagem", afirmou Rafael Neves, coordenador do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), da ASA, em entrevista ao Bem Viver desta quarta-feira (11).

Leia também: A dinâmica das narrativas: recontar histórias é conquistar direitos populares no semiárido

Na conversa, o entrevistado destacou que as relações do programa com a importância para o desenvolvimento local sustentável, com impactos positivos na saúde da população e baixo custo de manutenção de todas as atividades e materiais.  

Porta giratória?

A edição também explica o sentido do termo "porta giratória", utilizado para referenciar a frequência de funcionários do alto escalão do governo federal que saem do poder público para empresas do mesmo setor em que atuavam na gestão Bolsonaro. 

Leia também: Governo Bolsonaro interferiu na Anatel para autorizar empresa de Elon Musk no Brasil

Além de refletir a falta de foco em alguns ministérios, o troca-troca também acende questionamentos sobre a ética profissional. A Lei nº 12.813, de 2013, que dispõe sobre conflitos de interesse no governo federal, determina que pessoas que ocuparam funções de governo cumpram quarentena de pelo menos seis meses após demissão.

O Bem Viver relembra pelo menos seis caos recentes de porta giratória entre ex-funcionários de alto escalão no governo Bolsonaro.

Comidas de Terreiro

Outro destaque no Bem Viver é a culinária litúrgica dos terreiros de candomblé, com as plantas e os alimentos que têm um caráter espiritual, e não podem ser consumidos por qualquer pessoa.  

Leia também: “Alimentação é ato político, nos define e mantém fidelidade com mundo velho", diz indígena

“O candomblé é vivência. Para você fazer uma comida dentro de um terreiro precisa passar por alguns processos: dormir na roça, tomar um banho, pedir a benção ao santo e pedir autorização para a mãe ou pai de santo ou a pessoa que cuida dessa cozinha. No candomblé a cozinha é o útero do terreiro”, afirma a chef de cozinha Solange Borges, à frente do projeto Culinária de Terreiro.

A edição reforça ainda a importância da luta contra o racismo e a importância do cumprimento do direito à reverência plural de crenças no país. 


Confira como ouvir e acompanhar o Programa Bem Viver / Brasil de Fato

Sintonize

O programa Radinho BdF vai ao ar às quartas-feiras, das 9h às 9h30, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista. A edição também é transmitida na Rádio Brasil de Fato, às 9h, que pode ser ouvida no site do BdF.

Em diferentes dias e horários, o programa também é transmitido na Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), e na Rádio Terra HD 95,3 FM.

Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o Radinho BdF de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para fazer parte da lista de distribuição, entre em contato pelo e-mail: [email protected].

Edição: Daniel Lamir