FUTURO EM JOGO

Colômbia vai às urnas para eleger novo presidente neste domingo (29); acompanhe

Chapa progressista Pacto Histórico, com os candidatos Gustavo Petro e Francia Márquez, lidera as pesquisas

Brasil de Fato | Bogotá (Colômbia) |
Cerca de 39 milhões de colombianos são convocados a eleger novo presidente e vice neste domingo (29) - Raul Arboleda AFP

Neste domingo (29), a Colômbia realiza eleições gerais para escolher um novo presidente e seu vice. Cerca de 39 milhões de colombianos são convocados a participar do processo, que conta com seis candidaturas inscritas. No exterior, 972 mil colombianos estão habilitados a votar em 67 países. Nos consulados e embaixadas, a votação abriu na segunda-feira (23) e encerra neste domingo. 

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Contexto

Foram instaladas 12,5 mil mesas eleitorais, sendo a zona metropolitana da capital, Bogotá, o maior colégio com 5,9 milhões de eleitores habilitados. Ao todo, 27 missões de observação eleitoral estão no país acompanhando os detalhes do processo.

O voto é impresso e facultativo. Caso nenhuma chapa obtenha a maioria simples da votação, o 2º turno será realizado no dia 19 de junho. A legislação colombiana ainda determina que os segundos colocados neste pleito terão uma vaga garantida no Senado e na Câmara de Representantes.

O atual chefe de Estado, Iván Duque (Centro Democrático), deixa o cargo com 67% de reprovação após quatro anos de gestão, marcando a impopularidade do uribismo - corrente política que comanda o país desde 2002, com a gestão de Álvaro Uribe Vélez. A percepção das famílias sobre  a situação econômica dos seus lares também piorou em 2022. Segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística (Dane), para 57,8% dos colombianos, entrevistados em abril deste ano, a economia está pior do que em abril do ano passado e para 11,8%, está muito pior.

Em abril de 2021, a Colômbia viveu a maior greve geral da sua história. A mobilização ocorreu em oposição a um pacote de reformas do governo de Duque, que pretendia aumentar os impostos sobre o consumo e a idade para aposentadoria. 

"Vou votar, porque sempre voto, mas nunca foi tão difícil tomar essa decisão", conta Julián Artigas, fotógrafo que agora ganha a vida trabalhando como motorista de aplicativo em Bogotá.

Ameaças e violência

O processo eleitoral é marcado pela violência. De acordo com a Fundação Paz e Reconciliação (Pares), entre 13 de março e 13 de maio, 222 pessoas foram vítimas de violência eleitoral na Colômbia, sendo 29 assassinatos e 193 ameaças. Entre as vítimas de ameaças está a dupla que é favorita para vencer as eleições. 

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"É o dia de eleger nosso presidente. Esperamos que mude muito e que tenhamos um país melhor. Vamos votar para ver se chegamos a ter um acordo de paz, porque na prática isso nunca existiu", comenta a comerciante, Leidy Santana Marin.

Pela primeira vez na história colombiana, a esquerda pode chegar ao poder. A chapa Pacto Histórico, que reuniu os maiores partidos de esquerda e movimentos populares da Colômbia em torno da candidatura de Gustavo Petro e Francia Márquez, lidera todas as pesquisas de opinião, com cerca de 40% das intenções de voto. 

Em segundo lugar está a coalizão Equipe pela Colômbia, de Federico Gutiérrez e Rodrigo Lara, com 27 a 30% da preferência. Seguidos da Liga de Governantes Anticorrupção, com Rodolfo Hernández e Marelen Castillo, que possuem cerca de 20% das intenções de voto.

"Estamos na expectativa. A ideia é apoiar a mudança, para tudo há algo novo. Esperamos que não haja tanta corrupção, que haja mais possibilidades para as pessoas comuns, porque há quem não ganha nem o salário mínimo", diz o paisagista Miguel Hernández

Em março, os colombianos já renovaram o Congresso Nacional, elegendo 172 deputados e 107 senadores. A coalizão Pacto Histórico foi vitoriosa, elegendo 20 senadores e 28 deputados; seguido do Partido Liberal Colombiano, com 14 senadores e 32 deputados; a terceira maior bancada é do Partido Conservador com 15 senadores e 25 deputados. O governante Centro Democrático elegeu 13 senadores e 15 deputados, com a quinta maior bancada no Parlamento. 

As urnas estarão abertas entre 8h e 16h - hora local - e os primeiros resultados preliminares devem ser divulgados ainda na noite de domingo pelo Registro Civil Nacional. A troca de mando presidencial está prevista para 7 de agosto.

Edição: Thales Schmidt