"Cúpula dos EUA"

Bolsonaro encontra presidente dos EUA nesta quinta, sem querer falar de Amazônia e eleições

Bolsonaro teria pedido que não fossem abordados desmatamento e credibilidade da eleição em agenda da Cúpula das Américas

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Bolsonaro na Formatura do Curso Especial de Habilitação para Promoção a Sargento - Alan Santos/PR

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, abriu na quarta-feira (8) a agenda dos chefes de Estado da Cúpula das Américas com um discurso. Ao contrário de outros presidentes da região, Jair Bolsonaro (PL) ainda estava no Brasil e chegou apenas nesta quinta-feira (9) à cidade do evento e terá um encontro com Biden.

Um dos últimos líderes globais a reconhecer a vitória eleitoral de Biden contra seu antigo aliado Donald Trump, Bolsonaro repetidamente questiona a lisura das eleições estadunidenses. A mais recente declaração nesse sentido ocorreu na terça-feira (7), quando o presidente brasileiro disse ter um “pé atrás” com o pleito e destacou que “não quer que aconteça isso no Brasil”.

A embaixada dos Estados Unidos no Brasil reagiu às declarações e afirmou em nota: “As eleições são a expressão mais visível de uma democracia, e os Estados Unidos têm orgulho da longa história de eleições livres, justas e confiáveis”.

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A atual edição da Cúpula das Américas é alvo de críticas da Bolívia e México, que decidiram não enviar seus presidentes para o evento após os Estados Unidos barrarem a participação de Cuba, Nicarágua e Venezuela. Bolsonaro demorou a confirmar sua presença e os EUA despacharam um representante para encontrar o brasileiro e “reforçar nosso apreço de longa data pela parceria profunda e importante que os dois países compartilham”.

A Associated Press indicou que Bolsonaro aceitou participar do evento desde que atendidas algumas condições: ter a garantia de um encontro com Biden e a promessa de que o presidente dos EUA não se pronunciasse sobre o aumento do desmatamento na Amazônia e as tentativas de desacreditar as eleições brasileiras. 

Em seu discurso inaugural, Biden anunciou um plano econômico para aumentar os investimentos dos EUA nas Américas por meio do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Ele não citou a Amazônia, bioma compartilhado por Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa, mas ressaltou a “crise climática” e a importância de uma “economia verde” para um “crescimento sustentável”.

O presidente dos EUA ainda usou a palavra “democracia” oito vezes e a definiu como a “marca de nossa região”. Biden afirmou que seu país, Argentina, Brasil, Canadá, Chile e México trabalham em uma cooperação para “aumentar a produção de alimentos para exportação”.

No mesmo dia em que Biden discursava e era acompanhado por diversos presidentes das Américas, Bolsonaro participou de uma cerimônia de formatura de promoção para terceiros-sargentos. No evento no Rio de Janeiro, o presidente afirmou que o Brasil é "respeitado no mundo todo" e que o país está no “rumo certo”. “Nós todos somos escravos das nossas decisões”, disse Bolsonaro aos militares.

Edição: Arturo Hartmann